sábado, 26 de março de 2011

O Caminho de Volta

 

Luis Fabiano, Elano, Adriano, Guilherme, Brandão, Ilsinho, Robinho, Vagner Love, Ronaldinho, Alex Silva, Roberto Carlos, Maicossuel, Jefferson, Beletti, Deco, Fred. O que esses nomes têm em comum? Serem brasileiros, diriam os engraçadinhos. Tirante a nacionalidade, todos esses fizeram força para retornar da Europa e voltar ao Brasil. Mas porque? Pelo desafio de jogar aqui? Pouco provável, dado que o nível técnico daqui vem caindo ano a ano. Por dinheiro? Também não deve ser a razão, dado que receber em euros é bem mais lucrativo. A mim parece ser por um único motivo: Porque aqui ainda é onde eles são alguma coisa de importante.

Se pegarmos hoje no futebol europeu, não iremos encontrar um (basta um) brasileiro que seja a estrela maior do seu time. Nenhum! Nunca o futebol brasileiro foi tão coadjuvante nos gramados do Velho Continente. Quase todos os citados acima tem passagem por seleções nacionais e nenhum é estrela maior da sua companhia. Nem mesmo os que lá ficaram como por exemplo Kaká e Robinho, hoje alternativas aos seus elencos apenas.

Voltando para o Brasil eles são incensados a condição de deuses e craques por suas torcidas e times, o que não acontecia fora. E convenhamos que no nível brasileiro atual eles sobressaem mesmo. Vejamos o tempo de Adriano no Flamengo. Mesmo se envolvendo em noitadas, em paginas policiais, acima do peso, ainda assim ele levou o Flamengo a uma arrancada histórica rumo ao título brasileiro de 2009. Ronaldo, mesmo com uma forma física de ‘casados e solteiros’, conduziu o Corinthians (como protagonista) a dois titulos no primeiro semestre de 2009. Roberto Carlos foi o lateral do Campeonato Brasileiro de 2010 pela CBF e pela Placar aos 37 anos.

E os falidos e mal geridos clubes, vêem nessas repatriações uma forma de reavivar suas finanças com ações de marketing. Porém a torcida se importa mais com o que eles produzem dentro das quatro linhas.

Jogador brasileiro não se contenta em jogar apenas, em ser mais um. Ele quer privilégios, quer ser estrela, quer escolher para qual jogo vai, quer poder brincar o carnaval em paz. E isso cada vez mais é visto como mau negócio para os europeus. E, mesmo com seus mimos, os times brasileiros ainda precisam deles e se tornam quase reféns dos boleiros arrependidos.

Mas o pior é que eles não querem vir para ficar. Eles vêm para voltarem a vitrine e com isso voltar à Europa ganhando mais. Se ficassem por lá, assinariam contratos mais modestos pois reservas têm baixo valor de mercado.

Adriano é o caso mais bem acabado disso tudo. Ele teve o mundo a seus pés em 2005. Ninguém jogava tanta bola quanto ele. Era Deus na Itália, titularíssimo do “quadrado mágico” do Parreira. De repente entrou sem freio ladeira abaixo. A Copa de 2006 foi seu fiasco. Dali foi sempre a cair mais e mais. Até culminar com o ‘abandono’ da carreira por tristeza. Arrebentou no Flamengo em 2009 e ao invés de aproveitar o momento, voltou à Itália, dessa vez na Roma. Mais um fiasco, nem gols ele marcou. Agora ele volta para mais uma ‘última chance’ no Corinthians.

E com isso quem sofre é a seleção também, já que muitos de seus convocados nem titulares são em seus clubes. E tudo isso em um quadriênio que nem Eliminatórias teremos para ‘azeitar’ o time. Mano tem que se virar como dá nos amistosos.

Proporcionalmente cresce o interesse dos europeus em argentinos. Eles não sentem saudade de casa, não dizem que não se adaptaram a comida, costumes, religião e blá blá blá. Apenas jogam futebol e isso torna a mão de obra portenha cada vez mais procurada. A Inter de Milão, campeã européia, descobriu isso há algum tempo e vêm colhendo frutos. Tecnicamente é impossível comparar Milito com Adriano. Mas o argentino tem muito mais mercado hoje do que o brasileiro. Milito faz o seu (e muito bem feito, diga-se) e não tem seu nome ligado a nada. Não é melhor negócio, convenhamos?

quarta-feira, 23 de março de 2011

Ganso x Santos x DIS

 

E mais uma reunião ocorreu na Vila para tentar viabilizar a tão chata e já batida renovação de contrato do Ganso com o Santos. E novamente deram com os burros n’água.

O jogador, que diga-se, só pensa em si, se recusa a aceitar um valor de multa rescisória tão alta, afinal tem desejo de jogar na Europa e acha que isso pode espantar os interessados. Que, aliás, parece que já existem. Internazionale e Milan, dizem. E convenhamos, é sedutor ser cortejado por times desse quilate e Ganso é ser humano que quer fazer seu pé-de-meia também.

O Santos por sua vez, quer lucrar com uma de suas jóias mais reluzentes pois entende que investiu desde a formação do atleta e sabe que está diante de uma mina de ouro. Por conta disso, quer renovar com uma cláusula de rescisão de 50 milhões de euros, como forma de resguarda. Alega que vende por menos, mas que a cláusula é forma de proteger o seu patrimônio. E o Santos tem o atenuante de ter proposto a renovação quando Ganso estourou o joelho no meio de 2010.

A DIS é um daqueles câncer que o futebol contraiu depois da lei Pelé. Ela se aproveita de que não há mais passe e ‘obriga’ os clubes a quase se prostituirem como forma de sobrevivência. Para evitar perder seus craques fácil, os quebrados clubes, vendem fatias à essas empresas e depois viram refém da selva de pedra capitalista que domina essas negociatas. A DIS não tem clube, ninguém torce por ela. Sua intenção é comprar e ganhar em cima. Como foi essa a intenção quando o jogador foi oferecido ao maior rival. Ou alguém acha que eles entram no meio dessas negociatas altruísticamente? Seria ingênuo demais pensar assim.

O pior é que analisando tudo, todos tem sua parcela de razão. O jogador quer seguir o seu sonho de rumar para o eldorado da bola, o clube quer valer o investimento feito e a parceira quer ganhar dinheiro. No meio disso tudo tem um time em quase crise, mal na Libertadores, sem técnico e com uma folha salarial altíssima com Elano, Neymar, Ganso, Keirrison e etc. E tem a pressão que vem das arquibancadas também, que agora deve pesar contra o atleta. E Paulo Henrique sabe disso. O clube também joga com essa hipótese e (a covardia tá aí) tenta se utilizar disso divulgando o conteúdo das reuniões frustradas para assim tentar coagir o atleta a assinar a toque de caixa.

O que fazer, Santos?