quinta-feira, 7 de abril de 2011

Espanhóis por cima

 

Nadal no Tênis, Alonso na F-1, Seleção masculina de basquete, Seleção de Futebol campeã do mundo e tantos outros exemplos, nos provam que cada dia mais a Espanha se consolida no meio esportivo como potência.

A rodada de meio de semana da Uefa Champions League seguiu essa tendência. Os times espanhóis sobraram nos seus jogos e têm tudo para fazer uma semifinal eletrizante em dois jogos.

O Real passeou contra um bom e guerreiro Tottenham. Fez 4x0 com autoridade, jogando fácil.

O Real Madrid de Mourinho tem o que os outros anteriores não tinham: Coração. Esse elenco merengue entende que é necessário se doar em campo para chegar em algum lugar. A meia cancha com Ozil, Kedhira, Di Maria é um espetáculo de se ver jogar.

O Barcelona só comprova a cada dia que parece não ter adversários à altura no mundo. Passa por cima de todos com soberania.

Guardiola conseguiu montar uma máquina de jogar futebol e que preenche espaços quando não tem a bola, quase um retrato do Guardiola jogador.

Mas o espanhol da rodada não foi um time e sim um atleta: Raúl.

Raúl é cria da base do Real Madrid. Por muitos anos foi um símbolo do clube dentro e fora de campo. Nas fases boas e ruins. Sempre foi considerado um jogador desagregador. Muitos estrangeiros que passaram pelo Bernabéu sempre o acusaram de ser ‘paneleiro’. E no meio de 2010, Raúl decidiu se desvencilhar do Real e foi para a Alemanha jogar no Schalke 04. Time de muita torcida, que tem um estádio lindo, mas um time de médio para grande. Sem tradição européia, por exemplo.

E Raúl parece que conseguiu levar sua experiência para Gelsenkirchen. A goleada de 5x2 em cima da Internazionale, dentro do Giuseppe Meazza, não é obra do acaso. É fruto de um time bem montado que contratou um diferente. Um jogador de bagagem, craque e com história em torneios europeus. E um time que sabe que é infinitamente inferior aos italianos, mas que soube levar com maestria o duelo na Lombardia.

Claro que a classificação ainda não veio, falta a volta na Alemanha. Mas os Azuis Reais têm a vantagem de poder perder por até 3x0 em casa e mesmo assim se classificam. Mas o Schalke mostra que é possível fazer um time de respeito sem gastar horrores, contrariando todas as ‘verdades’ do futebol moderno. Times de mais cacife como Milan, Arsenal, Liverpool, Roma, Lyon, Bayern estão fora da disputa e os alemães sobrevivem.

Com méritos totais.

‘Ele devia saber a regra’

 

A frase acima foi dita pelo interino Marcelo Martelotte, sobre Neymar na coletiva pós jogo contra o Colo-Colo, pela expulsão infantil ao comemorar com uma máscara o golaço que no fim definiu a vitória santista sobre os chilenos.

Meio desnecessária a constatação até porque Neymar, em que pese ter 18 anos, não é mais um menino correndo atrás de uma bola na Copa Tribuna de Futsal Escolar, onde aliás ele apareceu para o Santos e para a Baixada Santista. Neymar é titular de um dos times que mais glórias tem no futebol e titular de seleção brasileira.

Ter sido em um jogo de Libertadores agrava o fato. Mas ele teria que ser repreendido pelo ato mesmo que fosse contra o Oeste de Itápolis pelo Paulista. Ter sido contra o Colo-Colo apenas dá mais repercussão.

Quando no post anterior falei que jogador brasileiro é mimado, é porque é mesmo. Essa expulsão não vai render a Neymar uma multa pecuniária ou mesmo um puxão de orelhas. Mais uma vez, ele foi ‘injustiçado’. As palavras do presidente Luis Alvaro deixam clara a intenção do clube. Disse ele: “A expulsão do Neymar é um pecado, expulsar alguém por comemorar um gol é um absurdo. O juiz nos operou”. Com todo respeito, absurdo é nem o presidente e nem seu atleta saberem a regra do jogo. E a expulsão não aconteceria se ele não tivesse tomado mais um amarelo bobo, como dezenas de outros que ele toma.

Que Neymar é craque, extra-classe, não se discute. Ele tem facilidade de ser protagonista, apesar de eu achar que em clássicos ele ainda não consegue ser ‘o cara’. Agora, quem almeja jogar na Europa, ser titular da seleção numa Copa do Mundo (e tudo isso acontecerá, com certeza), ele tem que crescer. E só passar a mão e relevar não contribui em nada para isso.

Agora tem outro lado, claro que o drama do fim do jogo não foi só culpa dele. A expulsão do Zé Eduardo tb é ridícula. E ambas num jogo que estava 3x0 a favor. As expulsões trouxeram o bom, diga-se, Colo-Colo pra cima e o fim foi na base da agonia.

A expulsão do Elano não se refletiu no campo ontem, essa refletirá contra o Cerro semana que vem. Jogo que realmente importa. Uma derrota em Assunção elimina o Santos em caso de vitória do Colo-Colo contra o pobre Deportivo Táchira em Santiago. E jogar sem Neymar e Elano um jogo dessa magnitude é dar sopa demais pro azar. E um time que vai precisar de gols, jogar sem seu ataque titular, convenhamos, não é bom negócio.