segunda-feira, 18 de julho de 2011

Vergonha Histórica

 

Ontem foi um dia para se esquecer na história da seleção brasileira. Não pela eliminação em si, porque o Paraguai é uma boa seleção, mas pela forma com que ela aconteceu.

Esqueçamos por breves momentos da disputa de pênaltis. Vamos olhar para a campanha nos 4 jogos realizados em solo argentino.

Na estréia um melancólico 0x0 contra a Venezuela. Um time que antes era sparring para goleadas agora ostenta um tabu contra nós, com 3 jogos sem perder. E não foi um empate cheio de alternativas, de boas chances paradas pelo goleiro venezuelano. Não. Foi um 0x0 típico mesmo.

No segundo jogo, outro empate. Agora contra o Paraguai. Fizemos 1x0 com Jadson, tomamos uma virada no segundo tempo e empatamos no fim com um gol esquisito de Fred.

O terceiro jogo foi contra o Equador. Um primeiro tempo triste com um gol para cada lado. Pato para o Brasil, Caicedo pelo Equador. Na volta uma luz. 45 minutos de bom futebol e mais 3 gols com Pato de novo e duas vezes Neymar. Caicedo ainda fez mais um selando o 4x2. Brasil em primeiro lugar. Aos trancos e barrancos, mas primeiro.

O jogo de ontem do ponto de vista de volume de jogo nem foi dos piores. O Brasil foi amplamente superior a um Paraguai acuado. Mas o Brasil de Mano não tem uma filosofia de jogo definida. Era um bando de búfalos alucinados contra índios acuados que não tentaram uma flechada sequer. O scout mostra quase 70 desarmes guaranis contra 22 brasileiros. O que dá uma idéia do que foi o jogo.

Mesmo assim alguns aspectos chamam negativamente a atenção como por exemplo no fim do segundo tempo do tempo normal e no fim de cada tempo da prorrogação. Nos três casos o Brasil tocava bola passivamente esperando o tempo passar. Elano, desde sua entrada, parecia ter incorporado o Zinho de 94, a “enceradeira”. Pegava a bola, girava o corpo e tocava atrás. E, convenhamos, com a superioridade tamanha, se permitir ir a prorrogação e depois aceitar a idéia de pênaltis é triste demais.

A eliminação na disputa por pênaltis nada representaria não fosse pela forma como foi. Em 4 quatros cobranças foram 3 para fora, sendo que em duas parecia tiro de meta com Elano e André Santos. Não me lembro em 34 anos de vida ter visto um time chutar 3 de 4 pênaltis fora. Uma eliminação vexatória.

Pior é constatar que era a única competição oficial até 2013, já que não teremos eliminatórias.

Não temos um time titular formado, não podemos reclamar de ter ido com reservas, porque fomos sem Kaká apenas e pelo momento de carreira ele não deveria estar mesmo e sem uma idéia concreta de plano de jogo. Mano faz alterações de seis por meia dúzia. E pareceu perdido na Argentina. O caso Jadson é assustador. Ele foi escalado contra o Paraguai na primeira fase, porque “contra o Paraguai nós precisavamos de um outro homem na armação junto com o Ganso”. Ele entrou, fez um gol, tomou um amarelo e pronto. Não voltou do intervalo, não entrou em mais nenhum jogo. Nem ontem contra o mesmo adversário, que supostamente exigia mais um homem na armação.

No fim ele sacou Ganso para por Lucas, ao invés de sacar um dos volantes que estavam ali de enfeite dado que o adversário não queria nada com o jogo.

Um atuação triste, um time sem padrão, um técnico sem convicções, um Brasil envergonhado.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O Jogo Mais Eletrizante de 2011

 

Ontem foi dia de jogo isolado no Brasileiro 2011.

Corinthians e Internacional jogaram no Pacaembú um jogo antecipado da 11ª rodada. O Corinthians além de jogar em casa era o líder do campeonato. O colorado um desafiante em franca ascensão após um início titubeante sob o comando de Paulo Roberto Falcão.

Sobravam ingredientes para um jogaço. E assim foi. Um jogo de dois times que se doaram por 96 minutos de bola rolando. Rivalidade acirrada, árbitro conivente com jogadas mais ríspidas, dois times jogando verticalmente em busca da vitória.

No primeiro tempo os dois times partiram para o ataque mas com o Corinthians com mais posse de bola e boa movimentação do trio de ataque. O Inter cadenciava mais com os dois meias e a objetividade de Leandro Damião no ataque. Damião, foi o dono da jogada mais perigosa do primeiro tempo ao receber de Oscar, driblar Julio César e cruzar para Zé Roberto marcar, não fosse a intervenção salvadora de Fábio Santos.

De resto muita entrega no meio com atuações soberbas dos volantes. Ralf e Paulinho esbanjavam segurança na meia corinthiana, enquanto Guiñazu fazia o que ele mais sabe: esbanjava raça e dedicação. Os únicos a destoar eram os zagueiros Juan e Bolívar e o argentino D’ Alessandro.

Juan e Bolívar bateram o quanto quiseram com a conivência do árbitro. Bolívar chegou para rachar em Liedson no comecinho do jogo. Juan deu uma cotovelada em Sheik e uma falta desclassificante em Jorge Henrique. D´Alessandro é o tipo de jogador que não deveria jogar em clube nenhum. O argentino adora uma confusão. E não é de hoje. Além de querer apitar sempre o jogo. Um mala!

Em que pese o 0x0 ao intervalo, o jogo tinha sido brigado e com cara de decisão. O segundo tempo prometia mais emoções.

Na volta do intervalo os times decidiram jogar em busca do gol. O Corinthians partia alucinadamente ao ataque com Jorge Henrique e William, mas esbarrava numa atuação pouco inspirada de Liedson. Alex ao 3 quase inaugurou o placar numa falta venenosa que Muriel operou um milagre. O Inter respondeu com duas chances claras: uma de Bolatti e outra com Damião.

Tite tirou Liedson e pôs o ótimo Emerson Sheik em seu lugar. O jogo voltou para a mão do Corinthians mas o gol teimava em não sair. Num erro grosseiro de Nei, Sheik roubou uma bola e arrancou para o ataque ao lado de William pelo meio e Jorge Henrique pela esquerda contra dois marcadores vermelhos. A virada de jogo para Jorge Henrique, que devolveu para Emerson ir no fundo e cruzar rasteiro para o meio da área. William furou.

A partir daí o Pacaembú virou um caldeirão fervente. O Corinthians atrás da vitória e o Inter tentando amainar o ritmo, até que aos 31 veio o gol. Pela esquerda arrancada de Jorge Henrique, ele cruzou para o meio da área. Sheik fez o corta-luz e a bola sobrou para Paulinho, ele abriu para William que pegou de primeira, rasteiro, inapelável para Muriel. 1x0. E o que era bom ficou ainda melhor, quando o Inter teve que se lançar ao ataque desesperadamente.

E nos minutos restantes o que se viu foi um jogo com cara de final de campeonato, até o apito final do árbitro. Um jogaço! Que valeu cada centavo investido pelos 35 mil corinthianos que superlotaram o Pacaembú numa noite de quinta feira.

Com o resultado, o Corinthians abriu 6 pontos do vice-líder Flamengo. Chegou a 8 vitórias em 9 jogos, manteve a invencibilidade e acendeu de vez a esperança da Fiel Torcida no pentacampeonato. Se a fogueira das vaidades não se manifestar no Parque São Jorge, elenco tem de sobra para ser campeão. Basta que Tite consiga domar as feras insatisfeitas.

Ao Inter, o futuro parece radioso. Se a atuação de ontem não for fogo de palha, é candidatíssimo a entrar entre os 4 da Libertadores.

Falcão parece ter arrumado um jeito de jogar e agora é tentar manter o ritmo para subir mais na tabela.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Érika, o Golaço e as Americanas

 

Mais uma vez vamos falar de futebol feminino.

O Brasil passou pela frágil mas disposta seleção de Guiné Equatorial ontem por 3x0. O placar mostra que teria sido fácil, certo? Errado! O Brasil fez uma das suas piores partidas na história e transformou o que poderia ser uma goleada histórica num jogo xoxo e sem brilho. Até os 3 minutos.

Aos 3 do segundo tempo, bola lançada para Cristiane na lateral esquerda, ela arranca, passa pela marcadora e vai no fundo. Um cruzamento fechado no primeiro pau, o corte da zagueira africana e a bola sobrou no peito de Érika. Ela dominou com calma e categoria, na chegada da zagueira aplicou um chapelaço de direita e sem que a bola caísse, emendou um foguete de sem-pulo, de canhota, desenhando uma obra de arte digna dos maiores craques da bola.

Érika é uma das trabalhadoras desse time que faz o “serviço sujo” para que Marta, Rosana e Cristiane possam brilhar. As vezes volante, as vezes zagueira, as vezes meia. Érika se encaixa na definição de coringa que todo grande time precisa.

O golaço de ontem, não só foi lindo como foi o gol que abriu a porteira para os outros dois. E fez do Brasil primeiro colocado do seu grupo com 100% de aproveitamento, 7 gols a favor, nenhum sofrido. Cristiane, Marta e Rosana com dois gols cada dividem a artilharia do time.

Agora chegou a hora da onça beber água. Domingo o jogo é contra as americanas pelas quartas de final do torneio. Mais uma vez contra as americanas. Nos últimos 4 duelos decisivos, 2 vitórias para cada lado. As americanas ganharam a Olímpiada de 2004 e de 2008, ambas pela contagem mínima. As brasileiras levaram o Pan 2007 por 5x0 e nas semis do Mundial da China em 2009 por 4x0 com um show inesquecível de Marta.

Domingo mais um capítulo dessa rivalidade se escreve. Tomara que dê Brasil mais uma vez e finalmente essa conquista que cada dia tá mais madura, venha.

Abaixo o gol de Érika ontem na voz de Roby Porto e o de Marta na China na voz de Luciano do Valle.

 

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Domingo de Marta

 

Diferentemente da grande maioria da população brasileira, eu gosto do futebol feminino. Acho que o jogo é mais aberto sem muitos esquemas táticos e isso dá mais jogo. Mesmo ainda sendo prosaico em certos aspectos do jogo como na falta de boas goleiras, onde só três êm potencial: a americana Hope Solo, a alemã Nadine Angerer e a brasileira Andréia. As demais são de baixo nível técnico e em geral de baixa estatura também.

Desde quando ela era só uma idéia do Luciano do Valle comandada pelo Zé Duarte. Aí veio a era profissional e as conquistas. Renê Simões com a prata em Atenas, Jorge Barcellos comandou o time no ouro do Pan de 2007, na prata olímpica de 2008 e no mundial da China. Agora o time está nas mãos de Kleiton Lima, multi campeão pelas Sereias da Vila e competentíssimo.

A seleção brasileira feminina me encanta, porque joga um futebol rápido, de toque de bola, muita habilidade. Destacam-se as laterais Maurine e Rosana, a meia Érika, a atacante Cristiane. E sobretudo porque tem Marta. Marta é o Pelé do futebol feminino. Sem exageros. Ela sobra na turma.

Conversando com um amigo, acho que ele tem uma definição que é a mais sensata. Disse ele: “Marta joga como um bom jogador do masculino, as outras jogam como mulheres.” Sem machismos, é a verdade.

Marta joga um futebol digno de um bom camisa 10. Tem força na arrancada, drible curto, visão de jogo, boa finalização, velocidade em linha reta e facilidade de mudar de direção. Os gols na vitória por 3x0 sobre a boa seleção da Noruega no Mundial da Alemanha, mostram um pouco disso tudo.

O primeiro numa arrancada de mano contra uma zagueira, duas pedaladas, um corte na segunda zagueira e um chute improvavel no canto que ela estava quando o mais fácil era bater cruzado. No segundo gol brasileiro, uma arrancada deixando 3 marcadoras para trás e a rolada consciente para Rosana aumentar. No terceiro, Cristiane rouba uma bola e bate em cima da goleira, a Rainha pegou a sobra, cortou para a direita e, de novo o improvável,  bateu de esquerda no contra-pé da goleira nórdica.

Um show de Marta! Mais um como tantos outros.

Já que a seleção de Mano tropeça e não encanta, cabe ao time de Kleiton Lima, capitaneado pela Rainha, fazê-lo.

Obrigado Marta!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Agora Quem Dá a Bola é o Santos

 

E finalmente o Santos conseguiu!

O tricampeonato da Libertadores conquistado no Pacaembú em cima do Peñarol faz justiça ao time que mais se preparou para ser campeão de tudo que havia por disputar.

Desde que assumiu o novo presidente, Luis Alvaro Oliveira Ribeiro, o Santos deu uma guinada em sua vida e enterrou de vez a sina de time caseiro pós Pelé.

Logo que assumiu conseguiu repatriar o último grande ídolo formado na Vila: Robinho. Ele chegou de helicóptero ao lado de Pelé e com show de Charlie Brown Jr. As ações de marketing passaram a dar o tom com as campanhas “Eu voltei” na volta do Rei das Pedaladas e o “Show Campeão” após o título paulista.

No time propriamente dito, algumas mudanças significativas puseram o time na rota das conquistas como a demissão do caro e dispendioso Luxemburgo, o afastamento de Fábio Costa, a contratação de um técnico novo com muito potencial como Dorival Júnior, a manutenção dos meninos quando todos diziam que era impossível. O retorno de jogadores identificados com o clube como Léo e Robinho em 2010 e Elano em 2011 foi outro fator preponderante para a mudança de rumo.

Em 2010 foram 2 títulos: Paulista e Copa do Brasil, por consequência vaga na Libertadores 2011. Veio o Brasileiro e o deslumbramento de Neymar quase pôs tudo a perder e culminou com a demissão de Dorival Junior.

A chegada de 2011 trouxe Elano de volta, mais um identificado com o clube, e jogadores bons como Jonathan, deram um bom upgrade a base que já existia. Porém o técnico contratado era Adilson Batista, que como de costume passou sem deixar saudades nenhuma, quase eliminando o Santos da Libertadores.

Foi quando chegou Muricy e com ele uma mudança crucial: o time temido no ataque passou a ser uma rocha na defesa, como habitualmente Muricy faz. Já no seu primeiro jogo uma pedreira: Cerro em Assunção. Derrota ou empate eliminariam o time antes da última rodada, vitória daria boas chances sem confirmar nada ainda. E o Santos fez 2x1 no Paraguai. No último jogo uma vitória previsível contra o fraco Deportivo Táchira da Venezuela no Pacaembú, deu a classificação quase impossível ao time da Vila.

Nesse interim a classificação para as fases eliminatórias do Paulista. E daí para frente foi só subir. No Paulista foi campeão derrubando Ponte Preta na Vila, São Paulo no Morumbi e Corinthians em 2 jogos.

Na Libertadores jogou a segunda fase contra o América do México. Vitória magra na Vila e empate nas mãos de Rafael Cabral em Querétaro. Once Caldas foi o adversário nas quartas. Vitória em Manizales, empate dramático no Pacaembú. Veio as semis e com ela o Cerro Porteño. Vitória por 1x0 em São Paulo e um 3x3 no Paraguai deram a passagem à final. Final da Libertadores sem Pelé, como em 2003. Mas a redenção foi adiada e 2011 deu um novo tiro ao Peixe. Assim como em 2003 quando fez uma revanche de 63 com o Boca, em 2011 a revanche foi de 62 contra o Peñarol.

No primeiro jogo em Montevidéu muito nervosismo de parte a parte e um 0x0 trouxeram a decisão para o Pacaembú.

Em São Paulo, primeiro tempo nervoso como no Uruguai e 0x0. Veio o segundo tempo e logo aos 3’ Neymar depois de uma jogada linda de Arouca e Ganso, abriu o placar com uma ajudinha de Sosa. O caldeirão fervia no Pacaembú e na pressão, Danilo, um dos melhores coadjuvantes desse time, tabelou com Elano, driblou o zagueiro pra dentro e fez um golaço. 2x0. Festa e título próximo. Mas nada pode ser tão simples. Stoyanoff que acabara de entrar centra para a área e Durval, um gigante, ao tentar cortar manda pra dentro do próprio gol ao 34’.

O Peñarol buscava o empate desesperadamente e desordenadamente e dava espaços para o contra-ataque santista que teve duas chances claras de ampliar, ambas com Zé Eduardo. Uma numa cabeçada sem goleiro e a outra após um rebate de um chute de Neymar na trave.

Nada que tirasse o brilho e evitasse a conquista santista. Uma conquista com méritos, a fórceps quase. Merecida para o Santos que renasce de vez. Merecida para Ganso e Neymar, os melhores em atividade no Brasil. Mas, sobretudo, merecida para Muricy. O técnico mais vitorioso dos últimos 6 anos no Brasil e que não tem a mídia que outros têm. Ele que fez o São Paulo tricampeão brasileiro, o Fluminense campeão brasileiro, o Santos campeão paulista e da América em 60 dias. Ele que carregava o estigma de Pé Frio em Libertadores.

Depois que ele saiu do São Paulo, nenhum título no Morumbi mais. O Fluminense que cambaleia esse ano é o mesmo que Muricy fez campeão brasileiro em 2010. O Santos frágil de Adílson que com ele virou uma rocha defensiva tomando pouquíssimos gols sem perder a essência atacante.

Parabéns ao torcedor santista, que lavou a alma. Parabéns ao Santos por ter construído esse caminho glorioso. Parabéns Muricy pela afirmação definitiva de técnico vencedor.

Que venha o Barcelona!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A Maior Farsa de Todos os Tempos

 

Ontem morreu Rosenery Melo. Até aí nada demais para um blog de esportes, certo? Errado.

Rosenery, que passou a ser conhecida como a Fogueteira do Maracanã ao atirar um morteiro no campo de jogo, deflagrou uma das maiores crises do futebol mundial em 3 de setembro de 1989 no Maracanã.

Jogavam Brasil x Chile pelas eliminatórias da Copa da Itália. Os times precisando vencer para garantir vaga no Mundial.

A rivalidade entre as duas seleções era bem grande à época, em virtude do Chile em 1987, ter aplicado à seleção do Brasil uma das suas maiores humilhações na Copa América da Argentina, um sonoro 4x0 com autoridade. Dois gols de Basay e dois de Estay.

As eliminatórias de 90 eram disputadas em um único mês e com 3 times em cada grupo, já que a Argentina por ter sido campeã em 1986 entrou em 1990 direto. No grupo do Brasil, estavam Chile e Venezuela, que era a mais fraca dos três. A vaga ficaria entre Brasil x Chile. E os jogos se tornaram guerras.

Na ida em Santiago, Romário foi expulso logo no começo quando caiu na provocação do chileno Astengo, que mordeu o peito do Baixinho. Daí para frente o Nacional de Santiago virou uma panela de pressão. O 1x1 refletiu o que foi o jogo, em que pese a polêmica do empate chileno ao bater uma falta sem autorização.

O jogo do Maracanã determinaria o classificado para a Copa. E como previsto foi um jogo nervoso do início ao (patético) fim. O Brasil dominava o Chile amplamente mas esbarrava em uma atuação soberba do seu goleiro, Roberto Rojas. O primeiro tempo foi um massacre e Rojas segurou o 0x0. Veio o segundo tempo e mais Brasil em cima. Aos 4 minutos Bebeto lançou, Careca cortou a marcação e bateu rasteiro, Rojas ainda tocou nela e a bola entrou chorada na meta chilena. Brasil 1x0.

Aos 24 minutos veio a cena mais rídicula da história do futebol mundial: Rosenery que estava sentada na arquibancada atrás do gol de Rojas, lançou um sinalizador para o campo. Rojas viu ali a brecha para tentar classificar seu país na base da desonestidade. O goleiro caiu como se tivesse sido atingido pelo morteiro. A equipe técnica do Chile veio ao gramado e o médico deu uma lâmina ao goleiro que se cortou para dar veracidade à palhaçada. Os chilenos saíram de campo e não houve mais jogo.

Após investigações, a Fifa baniu do futebol Rojas, o técnico Orlando Aravena, o médico e um dirigente chileno. O zagueiro Astengo recebeu uma punição de 4 anos assim como o Chile que não só ficou fora de 90 como ainda foi proibido de disputar a eliminatória para 1994 e qualquer competição oficial por 4 anos.

Tudo isso por conta de um sinalizador, daqueles que guiam embarcações. Atirado por Rosenery Melo, a Fogueteira que ficou famosa, posou nua para a Playboy e teve seus 15 minutos de fama. Prestou mais serviço ao futebol do que muito jogador.

Aos 45 anos, Rosenery faleceu em decorrência de um aneurisma cerebral.

Bom descanso, Rosenery.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Acima De Qualquer Suspeita?

 

Depois de ler sobre o incidente com o zagueiro Leandro Castán do Corinthians na sua hora de folga em Jaú, quando ao brincar com uma espingarda de chumbinho perfurou o pulmão de um amigo acidentalmente, fiquei pensando: Por que jogador de futebol se acha acima de qualquer suspeita e que nada é proibido para ele?

O caso de ontem é só mais um na extensa lista de irresponsabilidades cometidas por jogador na hora da sua folga. Para enumerar alguns tem o caso do Adriano amarrando a namorada numa árvore, Vagner Love com traficantes armados em baile funk, acidentes automobilísticos por bebida como Edmundo por exemplo, o caso da recusa dos jogadores do Santos em 2010 em entrar nos Mensageiros da Luz para fazer caridade porque não estavam ganhando, Ronaldo e o travesti no motel, o (suposto) estupro envolvendo jogadores do Grêmio nos anos 80 numa excursão pela Europa e, o mais cruel, o caso Elisa Samúdio. São tantos que fica difícil falar de um por um.

A sensação que me dá é que jogador de time grande, em geral por vir de família paupérrima, não consegue lidar com o sucesso, dinheiro e fama que vêm em consequência dos seus passes, dribles e gols. E isso se dá, basicamente, pelo fato de jogador de futebol ser muito paparicado, seja por empresários, dirigentes e familiares. A vida de muitas mulheres fáceis, baladas mirabolantes, como no fatídico dia da festa que resultou na morte de Elisa Samúdio no sítio de Bruno que testemunhas relataram que tinham até anões no local, falsos amigos, traz uma sensação de liberdade e de poder que ele não experimentou na infância. Isso somado à má formação cultural, não por culpa deles mas pela situação do ensino público no país e dos clubes que não fornecem reposição escolar nas suas categorias de base, resulta numa mistura perigosa, por vezes explosiva.

E isso não é fenômeno recente, vem de décadas. Alguns casos que poderiam servir de exemplo hoje não são usados. Cito dois que são elucidativos: Paulo César Cajú foi craque nos anos 60 e 70, disputou copas do mundo, saiu do Botafogo foi jogar na França e teve o mundo a seus pés. Quando a carreira acabou, PC não soube aproveitar o que a vida tinha lhe dado e continuou a gastar e mergulhou no poço da cocaína. O craque que teve tudo chegou a morar de favor num subúrbio carioca. Hoje, Paulo César se recuperou e leva uma vida normal, mas bem longe da vida que poderia ter se tivesse tido juízo.

Reinaldo, artilheiro do Galo, nos anos 80 também recorreu à cocaína e teve que parar numa clínica de recuperação depois da humilhação de ter sua derrocada exposta em rede nacional. Reinaldo, o Rei como era chamado no Mineirão, era cracaço mas vivia assolado por lesões. Terminou a carreira mais cedo do que poderia e não soube lidar com a pressão. Hoje está limpo e recuperado.

O de ontem parece pouco perto dos dois citados, mas pode resultar em prisão do atleta. Em que pese ter sido brincadeira, ao que parece, ainda assim é irresponsabilidade. E justo no melhor momento da carreira do jogador que com a aposentadoria do capitão William se estabeleceu ao lado de Chicão na zaga do Corinthians.

O caso Castán é só mais um nessa mistura e, certamente, não será o último. Infelizmente!

terça-feira, 31 de maio de 2011

O Clássico Ibérico das Praias

 

Você que nos lê e é da Baixada Santista sabe que não existe só o Santos de time de futebol por aqui. AD Guarujá, São Vicente, Portuguesa e Jabaquara são os outros 4 representantes da região.

E se você tem mais de 30 anos e gosta de futebol, deve saber que Jabaquara e Portuguesa Santista já foram importantes no cenário futebolístico.

E ontem os times disputaram o glamouroso “Clássico das Praias” no Estádio Espanha na Caneleira, sede do Jabaquara

Jabaquara é um clube de Santos oriundo da colônia espanhola da região, nascido em 1914. Até por isso ainda mantém como cores o vermelho e amarelo da bandeira ibérica. Por muitos anos na década de 60, o Leão da Caneleira formou grandes jogadores e times capazes de rivalizar com o Santos de Pelé. Para quem duvida tem um 6x2 histórico na Vila com Pelé em campo e tudo mais, comandado pelo eterno Don Filpo Nuñez. Formou jogadores do quilate de Gilmar dos Santos Neves, goleiro campeão do mundo em 58 e 62 com a seleção brasileira.

Na Portuguesa a história é bem parecida. Nascida através dos imigrantes portugueses em 1917, conserva raízes nas suas cores vermelha e verde como as da bandeira lusitana. Portuguesa que detém um prêmio que poucos têm: A Fita Azul. Prêmio ofertado pela extinta Gazeta Esportiva que premiava o time mais tempo invicto em jogos no exterior. A Briosa, que já foi “Burrinha” um dia, ganhou em 1959 com 15 vitórias em 15 jogos. Revelou grandes jogadores assim como o Jabaquara, como Aílton Lira, meia habilidoso com passagens por Santos e São Paulo, Arouca que foi zagueiro do Palmeiras na época da Academia e Joel Camargo, zagueiro campeão do mundo em 70. Mais recentemente revelou Souza, hoje no Fluminense mas com passagem vitoriosa pelo São Paulo.

Hoje os times disputam a série B1 do futebol paulista, a quarta divisão do estado. Muito por culpa de dirigentes incompetentes com péssimas adminstrações. O que acarretou no afastamento dos clubes das suas origens. São apenas rabiscos do que já foram um dia.

Tivessem um pouquinho mais de organização e profissionalismo e estariam em divisões mais acima, contando com o apoio das suas colônias. Mas Jabaquara e Portuguesa, como 99,9% dos times pequenos, são barrigas de aluguel. Incubadoras de jogadores de empresários que não tem vínculo nenhum com as raízes e histórias dos clubes. E isso reflete esportiva e financeiramente. A Portuguesa tem uma piscina olímpica de 50 metros na sua sede social. Jogada às traças. E o cenário não parece lá muito azul para ambos, afundados em dívidas e a mercê de empresários.

Em tempo, o jogo foi 1x0 para o Jabaquara. Gol de Parazinho, aos 11’ do primeiro tempo.

O Tamanho de Messi

 

Passada a euforia pela vitória histórica do super Barcelona na final da Champions League com uma atuação soberba coletiva e uma inesquecível do argentino Lionel Messi, sobrou a polêmica levantada por ninguém menos que Just Fontaine, o maior artilheiro de uma edição de Copa do Mundo.

Fontaine afirma que por ter visto Pelé e Messi, pode afirmar que Messi é melhor que Pelé. Longe de mim querer entrar na polêmica, até porque Pelé tá em uma outra dimensão.

Na minha opinião, já dá para afirmar que Messi é melhor que Maradona, que foi o segundo de todos os tempos. Os céticos dirão que Maradona ganhou uma Copa sozinho. E é verdade. Mas se considerarmos o todo, incluindo o Barcelona, por onde Maradona passou sem deixar saudade, Messi já fez muito mais no futebol.

A classe de Messi hoje torna ele o maior de todos sem que haja a necessidade do prêmio da Fifa apontar isso no fim do ano. Messi sobra e vai transformando o Barcelona de Guardiola em lenda. Tenho 34 anos e posso afirmar com certeza que jamais vi um time jogar o que esse Barcelona joga. Sempre na casa de 70% da posse de bola, jogo vertical e produtivo. E muito disso é responsabilidade de Messi.

Eu sou fã de Messi desde que ele surgiu embaixo da sombra de Ronaldinho no mesmo Barcelona. A classe, velocidade e rapidez de raciocínio do argentino são espetaculares. Está a anos luz de qualquer outro jogador atual, inclua-se aí Cristiano Ronaldo, Kaká e Rooney.

A Universidade de Navarro na Espanha tem um estudo que rankeia os jogadores com mais espaço na mídia, qualquer que seja ela. Ninguém supera Lionel Messi. E o que mais chama atenção é que você jamais verá notícias dele em Colunas Sociais mostrando o carro, casa, namorada, relógios com preço de apartamento, noitadas e etc. Messi é notícia pelo seu futebol. E nada mais.

Voltando a comparação com Pelé resolvi recorrer a números. Pelé deu 5 Brasileiros, 2 Libertadores e 2 Mundiais ao Santos, só pra citar os títulos importantes. Messi deu 5 Espanhóis, 3 Champions League e vai para o seu segundo mundial. Ambos foram indiscutíveis em suas épocas. Porém Pelé tem 3 copas no curriculum contra nenhuma de Messi. Tem 1289 gols contra 235 de Messi. Pelé parou uma guerra. Pelé quando expulso foi chamado de volta ao campo e expulsaram o árbitro. Aí a diferença se estabelece. Mas aos 24 anos e com mais 10 (pelo menos) de carreira o argentino pode fazer muito mais do que já fez.

Contra Maradona a comparação beira o ridículo. Maradona tem apenas 3 títulos na Europa (2 Italianos e 1 Copa da Uefa). E passagens desastrosas em clubes menores como Sevilla por exemplo. Maradona não é mais páreo.

Ao Barcelona que continue nos encantando e escrevendo a estória. Que Messi continue a desfilar sua classe por muitos anos. O futebol agradece.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O Bem Sempre Vence

 

Como é fácil notar pela descrição da minha bio à esquerda, sou corinthiano. E como tal venho sendo cobrado a escrever sobre o jogo de domingo. Confesso que esperei a decepção passar para poder falar com isenção, em que pese não ser jornalista de fato e o blog não ter uma linha editorial definida, tento não ser ufanista.

Por que escolhi esse título no post? Porque hoje o Santos representa o Bem no futebol brasileiro. É o time da moda, o time que todos querem ver jogar pela geração talentosa que tem e sua vocação ofensiva.

Não sou daqueles que acham que o Santos tem uma categoria de base forte, que produz atletas aos borbotões. Acho sim que o fenômeno se dá mais por sorte do que por trabalho. A geração 2002 não foi lançada no time porque viram ali o maná dos problemas. Veio porque o Santos estava sem dinheiro e era o que tinha. E ali tinham Diego, Robinho e Elano. Pegue os outros e quase nenhum mais vingou em qualquer time.

A classe de 2009, está nessa situação. Tem Neymar, Ganso e André (que foi para Ucrânia no meio de 2010). Mas é um time que soube mesclar experiência de caras como Durval, Edu Dracena, Léo com o talento de Neymar, Ganso, Rafael Cabral e Arouca. Some-se a isso o técnico mais vitorioso no país nos últimos 6 anos e a combinação é explosiva.

O Santos é um time montado e pensado. Desde a passagem de Dorival Júnior em 2010. Muricy pegou uma base sólida e pronta. Foi só imputar seu estilo de jogo, mais reforçado na defesa, laterais que só sobem na boa e deixar com a genialidade dos meninos na frente. O saldo é que além de um título paulista, teve uma classificação inesperada na Libertadores e 1 gol sofrido em 7 jogos. Na final jogou como deve ser: fechadinho no Pacaembu e dominante em casa. Legítimo campeão portanto!

Já pelos lados do Parque São Jorge, o título seria uma mentira a mascarar a bagunça que foi 2011 desde o início. Elenco mal formado (falta um goleiro de verdade, lateral direito, meia de ligação principalmente), técnico contestado, jogadores em fim de carreira e descompromissados (Ronaldo gordo em fim de carreira e Roberto Carlos sem vínculo nenhum com o clube, quando a crise estourou ele fugiu), folha de pagamento super inflacionada e outros. A eliminação para o Tolima não foi o causador de tudo. Foi consequência de tudo. E por tudo isso, o título ir para o Parque São Jorge seria premiar a desorganização.

Tite não é treinador para um time de massa. Ele é teórico e verborrágico demais para um clube onde a paixão pulsa a olhos vistos. Ele seria bom técnico em clubes de torcida com maior poder aquisitivo como Fluminense e São Paulo, por exemplo. Para clubes como Flamengo, Corinthians, Atlético Mineiro é preciso um pouco mais e isso ele não tem. Mesmo nas funções de campo ele não vai bem. No jogo de domingo ele fez 3 alterações, todas elas de peça por peça: atacante por atacante, volante por volante e meia por meia. Ele jamais desistiu de um esquema no meio do caminho. Para fazer alterações de seis por meia dúzia não é necessário que seja ele, poderia ser um técnico mais barato, certo?

O Brasileiro vem aí e tudo pode mudar nos dois lados. Jogadores que chegam, outros que saem, pressão de torcida no Corinthians, o peso da Libertadores para o Santos… São muita possibilidades. Mas hoje sem dúvida o Santos está melhor em tudo.

E, convenhamos, o título ficou melhor nas mãos do Santos e Muricy mesmo.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Os Pavões e as Formigas

 

Ontem foi dia de Copa do Brasil. Dois jogos movimentaram a rodada.

Em Curitiba, o Coxa enfiou 6x0 no Palmeiras. No Engenhão o Ceará, carinhosamente apelidado por sua torcida de “Carroça Desembestada” parou o Bonde do Mengão Sem Freio. 2x1 com autoridade.

E o porque do título do post? Porque há semelhanças entre os resultados, excluindo-se o placar, claro. Os dois perdedores da noite tem técnicos vaidosos ao extremo e badalados. Custam uma fábula aos cofres dos seus empregadores e não geram o resultado exigido em cima da expectativa criada.

Hoje, Wanderlei Luxemburgo e Luiz Felipe Scolari, os Pavões, não compensam o custo benefício. Já não têm mais conquistas que os habilitem à condição de top de linha. Porém ambos têm grife. Fosse Estevam Soares e o 6x0 de ontem traria na bagagem de mão um  homem a menos no vôo de volta. O que se viu ontem no Couto Pereira foi um baile, um nó tático e técnico, um jogo para o torcedor verde esquecer.

Ultimamente Felipão aparece mais pela sua excessiva choradeira fora de campo do que pelos resultados conquistados dentro dele. Me arrisco a dizer que o seu último grande trabalho foi em Portugal onde levou o time ao 4º lugar da copa 2006.

No Engenhão não foi diferente. O Ceará fez um jogo taticamente perfeito. É um time rodado, com jogadores experientes e bons. Fernando Henrique no gol, Vicente pela esquerda, Geraldo no meio e Iarley no ataque formam uma boa espinha dorsal no ‘Vozão’ de Fortaleza. E o 2x1 saiu barato para o Flamengo. Geraldo perdeu um gol sem goleiro a 10 minutos do fim contra um Flamengo no vai da valsa.

Wanderlei Luxemburgo desde 2005 não emplaca um título que não seja estadual. O último foi o Brasileiro de 2004 pelo Santos. De lá pra cá, foram apenas estaduais e participações medianas em outros torneios. Ano passado quase rebaixou o Galo no Brasileiro. E mesmo assim a imprensa o ama. Ontem ele tirou Deivid e colocou Vanderlei no segundo tempo. No primeiro toque de Vanderlei na bola, gol do Flamengo. O locutor Luiz Carlos Junior disse na hora: “Brilha a estrela de Wanderlei!”, no que foi prontamente corrigido por Paulo César Vasconcellos: “Do Vanderlei jogador, Luiz”.

Já as Formigas são Vagner Mancini e Marcelo Oliveiro, técnicos de Ceará e Coritiba respectivamente. Trabalham em silêncio em troca de pouco dinheiro e produzem o mesmo que os Pavões, as vezes até mais.

Mancini já rodou muitos clubes e seus trabalhos costumam aparecer mais em equipes de menor porte, como agora no Ceará e no Paulista de Jundiaí onde ganhou a Copa do Brasil em cima do Fluminense. Depois rodou por Santos, Vasco e outros sem sucesso. Seu Ceará é trabalhador e inteligente. Geraldo e Iarley dão o tom da experiência e tem em Nicácio um bom goleador. A vitória de ontem não deixou margens quanto ao mérito. Atuação segura e convincente.

Marcelo Oliveira herdou um Coxa vencedor de Ney Franco e soube dar continuidade ao trabalho do ótimo antecessor. A sequência de 26 vitórias é coisa que impressiona. Se pairava alguma dúvida pelo nível dos adversários, ela cessou ontem nos assustadores 6x0 no Palmeiras no Alto da Glória. Claro que é cedo, mas hoje o Coxa joga o melhor futebol do Brasil ao lado do Cruzeiro.

Oxalá o futebol perceba que as formiguinhas, como Mancini, Dorival Junior, Ricardo Gomes, Caio Júnior, Renato Gaúcho, Mano Menezes compensam mais. Eles são menos mal humorados, menos vaidosos e entendem seu lugar sem querer aparecer demais.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Noite dos Pesadelos

 

Ontem o futebol brasileiro teve, talvez a noite mais vergonhosa de sua estória na Libertadores da América. Foram 4 eliminações em 4 confrontos. E só não foram 5 porque o anjo Rafael Cabral salvou o Santos em Querétaro no México na terça-feira.

Bem verdade que desses eliminados, um já se previa: o Grêmio. Tão mal que jogou em Porto Alegre contra a Católica, saiu com derrota em casa. O jogo no Chile era (quase) pró-forma.

Agora, os outros três quebraram todos os bolões possíveis.

A maior decepção da noite foi o todo-poderoso Cruzeiro. Time de melhor campanha na primeira fase, dono de um ataque arrasador e de um futebol vistoso, era fava contada na esmagadora opinião da maioria, inclua-se o blogueiro. Mas Cuca parece ter um bloqueio em decisões. Assim foi no Botafogo por 3 anos e ontem mais uma vez, culminando com uma cotovelada ridícula em cima de Rentería.

Não acho Cuca um mau técnico, mas lhe falta tranquilidade. E sempre a culpa recai na arbitragem. Com todo respeito, anularam mal o gol do Gilberto, mas nada justifica tomar 2 gols do mediano Once Caldas e não fazer nenhum. O Cruzeiro do segundo tempo foi um dejavu do Botafogo. E assim, toda uma campanha espetacular foi ralo abaixo. Agora é juntar os cacos e enfrentar o Galo na final do Mineiro em dois jogos.

O Fluminense provou ontem ser mesmo o time do impossível. Depois de um 3x1 no Engenhão e 0x0 no primeiro tempo em Assunção, o Flu conseguiu tomar 3 gols do Libertad, que não é mal time não, e caiu depois de ter conseguido uma classificação heróica na Argentina.

O tricolor pagou o preço de não ter técnico. Em que pese estar apalavrado com Abel Braga para o meio do ano, Enderson Moreira não tinha estofo para segurar o rojão. O jogo contra o Argentinos foi ganho na fibra demonstrada em campo.

Agora é decidir o que fazer até o Brasileiro. Pode vir uma reformulação aí, afinal é um elenco caro e a eliminação precoce mexe nas provisões financeiras do Flu.

Já o Internacional, já sob o comando de Falcão, caiu no Beira-Rio contra o Peñarol do Uruguai.

Eu que gosto de futebol sempre me acostumei com aquela tese de que jogar contra uruguaios era difícil demais. Eles não desistem nunca, batem muito e tem técnica. Jogos contra Peñarol e Nacional sempre foram pedreira nos anos 80 principalmente. Depois o o futebol uruguaio entrou em decadência e eles nunca mais fizeram boas campanhas na Libertadores. Porém a boa Copa do Mundo na África do Sul parece ter despertado o futebol uruguaio.

A atuação do Peñarol ontem foi de encher os olhos. Não pela virtuosidade da bola, mas sim pela entrega. O Inter abriu o placar cedinho no jogo e achou que a parada estava resolvida. Na volta do intervalo, em 5 minutos os uruguaios conseguiram a virada. Dali pra frente foi um Internacional desesperado e desassossegado (a discussão do Sóbis com o D’Alessandro foi sintomática) em busca da virada e um Peñarol trancadinho lá atrás. E assim Falcão amargou a sua primeira derrota no Colorado e não esquecerá dela tão cedo.

Nunca o futebol brasileiro foi tão mal como na noite de ontem. Porém tudo pode ter um lado bom: O Brsaileiro não vai ter times dividindo atenções com outra competição e podemos ter um nível excelente logo no começo do campeonato.

A hora agora é de reconstruir. E rápido.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Fiasco do Engenhão

 

Outro dia conversando com uma amiga que estimo muito e é jornalista formada (eu não sou, diga-se), ela comentou sobre uma coluna que fez para o jornal aonde ela trabalha sobre a Copa 2014. A coluna enfocava os gastos abusivos com verba pública, os prazos, as faltas de licitações, dentre outras coisas.

O que se viu no Engenhão ontem no episódio do apagão pré Fluminense x Libertad pela Libertadores da América é de preocupar qualquer um que tenha o mínimo de vergonha na cara.

O horário do jogo já era absurdo: 21:50. Em um estádio longe de tudo e de todos. A luz se apaga e levou-se uma hora até o ínicio do jogo, já pelas 23 horas. A situação é tão absurda que o primeiro tempo foi dia 28 e o segundo tempo já era dia 29. Isso tudo em um país que pretende sediar o maior evento do futebol mundial em 3 anos e na cidade que será sede olímpica em 5 anos!

Eu tenho a opinião de que, apesar de todos serem farinhas do mesmo saco, o COB tem mais méritos pela escolha da sede de 2016 do que a CBF por 2014. Só somos sedes de 2014 porque fomos candidatos únicos num arranjo político que Fifa (que não é flor que se cheire também) e CBF na figura de seu presidente. Quando o Canadá tentou impetrar uma candidatura de última hora, um outro arranjo calou os saxônicos. Por 2016 derrubamos Tóquio, Madrid, Chicago. Cidades de primeiro mundo mais prontas que o Rio. Mas o esforço de 2007 trouxe a olímpiada para cá e esse mérito o COB tem.

O Engenhão é espólio do Pan 2007. Acho uma obra linda e uma das poucas que teve uso pós evento, diferentemente do Velódromo da Barra, do Parque Aquático Maria Lenk, por exemplo. Portanto é um estádio novo com 4 anos de uso. E o porque falta luz durante uma hora em um local novo? Culpa da Light? Culpa do Botafogo? Culpa de péssimas instalações elétricas? Culpa do COB? Honestamente não sei e, para ser bem franco, tampouco me interessa. Nessa hora o culpado é o que menos importa, a vergonha deveria ser maior. E o torcedor que foi e ficou esperando a luz se estabelecer. Aquele que acordava as 6 da manhã para trabalhar? Saiu do Engenhão a 1 da manhã, somado ao trânsito, chegou que horas em casa? Com eles ninguém se preocupa.

Já temos fiascos demais a resolver esperando os dois eventos: Transporte público decente, hospitais em bom estado, rede hoteleira, apagões aéreos nos principais aeroportos do país e tantos outros. O de ontem foi só mais um. Mas foi gravíssimo. A ponto de hoje isso ser mais notícia do que o jogo em si, bem vencido pelo Fluminense.

E chega de todos cruzarem os braços, esperarem o pior e dizerem amém. A hora é de entender tudo isso e ir adiante. Andar para frente. O blog a partir de hoje terá uma seção as sextas feiras para tratar disso. Copa 2014 e seus desvaneios.

Posso não ter representatividade jornalística em número de acessos no blog, mas vou cumprir o meu dever cívico de fiscalizar o que se faz com o meu, seu dinheiro.

domingo, 24 de abril de 2011

Alma de Campeão

 

Hoje vendo a final da Superliga Masculina entre Sesi x Sada Cruzeiro, naquele Mineirinho abarrotado pela torcida azul, fiquei impressionado como algumas pessoas podem ser tão guerreiras e ressurgirem quando delas nada mais se espera.

Serginho, líbero do Sesi, é daqueles sujeitos que a história dele fala por si só, tantos são os títulos que amealhou ao longo da carreira. 7 vezes campeão da Liga Mundial, 2 títulos mundiais, um ouro e uma prata olímpica, um ouro e um bronze panamericanos, Bicampeão da Copa do Mundo e agora o título que lhe faltava: Campeão da Superliga.

Porém em 2010 a carreira do ‘Escadinha’, apelido com o qual ele chegou na seleção e o tornou famoso do grande público, sofreu com as lesões. Vinha chegando a idade e com ela um sério problema de coluna, que ocasionou a colocação de 4 parafusos nas costas. Lesão que lhe tomou o direito de ser tricampeão do mundo com a seleção, abrindo espaço para Mário Júnior. Em entrevista ao portal Globo.com ele disse que o funcionário do Raio-X perguntou como poderia ser o exame de um atleta em atividade ainda.

Mas Sérgio perseverou. Tentou abrir mão da seleção e Bernardinho não deixou. Encontrou no Sesi comandado por Giovani, ex-parceiro de seleção, um grupo forte com Sidão, Murilo, Wallace, Thiago Alves e com aspirações de título.

O jogo de hoje apenas comprova que Serginho tem alma de campeão. Mesmo limitado pela lesão, foi decisivo na defesa e por vezes no ataque ajudando nos levantamentos. Sérgio foi a alma do Sesi, um time que com uma atuação impecável destroçou o Cruzeiro em pleno Mineirinho. Ao lado de Vini pode ser considerado um dos destaques.

Mas nada é a maior que a lição de vida dada por ele hoje. Profissionalismo que deveria ser seguido por muitos que militam em outros esportes. As lágrimas derramadas na quadra do Mineirinho devem perpetuar sua imagem de guerreiro e vencedor junto da torcida brasileira.

Ave Sérgio!

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Noite da Ressurreição Tricolor

 

Os matemáticos davam em 8% as chances de classificação do Fluminense na Libertadores. Jogo em Buenos Aires, contra o Argentinos Juniors, líder da chave. Nas duas partidas anteriores fora do Rio, haviam sido duas derrotas. Tudo contra. E o Fluminense conseguiu. De novo!

Depois da arrancada contra o Rebaixamento em 2009, o título do Brasileiro de 2011, esse 20 de abril fica marcado na história tricolor como o dia da virada mais heróica da sua história.

O imortal tricolor (desculpem os gremistas mas o Fluminense anda merecendo mais esse título) fez das tripas coração e triunfou. Raça, determinação, bom futebol do meio para frente, Fred comandando o time e no fim até pancadaria. Argentinos e Uruguaios insistem em não saber perder.

O narrador do Sportv Luiz Carlos Junior, tuitou antes do jogo que torcedores que foram diziam que tinham 8% de chances e 100% de esperança. E elas se comprovaram na prática.

Pós jogo Pedro Bial tuitou que a rotina de milagres continua. O narrador João Guilherme pediu a canonização do São Fluminense. Nelson Rodrigues diria que o Sobrenatural de Almeida reinou na noite portenha.

Foi um feito dessa magnitude. Foi épico. Foi brigado (literalmente). Mas,  sobretudo, foi na bola.

O Fluminense saiu na frente, tomou um empate em um pênalti bobo do Gum, fez 2x1, mais uma lambança da zaga, agora de Valencia, e o empate a 20 minutos do fim parecia matar o que restava de esperança, pois o 0x0 em Montevidéu dava a obrigação da vitória por dois gols em Buenos Aires. Rafael Moura fez o terceiro e reacendeu a esperança dos tricolores. O pênalti, discutível, no fim trouxe a classificação pelos pés de Fred.

Agora nas oitavas enfrenta o Libertad do Paraguai. Mas nada disso importa hoje. Hoje vale o regojizo da vitória, a ressaca da felicidade.

Uma noite em grená, verde e branco em Buenos Aires. Uma noite inesquecível para a torcida do time das Laranjeiras.

Vibre muito torcedor tricolor, você merece!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A compaixão contra o dinheiro

 

Sei que o blog se dedica bastante a falar de futebol, mas o tema hoje é vôlei.

Muito triste o ocorrido com a delegação feminina do time de Araçatuba, o Vôlei Futuro.

Um acidente ainda sem explicação, graças a Deus sem vítimas fatais ainda. A única em estado gravíssimo é a libero americana, Stacy que está na UTI lutando pela vida.

O time de Araçatuba no passado era coadjuvante na Superliga mas decidiu investir pesado e montou supertimes tanto masculino quanto no feminino. Ricardinho, Leandro Vissoto no masculino, Paula Pequeno e Fabi no feminino são provas que o time investiu para ganhar. E no seu ano de redenção acontece uma coisa escabrosa dessas.

O acidente em si mostra algumas coisas relevantes. Vamos a elas:

1) Em que pese o brasileiro tenha a pecha de ‘Gérson’, na verdade somos um povo solidário. Só não houve mais feridos graves porque William, levantador da geração de Prata e hoje técnico do Vôlei Futuro, teve o estalo de ligar para Luizomar de Moura, técnico do Osasco. Luizomar acionou as ambulâncias de resgate e tudo foi feito como deveria ser.

2) A compaixão dos dirigentes da Superliga e do Sollys Osasco é emocionante. Osasco poderia ter sido covarde e ser beneficiado com um W.O., mas preferiu  caminho da solidariedade. Lição que fica!

3) Cada dia mais se comprova que a Grande São Paulo precisa urgente de um plano de contenção das enchentes. O volume de água criou poças e, ao que parece, o motorista não viu a mureta da subida de um viaduto. É impossível que tenham passados tantos prefeitos e governadores e ninguém consegue resolver o problema das chuvas.

4) Segundo o blog do Bruno Voloch, a Globo não arreda pé da data da final da Superliga, dia 30 de abril no Mineirinho, o que obrigaria os times voltarem a jogar em 6 dias no máximo. Honestamente, me recuso a crer que o dinheiro fale tão alto assim num momento como esse, juro mesmo. Se for verdade é desumano demais. Que a Globo perceba que é uma situação atípica e que merece cuidados extra contrato. Que a CBV entenda que não está lidando com pinos de madeira e sim seres humanos e não sobrepuje o lado humano em função do dinheiro e faça valer sua condição de mandatária.

Por último fica minha torcida pela líbero americana que está na UTI. Deus queira que ela se recupere e mais do que voltar a jogar, volte a vida normal. Jogar seria um bônus nessa altura dos acontecimentos.

A hora é de rezar por Stacy.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Falcão na casamata colorada

 

E o Internacional (com alguns meses de atraso) finalmente demitiu Celso Roth. Nada contra o treinador, até porque não o conheço, mas Roth é um técnico com prazo de validade. Funciona bem por uns 3 a 4 meses, daí seus trabalhos começam a ruir de uma hora para outra.

A chegada no Beira-Rio em 2010 foi no meio de um turbilhão criado por Jorge Fossati, que durou pouco no cargo. Celso chegou e arrumou a casa tirando figuras do time que jogavam apenas com o nome, como Pato Abbondanzieri. Com isso o elenco ganhou confiança e disparou a jogar bem. Ganhou bem a Libertadores e na primeira parte do Brasileiro, o colorado sobrava.

A medida que o tempo passava, o ritmo foi diminuindo e ele passou a ser contestado. Eis que veio o mundial em Dubai e Celso Roth colecionou seu vexame mais intenso, a eliminação vexatória para o Mazembe do Congo, de Kabangu e Kidiaba, o goleiro que quica. Ali talvez fosse a hora da direção do Internacional ter encerrado o “ciclo Roth” no Beira-Rio. Mas preferiu-se seguir com ele.

Veio 2011 e atuações pouco convincentes, em que pese estar ganhando alguns jogos. A derrota para o último colocado do Campeonato Mexicano, decretou o fim da linha para Celso Roth. A casamata (banco de reservas em ‘gauchês’) no Beira-Rio não é mais seu habitat.

Agora o colorado tenta reerguer. E acertou em um ponto básico: saiu da mesmice. Não contratou nenhum dos técnicos que sempre estão na ciranda.

Recorreu a um ídolo, talvez o maior da sua história. Paulo Roberto Falcão.

Falcão é desses caras acima de qualquer suspeita. Craque no campo, um meia com estilo, jogava de cabeça em pé. Inteligente fora dele, foi por muito tempo comentarista da Globo e sempre muito conciso na sua visão de campo.

Sua chegada ao Beira-Rio é uma tentativa do novo, do pouco usual. Isso traz benefícios imediatos para o clube e principalmente para a diretoria. A torcida tem mais paciência quando um dos seus está na casamata vermelha. Comparece em maior número também. Claro que o sentimento não é de ferro e se as vitórias forem escassas, Falcão também vai sofrer. Aliás, ele é o único que tem algo a perder nessa história. Correr o risco de ser vaiado pela torcida que mais o ama não é fácil.

O Internacional já tentou isso com o mesmo Falcão em 93 e não deu lá muito certo não. Me lembro de ter 16 anos e ir com meu pai no Pacaembú ver o Corinthians ganhar do Inter por 2x0, gols de Tupãzinho e Leto. Mas a aposta é boa, agora é esperar pra ver o que vai dar.

Seria bom pro futebol ver triunfar um ex-jogador fora da ciranda dos técnicos midiáticos, assim como foi prazeroso, ver Andrade campeão brasileiro pelo Flamengo em 2009.

Boa sorte, Falcão. Você merece.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Espanhóis por cima

 

Nadal no Tênis, Alonso na F-1, Seleção masculina de basquete, Seleção de Futebol campeã do mundo e tantos outros exemplos, nos provam que cada dia mais a Espanha se consolida no meio esportivo como potência.

A rodada de meio de semana da Uefa Champions League seguiu essa tendência. Os times espanhóis sobraram nos seus jogos e têm tudo para fazer uma semifinal eletrizante em dois jogos.

O Real passeou contra um bom e guerreiro Tottenham. Fez 4x0 com autoridade, jogando fácil.

O Real Madrid de Mourinho tem o que os outros anteriores não tinham: Coração. Esse elenco merengue entende que é necessário se doar em campo para chegar em algum lugar. A meia cancha com Ozil, Kedhira, Di Maria é um espetáculo de se ver jogar.

O Barcelona só comprova a cada dia que parece não ter adversários à altura no mundo. Passa por cima de todos com soberania.

Guardiola conseguiu montar uma máquina de jogar futebol e que preenche espaços quando não tem a bola, quase um retrato do Guardiola jogador.

Mas o espanhol da rodada não foi um time e sim um atleta: Raúl.

Raúl é cria da base do Real Madrid. Por muitos anos foi um símbolo do clube dentro e fora de campo. Nas fases boas e ruins. Sempre foi considerado um jogador desagregador. Muitos estrangeiros que passaram pelo Bernabéu sempre o acusaram de ser ‘paneleiro’. E no meio de 2010, Raúl decidiu se desvencilhar do Real e foi para a Alemanha jogar no Schalke 04. Time de muita torcida, que tem um estádio lindo, mas um time de médio para grande. Sem tradição européia, por exemplo.

E Raúl parece que conseguiu levar sua experiência para Gelsenkirchen. A goleada de 5x2 em cima da Internazionale, dentro do Giuseppe Meazza, não é obra do acaso. É fruto de um time bem montado que contratou um diferente. Um jogador de bagagem, craque e com história em torneios europeus. E um time que sabe que é infinitamente inferior aos italianos, mas que soube levar com maestria o duelo na Lombardia.

Claro que a classificação ainda não veio, falta a volta na Alemanha. Mas os Azuis Reais têm a vantagem de poder perder por até 3x0 em casa e mesmo assim se classificam. Mas o Schalke mostra que é possível fazer um time de respeito sem gastar horrores, contrariando todas as ‘verdades’ do futebol moderno. Times de mais cacife como Milan, Arsenal, Liverpool, Roma, Lyon, Bayern estão fora da disputa e os alemães sobrevivem.

Com méritos totais.

‘Ele devia saber a regra’

 

A frase acima foi dita pelo interino Marcelo Martelotte, sobre Neymar na coletiva pós jogo contra o Colo-Colo, pela expulsão infantil ao comemorar com uma máscara o golaço que no fim definiu a vitória santista sobre os chilenos.

Meio desnecessária a constatação até porque Neymar, em que pese ter 18 anos, não é mais um menino correndo atrás de uma bola na Copa Tribuna de Futsal Escolar, onde aliás ele apareceu para o Santos e para a Baixada Santista. Neymar é titular de um dos times que mais glórias tem no futebol e titular de seleção brasileira.

Ter sido em um jogo de Libertadores agrava o fato. Mas ele teria que ser repreendido pelo ato mesmo que fosse contra o Oeste de Itápolis pelo Paulista. Ter sido contra o Colo-Colo apenas dá mais repercussão.

Quando no post anterior falei que jogador brasileiro é mimado, é porque é mesmo. Essa expulsão não vai render a Neymar uma multa pecuniária ou mesmo um puxão de orelhas. Mais uma vez, ele foi ‘injustiçado’. As palavras do presidente Luis Alvaro deixam clara a intenção do clube. Disse ele: “A expulsão do Neymar é um pecado, expulsar alguém por comemorar um gol é um absurdo. O juiz nos operou”. Com todo respeito, absurdo é nem o presidente e nem seu atleta saberem a regra do jogo. E a expulsão não aconteceria se ele não tivesse tomado mais um amarelo bobo, como dezenas de outros que ele toma.

Que Neymar é craque, extra-classe, não se discute. Ele tem facilidade de ser protagonista, apesar de eu achar que em clássicos ele ainda não consegue ser ‘o cara’. Agora, quem almeja jogar na Europa, ser titular da seleção numa Copa do Mundo (e tudo isso acontecerá, com certeza), ele tem que crescer. E só passar a mão e relevar não contribui em nada para isso.

Agora tem outro lado, claro que o drama do fim do jogo não foi só culpa dele. A expulsão do Zé Eduardo tb é ridícula. E ambas num jogo que estava 3x0 a favor. As expulsões trouxeram o bom, diga-se, Colo-Colo pra cima e o fim foi na base da agonia.

A expulsão do Elano não se refletiu no campo ontem, essa refletirá contra o Cerro semana que vem. Jogo que realmente importa. Uma derrota em Assunção elimina o Santos em caso de vitória do Colo-Colo contra o pobre Deportivo Táchira em Santiago. E jogar sem Neymar e Elano um jogo dessa magnitude é dar sopa demais pro azar. E um time que vai precisar de gols, jogar sem seu ataque titular, convenhamos, não é bom negócio.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Escrevendo a História

 

Ontem o futebol viveu um dia daqueles onde se vê a história sendo escrita. Em que pese ser corinthiano (a minha bio comprova aí na esquerda) me sinto com isenção suficiente para falar do fato.

Rogério Ceni chegou a marca de 100 gols na carreira.

Marca espetacular, equivalente aos mil de Pelé. Sim, porque Rogério é goleiro. Goleiro não tem obrigação de fazer gols, tem sim que evitá-los. Um gol de goleiro é motivo de festa, como fez Hiram do Guarani ao marcar de cabeça contra o poderoso Palmeiras de 96 no Brinco de Ouro. Ou Lauro, também de cabeça, também em Campinas, mas pela Ponte contra o Flamengo no Moisés Lucarelli.

Desses 100, 56 de falta e 44 de penalti. E o que mais assusta e admira, é que a marca poderia ter vindo antes, tantos quantos pênaltis ele perdeu também.

Rogério é um ícone do São Paulo. Talvez o maior da história do clube. Mesmo goleiro, é o maior artilheiro (pasmem vocês) do clube na Libertadores. É bem articulado nas entrevistas, líder em campo, as vezes aparece de dirigente ajudando a reforçar o time (Aloísio afirma ter sido convidado por Rogério dentro do campo na final da Libertadores contra o Atlético-PR). Não é um sujeito que se envolva em polêmicas extra-campo. Podem dizer que ele é marrento. Tendo a concordar mas que ele é um extra-classe, isso é inegável.

Por sua trajetória fica sempre o gosto amargo de não ter sido titular da seleção em uma Copa do Mundo e nem nunca ter tido a camisa 1 da seleção como indiscutível em nenhum momento. Mas nada apaga o feito do arqueiro tricolor.

E veio como tinha que vir mesmo. De falta, contra o maior rival, acabando com um tabu de quase 4 anos. Porém o destino foi padrasto em apenas um fato. O gol não saiu no Morumbi. O Iron Maiden, banda que ele tanto gosta, lhe tirou esse prazer. Mas repito, nada apaga a grandeza do feito.

Rogério, o imortal do Morumbi. Cada dia mais.

sábado, 26 de março de 2011

O Caminho de Volta

 

Luis Fabiano, Elano, Adriano, Guilherme, Brandão, Ilsinho, Robinho, Vagner Love, Ronaldinho, Alex Silva, Roberto Carlos, Maicossuel, Jefferson, Beletti, Deco, Fred. O que esses nomes têm em comum? Serem brasileiros, diriam os engraçadinhos. Tirante a nacionalidade, todos esses fizeram força para retornar da Europa e voltar ao Brasil. Mas porque? Pelo desafio de jogar aqui? Pouco provável, dado que o nível técnico daqui vem caindo ano a ano. Por dinheiro? Também não deve ser a razão, dado que receber em euros é bem mais lucrativo. A mim parece ser por um único motivo: Porque aqui ainda é onde eles são alguma coisa de importante.

Se pegarmos hoje no futebol europeu, não iremos encontrar um (basta um) brasileiro que seja a estrela maior do seu time. Nenhum! Nunca o futebol brasileiro foi tão coadjuvante nos gramados do Velho Continente. Quase todos os citados acima tem passagem por seleções nacionais e nenhum é estrela maior da sua companhia. Nem mesmo os que lá ficaram como por exemplo Kaká e Robinho, hoje alternativas aos seus elencos apenas.

Voltando para o Brasil eles são incensados a condição de deuses e craques por suas torcidas e times, o que não acontecia fora. E convenhamos que no nível brasileiro atual eles sobressaem mesmo. Vejamos o tempo de Adriano no Flamengo. Mesmo se envolvendo em noitadas, em paginas policiais, acima do peso, ainda assim ele levou o Flamengo a uma arrancada histórica rumo ao título brasileiro de 2009. Ronaldo, mesmo com uma forma física de ‘casados e solteiros’, conduziu o Corinthians (como protagonista) a dois titulos no primeiro semestre de 2009. Roberto Carlos foi o lateral do Campeonato Brasileiro de 2010 pela CBF e pela Placar aos 37 anos.

E os falidos e mal geridos clubes, vêem nessas repatriações uma forma de reavivar suas finanças com ações de marketing. Porém a torcida se importa mais com o que eles produzem dentro das quatro linhas.

Jogador brasileiro não se contenta em jogar apenas, em ser mais um. Ele quer privilégios, quer ser estrela, quer escolher para qual jogo vai, quer poder brincar o carnaval em paz. E isso cada vez mais é visto como mau negócio para os europeus. E, mesmo com seus mimos, os times brasileiros ainda precisam deles e se tornam quase reféns dos boleiros arrependidos.

Mas o pior é que eles não querem vir para ficar. Eles vêm para voltarem a vitrine e com isso voltar à Europa ganhando mais. Se ficassem por lá, assinariam contratos mais modestos pois reservas têm baixo valor de mercado.

Adriano é o caso mais bem acabado disso tudo. Ele teve o mundo a seus pés em 2005. Ninguém jogava tanta bola quanto ele. Era Deus na Itália, titularíssimo do “quadrado mágico” do Parreira. De repente entrou sem freio ladeira abaixo. A Copa de 2006 foi seu fiasco. Dali foi sempre a cair mais e mais. Até culminar com o ‘abandono’ da carreira por tristeza. Arrebentou no Flamengo em 2009 e ao invés de aproveitar o momento, voltou à Itália, dessa vez na Roma. Mais um fiasco, nem gols ele marcou. Agora ele volta para mais uma ‘última chance’ no Corinthians.

E com isso quem sofre é a seleção também, já que muitos de seus convocados nem titulares são em seus clubes. E tudo isso em um quadriênio que nem Eliminatórias teremos para ‘azeitar’ o time. Mano tem que se virar como dá nos amistosos.

Proporcionalmente cresce o interesse dos europeus em argentinos. Eles não sentem saudade de casa, não dizem que não se adaptaram a comida, costumes, religião e blá blá blá. Apenas jogam futebol e isso torna a mão de obra portenha cada vez mais procurada. A Inter de Milão, campeã européia, descobriu isso há algum tempo e vêm colhendo frutos. Tecnicamente é impossível comparar Milito com Adriano. Mas o argentino tem muito mais mercado hoje do que o brasileiro. Milito faz o seu (e muito bem feito, diga-se) e não tem seu nome ligado a nada. Não é melhor negócio, convenhamos?

quarta-feira, 23 de março de 2011

Ganso x Santos x DIS

 

E mais uma reunião ocorreu na Vila para tentar viabilizar a tão chata e já batida renovação de contrato do Ganso com o Santos. E novamente deram com os burros n’água.

O jogador, que diga-se, só pensa em si, se recusa a aceitar um valor de multa rescisória tão alta, afinal tem desejo de jogar na Europa e acha que isso pode espantar os interessados. Que, aliás, parece que já existem. Internazionale e Milan, dizem. E convenhamos, é sedutor ser cortejado por times desse quilate e Ganso é ser humano que quer fazer seu pé-de-meia também.

O Santos por sua vez, quer lucrar com uma de suas jóias mais reluzentes pois entende que investiu desde a formação do atleta e sabe que está diante de uma mina de ouro. Por conta disso, quer renovar com uma cláusula de rescisão de 50 milhões de euros, como forma de resguarda. Alega que vende por menos, mas que a cláusula é forma de proteger o seu patrimônio. E o Santos tem o atenuante de ter proposto a renovação quando Ganso estourou o joelho no meio de 2010.

A DIS é um daqueles câncer que o futebol contraiu depois da lei Pelé. Ela se aproveita de que não há mais passe e ‘obriga’ os clubes a quase se prostituirem como forma de sobrevivência. Para evitar perder seus craques fácil, os quebrados clubes, vendem fatias à essas empresas e depois viram refém da selva de pedra capitalista que domina essas negociatas. A DIS não tem clube, ninguém torce por ela. Sua intenção é comprar e ganhar em cima. Como foi essa a intenção quando o jogador foi oferecido ao maior rival. Ou alguém acha que eles entram no meio dessas negociatas altruísticamente? Seria ingênuo demais pensar assim.

O pior é que analisando tudo, todos tem sua parcela de razão. O jogador quer seguir o seu sonho de rumar para o eldorado da bola, o clube quer valer o investimento feito e a parceira quer ganhar dinheiro. No meio disso tudo tem um time em quase crise, mal na Libertadores, sem técnico e com uma folha salarial altíssima com Elano, Neymar, Ganso, Keirrison e etc. E tem a pressão que vem das arquibancadas também, que agora deve pesar contra o atleta. E Paulo Henrique sabe disso. O clube também joga com essa hipótese e (a covardia tá aí) tenta se utilizar disso divulgando o conteúdo das reuniões frustradas para assim tentar coagir o atleta a assinar a toque de caixa.

O que fazer, Santos?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O Ponto Final da Carreira de um Fenômeno

Dia 14 de fevereiro de 2011 ficará marcado para sempre na vida daqueles que amam o futebol. O dia em que uma carreira das mais brilhantes (dentro de campo) e controversas (fora das quatro linhas) chegou ao seu fim.

Óbvio que se formos levar em consideração a última imagem que ele deixou nos campos, iremos dizer que já era hora de ter parado. Mas Ronaldo não começou a carreira em 2010. Ela começa em 93 com a camisa do Cruzeiro e ali nascia alguém a frente do seu tempo.

Ronaldo era das figuras mais atléticas em campo. Uma velocidade fantástica, uma capacidade de finalização espetacular e uma habilidade incrível o transformavam numa sensação.

Logo foi convocado por Parreira e estreou vindo do banco contra a Argentina num 2x0 no Arruda, gols de Bebeto. Depois mais uma convocação para o jogo de despedida contra a Islândia na Ressacada e a vaga na Copa 94 estava assegurada. Aos 17 anos!

Daí para frente foi só subir. A venda para o PSV Eindhoven, onde ele foi avassalador: 56 gols em 58 jogos.

Em 96 a ida para o Barcelona o ascensou a condição de fenômeno. Gols fabulosos, atuações espetaculares e em pouco tempo ele virava Deus para a torcida dos Culés. Mas ainda faltava uma atuação como protagonista em Copas do Mundo.

A Copa da França parecia o cenário ideal, afinal ele havia ganho dois titulos de melhor do mundo nos anos anteriores a Copa. Porém em que pese levar o Brasil até a final, não foi brilhante como se supunha. Foram apenas 4 gols e o drama da convulsão no dia da final.

A transferência para a Internazionale traz junto com gols e jogadas memoráveis as contusões que marcariam sua carreira. A primeira no joelho levou 5 meses de recuperação. No dia da volta contra a Lazio em Roma pela Copa da Itália, uma contusão gravíssima o afastou por 1 ano dos gramados. A cena da rótula saindo do lugar é chocante ainda.

Ali começou uma batalha pela volta aos campos. Muitos juravam que ele não voltaria. E a rotina árdua de fisioterapias, tratamento caminhavam em paralelo com uma crise na seleção sem precedentes com 3 mudanças de técnicos nas Eliminatórias. Felipão esperou até o último momento pela volta e apostou nisso. A aposta se mostrou acertada. O protagonismo que se esperava em 98 veio com juros em 2002. Foram 7 jogos e 8 gols, incluindo os dois da final. Resultado: Brasil campeão e mais um título de melhor do mundo.

2002 marca a mudança para o Real Madrid, se tornando um dos galáticos. Foram muitos gols e muitas lesões. O Real marca também a fase com os problemas com a balança. Pela seleção formou o chamado ‘quadrado mágico’ com Adriano, Ronaldinho e Kaká. Porém a Copa de 2006 deflagrou uma crise e marca o início da decadência do Fenômeno. Chegou muito acima do peso na Copa, um bate-boca com o presidente da República e bolhas no pé foram decisivas para uma copa apenas regular.

Veio a mudança para o Milan e uma fase negra. Distensões, contraturas e outra grave lesão transformaram a fase no Milan em inferno. Veio a rescisão de contrato e muita confusão do lado de fora dos campos. Foi treinar no Flamengo para recuperar a forma física. Fora das quatro linhas foi visto gordo e fumando num iate, o escândalo com os travestis no motel do Rio. Em dezembro, quando todos davam como certo sua contratação pelo Flamengo, eis que ele assina com o Corinthians de forma inesperada. Camisas queimadas, protestos em praça pública deram o tom da ira dos rubronegros.

Chega ao Corinthians em 2009 em fase final de recuperação. A estréia se dá em Itumbiara pela Copa do Brasil vindo do banco. O jogo seguinte marca a ressurreição do Fenômeno: Clássico contra o Palmeiras, um gol de cabeça que empata o jogo aos 49 do segundo tempo. Dali para frente deu show. Foi decisivo nas finais do Paulista contra São Paulo e contra o Santos, com direito a gol de placa na Vila.

Na sequência outras atuações memoráveis na Copa do Brasil deram o título e a vaga na Libertadores 2010.

Em 2010 não fez a temporada que se esperava e mostrou estar em declínio aparente. Depois de muitas lesões, ainda fez bons jogos no fim do Brasileiro. 2011 já foi meio forçando a barra.

Ronaldo por tudo que fez merece estátua em praça pública. A ele devemos um agradecimento. Valeu campeão! A torcida alvinegra agradece.

Fique com a lembrança da atuação memorável na Vila em 2009:

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O que sobrou depois do Tolima

Passada a maior vergonha da história recente do Corinthians, pós rebaixamento, o clube entrou num turbilhão de emoções com jogadores sendo queimados, outros subindo, descrédito do treinador e rompimento da torcida com suas estrelas.

Sem sombra de dúvida os mais chamuscados com a eliminação foram Ronaldo, Roberto Carlos, Dentinho e Bruno César.

Ronaldo, não é de hoje, não consegue levar o futebol a sério mais e entrar em forma. E também se recusa a largar o osso e tem as costas quentes, banco é fora de cogitação para ele. Então teremos que aguentar até o fim do ano que ele pare com o futebol.

Roberto Carlos foi tratado no post abaixo e pelo menos tá tendo a dignidade de sair e parar de chupinhar o clube.

Dentinho é um caso que parece entrar em um rumo que pode não ser bom para ele como profissional e para o clube. A parceria com Ronaldo fez mais mal que bem para o garoto de ouro da Fiel. Não é recente sua queda de produção. Em 2010 também não teve um ano brilhante. Porém tem crédito por ter nascido no clube e a torcida costuma ter mais paciência com a molecada do terrão.

Bruno César é uma incógnita. Me parece um caso de que o treinador não consegue fazer com que ele renda o que dele se espera. Depois de Mano, nenhum treinador o usou na posição de origem, fazendo com que ele perca o brilho do ano passado. Pode voltar, mas hoje está atrás de Danilo, Ramirez e Morais.

Sobre Tite me parece claro que não é o técnico que pode levar o Corinthians a grandes conquistas. Ele é teórico e erudito demais para dar certo no “Time do Povo”. Sem contar que montou mal demais o elenco de 2011. Para o gol apenas Julio César é confiável. Nenhum reserva de bom nível.

Não há laterais direitos de origem no elenco. O titular, Alessandro, é volante mas quebra o galho bem pela direita. Os reservas é que são tristes: Moacir e Moradei (dois volantes também).

Para a zaga, a saída de William, capitão por 3 anos não teve reposição a altura e nem Castan, Wallace e Paulo André, parecem ter bola para serem parceiros de Chicão.

O grupo de volantes é bom mas precisa de reforços. Atualmente tem Paulinho, Ralf, Jucilei, Moradei. Jucilei pode ir para a Itália em agosto. Cristian quer voltar. Ainda assim, esse quarto não seria o Moradei. Fraco demais tecnicamente.

No meio sobram meias atacantes e algum vai ser encostado quando poderiam ser boas moedas de troca. Edno, Danilo, Morais e Bruno César disputam 1 cadeira nos 11 titulares e outra no banco. Edno não é reserva de centroavante e nunca foi.

No ataque a chegada de Liédson foi muito boa e sobram Dentinho, Jorge Henrique como bons parceiros. Ronaldo não quer mais nada com a bola e o menino que veio do Figueirense, William, no pouco que entrou nada mostrou.

Agora tempo terá de sobra até o Brasileiro, para planejar e remontar com critério. Basta querer.

Crônica de uma saída anunciada

E o caso Roberto Carlos, no Corinthians, parece se encaminhar ao seu desfecho com o desligamento do atleta do clube.

Algumas ponderações se fazem necessárias nesse imbróglio.

Roberto Carlos foi mal na sua passagem no Parque São Jorge? Não! Muito ao contrário, foi até melhor do que se imaginava. A última imagem que o brasileiro tinha do lateral era o famigerado episódio da meia no gol de Henry pelas quartas de final da Copa 2006 e o que se viu na sua volta foi um veterano jogando como menino, quase 100% dos jogos e atuando muito bem o ano todo. Ganhou até a Bola de Prata de melhor lateral esquerdo no Brasileiro 2010.

Veio 2011 e uma atuação de gala na estréia contra a Portuguesa, superando expectativas, com direito a um gol olímpico antológico. Depois uma diminuição no ritmo natural e veio os jogos contra o Tolima. No jogo de ida ninguém foi bem, não só o Roberto Carlos. A “contusão” alegada para o segundo jogo é que foi o estopim de tudo. A torcida passou a cobrar os mais badalados, isto é, Ronaldo (esse sim deve bastante futebol) e Roberto Carlos.

O que não é certo é usar o argumento de perseguição e medo da família quando parece claro que o dinheiro russo seduziu o lateral. A saída dele se dá mais por motivos financeiros do que qualquer outra coisa. Se ele quisesse poderia ter tentado mudar a opinião da torcida com futebol como vêm fazendo o peruano Ramirez, Alessandro, Júlio César, Morais, Danilo e Jorge Henrique.  O time foi reforçado com Liédson e parece que existe uma luz no fim do túnel. A única certeza disso tudo é que nem Roberto é o demônio que pintaram e tampouco o anjo que quer demonstrar ser.

Vida que segue. Que ele seja feliz onde quer que ele queira e que o Corinthians perceba que é melhor contratar jogador que vá bem no campo do que apostar no marketing de superestrelas.