quinta-feira, 7 de julho de 2011

Érika, o Golaço e as Americanas

 

Mais uma vez vamos falar de futebol feminino.

O Brasil passou pela frágil mas disposta seleção de Guiné Equatorial ontem por 3x0. O placar mostra que teria sido fácil, certo? Errado! O Brasil fez uma das suas piores partidas na história e transformou o que poderia ser uma goleada histórica num jogo xoxo e sem brilho. Até os 3 minutos.

Aos 3 do segundo tempo, bola lançada para Cristiane na lateral esquerda, ela arranca, passa pela marcadora e vai no fundo. Um cruzamento fechado no primeiro pau, o corte da zagueira africana e a bola sobrou no peito de Érika. Ela dominou com calma e categoria, na chegada da zagueira aplicou um chapelaço de direita e sem que a bola caísse, emendou um foguete de sem-pulo, de canhota, desenhando uma obra de arte digna dos maiores craques da bola.

Érika é uma das trabalhadoras desse time que faz o “serviço sujo” para que Marta, Rosana e Cristiane possam brilhar. As vezes volante, as vezes zagueira, as vezes meia. Érika se encaixa na definição de coringa que todo grande time precisa.

O golaço de ontem, não só foi lindo como foi o gol que abriu a porteira para os outros dois. E fez do Brasil primeiro colocado do seu grupo com 100% de aproveitamento, 7 gols a favor, nenhum sofrido. Cristiane, Marta e Rosana com dois gols cada dividem a artilharia do time.

Agora chegou a hora da onça beber água. Domingo o jogo é contra as americanas pelas quartas de final do torneio. Mais uma vez contra as americanas. Nos últimos 4 duelos decisivos, 2 vitórias para cada lado. As americanas ganharam a Olímpiada de 2004 e de 2008, ambas pela contagem mínima. As brasileiras levaram o Pan 2007 por 5x0 e nas semis do Mundial da China em 2009 por 4x0 com um show inesquecível de Marta.

Domingo mais um capítulo dessa rivalidade se escreve. Tomara que dê Brasil mais uma vez e finalmente essa conquista que cada dia tá mais madura, venha.

Abaixo o gol de Érika ontem na voz de Roby Porto e o de Marta na China na voz de Luciano do Valle.

 

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Domingo de Marta

 

Diferentemente da grande maioria da população brasileira, eu gosto do futebol feminino. Acho que o jogo é mais aberto sem muitos esquemas táticos e isso dá mais jogo. Mesmo ainda sendo prosaico em certos aspectos do jogo como na falta de boas goleiras, onde só três êm potencial: a americana Hope Solo, a alemã Nadine Angerer e a brasileira Andréia. As demais são de baixo nível técnico e em geral de baixa estatura também.

Desde quando ela era só uma idéia do Luciano do Valle comandada pelo Zé Duarte. Aí veio a era profissional e as conquistas. Renê Simões com a prata em Atenas, Jorge Barcellos comandou o time no ouro do Pan de 2007, na prata olímpica de 2008 e no mundial da China. Agora o time está nas mãos de Kleiton Lima, multi campeão pelas Sereias da Vila e competentíssimo.

A seleção brasileira feminina me encanta, porque joga um futebol rápido, de toque de bola, muita habilidade. Destacam-se as laterais Maurine e Rosana, a meia Érika, a atacante Cristiane. E sobretudo porque tem Marta. Marta é o Pelé do futebol feminino. Sem exageros. Ela sobra na turma.

Conversando com um amigo, acho que ele tem uma definição que é a mais sensata. Disse ele: “Marta joga como um bom jogador do masculino, as outras jogam como mulheres.” Sem machismos, é a verdade.

Marta joga um futebol digno de um bom camisa 10. Tem força na arrancada, drible curto, visão de jogo, boa finalização, velocidade em linha reta e facilidade de mudar de direção. Os gols na vitória por 3x0 sobre a boa seleção da Noruega no Mundial da Alemanha, mostram um pouco disso tudo.

O primeiro numa arrancada de mano contra uma zagueira, duas pedaladas, um corte na segunda zagueira e um chute improvavel no canto que ela estava quando o mais fácil era bater cruzado. No segundo gol brasileiro, uma arrancada deixando 3 marcadoras para trás e a rolada consciente para Rosana aumentar. No terceiro, Cristiane rouba uma bola e bate em cima da goleira, a Rainha pegou a sobra, cortou para a direita e, de novo o improvável,  bateu de esquerda no contra-pé da goleira nórdica.

Um show de Marta! Mais um como tantos outros.

Já que a seleção de Mano tropeça e não encanta, cabe ao time de Kleiton Lima, capitaneado pela Rainha, fazê-lo.

Obrigado Marta!