segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A Camisa, A Mediocridade e a Besta

 

Nunca escondi de ninguém que sou corinthiano. Aliás, faço isso até com uma certa veemência acho. E às vezes me cobram posts sobre o Corinthians e muita das vezes evito por ter medo de não conseguir ser isento de paixão ou rancor nas palavras, mas passada a goleada sofrida no Maracanã decidi fazê-lo.

Se teve algo que o Maracanã mostrou ontem foi que a decisão de substituir Mano Menezes tomada após a derrota para o Atlético na Copa do Brasil foi mais do que acertada, foi certeira. Costumo brincar nas vitórias que a camisa alvinegra joga sozinha e nesse time de Mano Menezes isso é a mais pura expressão da verdade. Ele não faz nada para ajudar a mística! As discussões com torcedores durante os jogos (a de ontem beirou o absurdo com ele mandando o torcedor, que pagou, sentar), as coletivas rancorosas e os chiliques na beira do campo são chatos e desmedidos. A passagem de Mano pela seleção trouxe soberba (que já era grande) extra ao treinador como mostra a saída do Flamengo dizendo que ele não via nada que pudesse fazer para melhorar o time, fato depois negado pelo trabalho excelente de Jayme de Almeida levando o time ao título da Copa do Brasil. E essa passagem pelo Corinthians ratifica isso.

Analisando friamente números da campanha, ela nem é tão ruim afinal o time classificou para a Libertadores com uma rodada de antecedência. Mas ver o Corinthians jogar não tem sido agradável. Esquema tático engessado, meio-campo sobrecarregado, laterais com deficiências sérias e a falta de atacantes confiáveis no elenco tornam o Corinthians um time muito difícil de ser remontado em janeiro. Um time que joga para não sofrer gols e que tem extrema dificuldade na criação, o que acaba resultando em um time que só faz gols em conta-gostas e de preferência quando Paolo Guerrero dá o ar da graça.

Olhando para a estrutura em campo notam-se os problemas e eles gritam para quem quiser ver. A defesa com Cássio, Gil e Anderson Martins ou Felipe é segura porém o problema começa nas laterais. Fagner chega bem ao ataque mas cruzar é um calvário para ele. Sem contar os espaços na marcação e as decisões contestáveis como aquele escanteio cedido infantilmente que ocasionou no quarto gol do Galo na Copa do Brasil. Fábio Santos é bom defensivamente mas sobe pouco ao ataque e quando o faz tem dificuldade em voltar até pelo peso da idade já.

No meio está a base de todos os problemas. As maiores críticas se dão pelo time ter problemas na criação de jogadas mas Mano apesar de ter 4 armadores de origem no elenco prefere jogar com 3 volantes. Ralf é o esteio defensivo, Elias não é mais o Elias de 2008/09. Esse Elias de hoje desaprendeu a fazer gols e quase não sobe ao ataque, tarefa que tem sido de Petros que apesar do vigor na marcação não ajuda em nada na criação por pura falta de cacoete mesmo. Sobra para Renato Augusto a tarefa de municiar os atacantes sozinho sendo que no banco tem Jadson, Lodeiro (a quem foi dado 4 tempos apenas de mostrar futebol) e Danilo que vem sobrando na turma mas inexplicavelmente não joga.

No ataque Guerrero está voando e Malcom desponta como uma excelente promessa. Os reservas do ataque pouco ajudam. Romero começou bem e se perdeu. Aliás, na minha opinião, por falta de assessoria. Romero depois de dois ou três bons jogos no começo era figurinha carimbada nas redes sociais fazendo troça de adversários diretos sendo que ele ainda não era nada e mal conhecia o ambiente novo. Luciano é um Tupãzinho piorado: só faz gols se entrar com o jogo andando e é incapaz de assistir à um companheiro melhor colocado. Ele só faz algum passe se for para trás, para frente ele chuta de onde estiver e em geral de forma patética.

Mesmo com todos esses problemas, o Corinthians garantiu vaga na Libertadores 2015 mostrando a mediocridade atual do futebol brasileiro. E o fez de uma forma: na força da camisa (aquela que joga sozinha, lembram?), porque na bola e na dependência do seu treinador não seria possível, posso assegurar…