sexta-feira, 29 de abril de 2011

O Fiasco do Engenhão

 

Outro dia conversando com uma amiga que estimo muito e é jornalista formada (eu não sou, diga-se), ela comentou sobre uma coluna que fez para o jornal aonde ela trabalha sobre a Copa 2014. A coluna enfocava os gastos abusivos com verba pública, os prazos, as faltas de licitações, dentre outras coisas.

O que se viu no Engenhão ontem no episódio do apagão pré Fluminense x Libertad pela Libertadores da América é de preocupar qualquer um que tenha o mínimo de vergonha na cara.

O horário do jogo já era absurdo: 21:50. Em um estádio longe de tudo e de todos. A luz se apaga e levou-se uma hora até o ínicio do jogo, já pelas 23 horas. A situação é tão absurda que o primeiro tempo foi dia 28 e o segundo tempo já era dia 29. Isso tudo em um país que pretende sediar o maior evento do futebol mundial em 3 anos e na cidade que será sede olímpica em 5 anos!

Eu tenho a opinião de que, apesar de todos serem farinhas do mesmo saco, o COB tem mais méritos pela escolha da sede de 2016 do que a CBF por 2014. Só somos sedes de 2014 porque fomos candidatos únicos num arranjo político que Fifa (que não é flor que se cheire também) e CBF na figura de seu presidente. Quando o Canadá tentou impetrar uma candidatura de última hora, um outro arranjo calou os saxônicos. Por 2016 derrubamos Tóquio, Madrid, Chicago. Cidades de primeiro mundo mais prontas que o Rio. Mas o esforço de 2007 trouxe a olímpiada para cá e esse mérito o COB tem.

O Engenhão é espólio do Pan 2007. Acho uma obra linda e uma das poucas que teve uso pós evento, diferentemente do Velódromo da Barra, do Parque Aquático Maria Lenk, por exemplo. Portanto é um estádio novo com 4 anos de uso. E o porque falta luz durante uma hora em um local novo? Culpa da Light? Culpa do Botafogo? Culpa de péssimas instalações elétricas? Culpa do COB? Honestamente não sei e, para ser bem franco, tampouco me interessa. Nessa hora o culpado é o que menos importa, a vergonha deveria ser maior. E o torcedor que foi e ficou esperando a luz se estabelecer. Aquele que acordava as 6 da manhã para trabalhar? Saiu do Engenhão a 1 da manhã, somado ao trânsito, chegou que horas em casa? Com eles ninguém se preocupa.

Já temos fiascos demais a resolver esperando os dois eventos: Transporte público decente, hospitais em bom estado, rede hoteleira, apagões aéreos nos principais aeroportos do país e tantos outros. O de ontem foi só mais um. Mas foi gravíssimo. A ponto de hoje isso ser mais notícia do que o jogo em si, bem vencido pelo Fluminense.

E chega de todos cruzarem os braços, esperarem o pior e dizerem amém. A hora é de entender tudo isso e ir adiante. Andar para frente. O blog a partir de hoje terá uma seção as sextas feiras para tratar disso. Copa 2014 e seus desvaneios.

Posso não ter representatividade jornalística em número de acessos no blog, mas vou cumprir o meu dever cívico de fiscalizar o que se faz com o meu, seu dinheiro.

domingo, 24 de abril de 2011

Alma de Campeão

 

Hoje vendo a final da Superliga Masculina entre Sesi x Sada Cruzeiro, naquele Mineirinho abarrotado pela torcida azul, fiquei impressionado como algumas pessoas podem ser tão guerreiras e ressurgirem quando delas nada mais se espera.

Serginho, líbero do Sesi, é daqueles sujeitos que a história dele fala por si só, tantos são os títulos que amealhou ao longo da carreira. 7 vezes campeão da Liga Mundial, 2 títulos mundiais, um ouro e uma prata olímpica, um ouro e um bronze panamericanos, Bicampeão da Copa do Mundo e agora o título que lhe faltava: Campeão da Superliga.

Porém em 2010 a carreira do ‘Escadinha’, apelido com o qual ele chegou na seleção e o tornou famoso do grande público, sofreu com as lesões. Vinha chegando a idade e com ela um sério problema de coluna, que ocasionou a colocação de 4 parafusos nas costas. Lesão que lhe tomou o direito de ser tricampeão do mundo com a seleção, abrindo espaço para Mário Júnior. Em entrevista ao portal Globo.com ele disse que o funcionário do Raio-X perguntou como poderia ser o exame de um atleta em atividade ainda.

Mas Sérgio perseverou. Tentou abrir mão da seleção e Bernardinho não deixou. Encontrou no Sesi comandado por Giovani, ex-parceiro de seleção, um grupo forte com Sidão, Murilo, Wallace, Thiago Alves e com aspirações de título.

O jogo de hoje apenas comprova que Serginho tem alma de campeão. Mesmo limitado pela lesão, foi decisivo na defesa e por vezes no ataque ajudando nos levantamentos. Sérgio foi a alma do Sesi, um time que com uma atuação impecável destroçou o Cruzeiro em pleno Mineirinho. Ao lado de Vini pode ser considerado um dos destaques.

Mas nada é a maior que a lição de vida dada por ele hoje. Profissionalismo que deveria ser seguido por muitos que militam em outros esportes. As lágrimas derramadas na quadra do Mineirinho devem perpetuar sua imagem de guerreiro e vencedor junto da torcida brasileira.

Ave Sérgio!