quarta-feira, 1 de junho de 2011

Acima De Qualquer Suspeita?

 

Depois de ler sobre o incidente com o zagueiro Leandro Castán do Corinthians na sua hora de folga em Jaú, quando ao brincar com uma espingarda de chumbinho perfurou o pulmão de um amigo acidentalmente, fiquei pensando: Por que jogador de futebol se acha acima de qualquer suspeita e que nada é proibido para ele?

O caso de ontem é só mais um na extensa lista de irresponsabilidades cometidas por jogador na hora da sua folga. Para enumerar alguns tem o caso do Adriano amarrando a namorada numa árvore, Vagner Love com traficantes armados em baile funk, acidentes automobilísticos por bebida como Edmundo por exemplo, o caso da recusa dos jogadores do Santos em 2010 em entrar nos Mensageiros da Luz para fazer caridade porque não estavam ganhando, Ronaldo e o travesti no motel, o (suposto) estupro envolvendo jogadores do Grêmio nos anos 80 numa excursão pela Europa e, o mais cruel, o caso Elisa Samúdio. São tantos que fica difícil falar de um por um.

A sensação que me dá é que jogador de time grande, em geral por vir de família paupérrima, não consegue lidar com o sucesso, dinheiro e fama que vêm em consequência dos seus passes, dribles e gols. E isso se dá, basicamente, pelo fato de jogador de futebol ser muito paparicado, seja por empresários, dirigentes e familiares. A vida de muitas mulheres fáceis, baladas mirabolantes, como no fatídico dia da festa que resultou na morte de Elisa Samúdio no sítio de Bruno que testemunhas relataram que tinham até anões no local, falsos amigos, traz uma sensação de liberdade e de poder que ele não experimentou na infância. Isso somado à má formação cultural, não por culpa deles mas pela situação do ensino público no país e dos clubes que não fornecem reposição escolar nas suas categorias de base, resulta numa mistura perigosa, por vezes explosiva.

E isso não é fenômeno recente, vem de décadas. Alguns casos que poderiam servir de exemplo hoje não são usados. Cito dois que são elucidativos: Paulo César Cajú foi craque nos anos 60 e 70, disputou copas do mundo, saiu do Botafogo foi jogar na França e teve o mundo a seus pés. Quando a carreira acabou, PC não soube aproveitar o que a vida tinha lhe dado e continuou a gastar e mergulhou no poço da cocaína. O craque que teve tudo chegou a morar de favor num subúrbio carioca. Hoje, Paulo César se recuperou e leva uma vida normal, mas bem longe da vida que poderia ter se tivesse tido juízo.

Reinaldo, artilheiro do Galo, nos anos 80 também recorreu à cocaína e teve que parar numa clínica de recuperação depois da humilhação de ter sua derrocada exposta em rede nacional. Reinaldo, o Rei como era chamado no Mineirão, era cracaço mas vivia assolado por lesões. Terminou a carreira mais cedo do que poderia e não soube lidar com a pressão. Hoje está limpo e recuperado.

O de ontem parece pouco perto dos dois citados, mas pode resultar em prisão do atleta. Em que pese ter sido brincadeira, ao que parece, ainda assim é irresponsabilidade. E justo no melhor momento da carreira do jogador que com a aposentadoria do capitão William se estabeleceu ao lado de Chicão na zaga do Corinthians.

O caso Castán é só mais um nessa mistura e, certamente, não será o último. Infelizmente!

terça-feira, 31 de maio de 2011

O Clássico Ibérico das Praias

 

Você que nos lê e é da Baixada Santista sabe que não existe só o Santos de time de futebol por aqui. AD Guarujá, São Vicente, Portuguesa e Jabaquara são os outros 4 representantes da região.

E se você tem mais de 30 anos e gosta de futebol, deve saber que Jabaquara e Portuguesa Santista já foram importantes no cenário futebolístico.

E ontem os times disputaram o glamouroso “Clássico das Praias” no Estádio Espanha na Caneleira, sede do Jabaquara

Jabaquara é um clube de Santos oriundo da colônia espanhola da região, nascido em 1914. Até por isso ainda mantém como cores o vermelho e amarelo da bandeira ibérica. Por muitos anos na década de 60, o Leão da Caneleira formou grandes jogadores e times capazes de rivalizar com o Santos de Pelé. Para quem duvida tem um 6x2 histórico na Vila com Pelé em campo e tudo mais, comandado pelo eterno Don Filpo Nuñez. Formou jogadores do quilate de Gilmar dos Santos Neves, goleiro campeão do mundo em 58 e 62 com a seleção brasileira.

Na Portuguesa a história é bem parecida. Nascida através dos imigrantes portugueses em 1917, conserva raízes nas suas cores vermelha e verde como as da bandeira lusitana. Portuguesa que detém um prêmio que poucos têm: A Fita Azul. Prêmio ofertado pela extinta Gazeta Esportiva que premiava o time mais tempo invicto em jogos no exterior. A Briosa, que já foi “Burrinha” um dia, ganhou em 1959 com 15 vitórias em 15 jogos. Revelou grandes jogadores assim como o Jabaquara, como Aílton Lira, meia habilidoso com passagens por Santos e São Paulo, Arouca que foi zagueiro do Palmeiras na época da Academia e Joel Camargo, zagueiro campeão do mundo em 70. Mais recentemente revelou Souza, hoje no Fluminense mas com passagem vitoriosa pelo São Paulo.

Hoje os times disputam a série B1 do futebol paulista, a quarta divisão do estado. Muito por culpa de dirigentes incompetentes com péssimas adminstrações. O que acarretou no afastamento dos clubes das suas origens. São apenas rabiscos do que já foram um dia.

Tivessem um pouquinho mais de organização e profissionalismo e estariam em divisões mais acima, contando com o apoio das suas colônias. Mas Jabaquara e Portuguesa, como 99,9% dos times pequenos, são barrigas de aluguel. Incubadoras de jogadores de empresários que não tem vínculo nenhum com as raízes e histórias dos clubes. E isso reflete esportiva e financeiramente. A Portuguesa tem uma piscina olímpica de 50 metros na sua sede social. Jogada às traças. E o cenário não parece lá muito azul para ambos, afundados em dívidas e a mercê de empresários.

Em tempo, o jogo foi 1x0 para o Jabaquara. Gol de Parazinho, aos 11’ do primeiro tempo.

O Tamanho de Messi

 

Passada a euforia pela vitória histórica do super Barcelona na final da Champions League com uma atuação soberba coletiva e uma inesquecível do argentino Lionel Messi, sobrou a polêmica levantada por ninguém menos que Just Fontaine, o maior artilheiro de uma edição de Copa do Mundo.

Fontaine afirma que por ter visto Pelé e Messi, pode afirmar que Messi é melhor que Pelé. Longe de mim querer entrar na polêmica, até porque Pelé tá em uma outra dimensão.

Na minha opinião, já dá para afirmar que Messi é melhor que Maradona, que foi o segundo de todos os tempos. Os céticos dirão que Maradona ganhou uma Copa sozinho. E é verdade. Mas se considerarmos o todo, incluindo o Barcelona, por onde Maradona passou sem deixar saudade, Messi já fez muito mais no futebol.

A classe de Messi hoje torna ele o maior de todos sem que haja a necessidade do prêmio da Fifa apontar isso no fim do ano. Messi sobra e vai transformando o Barcelona de Guardiola em lenda. Tenho 34 anos e posso afirmar com certeza que jamais vi um time jogar o que esse Barcelona joga. Sempre na casa de 70% da posse de bola, jogo vertical e produtivo. E muito disso é responsabilidade de Messi.

Eu sou fã de Messi desde que ele surgiu embaixo da sombra de Ronaldinho no mesmo Barcelona. A classe, velocidade e rapidez de raciocínio do argentino são espetaculares. Está a anos luz de qualquer outro jogador atual, inclua-se aí Cristiano Ronaldo, Kaká e Rooney.

A Universidade de Navarro na Espanha tem um estudo que rankeia os jogadores com mais espaço na mídia, qualquer que seja ela. Ninguém supera Lionel Messi. E o que mais chama atenção é que você jamais verá notícias dele em Colunas Sociais mostrando o carro, casa, namorada, relógios com preço de apartamento, noitadas e etc. Messi é notícia pelo seu futebol. E nada mais.

Voltando a comparação com Pelé resolvi recorrer a números. Pelé deu 5 Brasileiros, 2 Libertadores e 2 Mundiais ao Santos, só pra citar os títulos importantes. Messi deu 5 Espanhóis, 3 Champions League e vai para o seu segundo mundial. Ambos foram indiscutíveis em suas épocas. Porém Pelé tem 3 copas no curriculum contra nenhuma de Messi. Tem 1289 gols contra 235 de Messi. Pelé parou uma guerra. Pelé quando expulso foi chamado de volta ao campo e expulsaram o árbitro. Aí a diferença se estabelece. Mas aos 24 anos e com mais 10 (pelo menos) de carreira o argentino pode fazer muito mais do que já fez.

Contra Maradona a comparação beira o ridículo. Maradona tem apenas 3 títulos na Europa (2 Italianos e 1 Copa da Uefa). E passagens desastrosas em clubes menores como Sevilla por exemplo. Maradona não é mais páreo.

Ao Barcelona que continue nos encantando e escrevendo a estória. Que Messi continue a desfilar sua classe por muitos anos. O futebol agradece.