sexta-feira, 24 de junho de 2011

Agora Quem Dá a Bola é o Santos

 

E finalmente o Santos conseguiu!

O tricampeonato da Libertadores conquistado no Pacaembú em cima do Peñarol faz justiça ao time que mais se preparou para ser campeão de tudo que havia por disputar.

Desde que assumiu o novo presidente, Luis Alvaro Oliveira Ribeiro, o Santos deu uma guinada em sua vida e enterrou de vez a sina de time caseiro pós Pelé.

Logo que assumiu conseguiu repatriar o último grande ídolo formado na Vila: Robinho. Ele chegou de helicóptero ao lado de Pelé e com show de Charlie Brown Jr. As ações de marketing passaram a dar o tom com as campanhas “Eu voltei” na volta do Rei das Pedaladas e o “Show Campeão” após o título paulista.

No time propriamente dito, algumas mudanças significativas puseram o time na rota das conquistas como a demissão do caro e dispendioso Luxemburgo, o afastamento de Fábio Costa, a contratação de um técnico novo com muito potencial como Dorival Júnior, a manutenção dos meninos quando todos diziam que era impossível. O retorno de jogadores identificados com o clube como Léo e Robinho em 2010 e Elano em 2011 foi outro fator preponderante para a mudança de rumo.

Em 2010 foram 2 títulos: Paulista e Copa do Brasil, por consequência vaga na Libertadores 2011. Veio o Brasileiro e o deslumbramento de Neymar quase pôs tudo a perder e culminou com a demissão de Dorival Junior.

A chegada de 2011 trouxe Elano de volta, mais um identificado com o clube, e jogadores bons como Jonathan, deram um bom upgrade a base que já existia. Porém o técnico contratado era Adilson Batista, que como de costume passou sem deixar saudades nenhuma, quase eliminando o Santos da Libertadores.

Foi quando chegou Muricy e com ele uma mudança crucial: o time temido no ataque passou a ser uma rocha na defesa, como habitualmente Muricy faz. Já no seu primeiro jogo uma pedreira: Cerro em Assunção. Derrota ou empate eliminariam o time antes da última rodada, vitória daria boas chances sem confirmar nada ainda. E o Santos fez 2x1 no Paraguai. No último jogo uma vitória previsível contra o fraco Deportivo Táchira da Venezuela no Pacaembú, deu a classificação quase impossível ao time da Vila.

Nesse interim a classificação para as fases eliminatórias do Paulista. E daí para frente foi só subir. No Paulista foi campeão derrubando Ponte Preta na Vila, São Paulo no Morumbi e Corinthians em 2 jogos.

Na Libertadores jogou a segunda fase contra o América do México. Vitória magra na Vila e empate nas mãos de Rafael Cabral em Querétaro. Once Caldas foi o adversário nas quartas. Vitória em Manizales, empate dramático no Pacaembú. Veio as semis e com ela o Cerro Porteño. Vitória por 1x0 em São Paulo e um 3x3 no Paraguai deram a passagem à final. Final da Libertadores sem Pelé, como em 2003. Mas a redenção foi adiada e 2011 deu um novo tiro ao Peixe. Assim como em 2003 quando fez uma revanche de 63 com o Boca, em 2011 a revanche foi de 62 contra o Peñarol.

No primeiro jogo em Montevidéu muito nervosismo de parte a parte e um 0x0 trouxeram a decisão para o Pacaembú.

Em São Paulo, primeiro tempo nervoso como no Uruguai e 0x0. Veio o segundo tempo e logo aos 3’ Neymar depois de uma jogada linda de Arouca e Ganso, abriu o placar com uma ajudinha de Sosa. O caldeirão fervia no Pacaembú e na pressão, Danilo, um dos melhores coadjuvantes desse time, tabelou com Elano, driblou o zagueiro pra dentro e fez um golaço. 2x0. Festa e título próximo. Mas nada pode ser tão simples. Stoyanoff que acabara de entrar centra para a área e Durval, um gigante, ao tentar cortar manda pra dentro do próprio gol ao 34’.

O Peñarol buscava o empate desesperadamente e desordenadamente e dava espaços para o contra-ataque santista que teve duas chances claras de ampliar, ambas com Zé Eduardo. Uma numa cabeçada sem goleiro e a outra após um rebate de um chute de Neymar na trave.

Nada que tirasse o brilho e evitasse a conquista santista. Uma conquista com méritos, a fórceps quase. Merecida para o Santos que renasce de vez. Merecida para Ganso e Neymar, os melhores em atividade no Brasil. Mas, sobretudo, merecida para Muricy. O técnico mais vitorioso dos últimos 6 anos no Brasil e que não tem a mídia que outros têm. Ele que fez o São Paulo tricampeão brasileiro, o Fluminense campeão brasileiro, o Santos campeão paulista e da América em 60 dias. Ele que carregava o estigma de Pé Frio em Libertadores.

Depois que ele saiu do São Paulo, nenhum título no Morumbi mais. O Fluminense que cambaleia esse ano é o mesmo que Muricy fez campeão brasileiro em 2010. O Santos frágil de Adílson que com ele virou uma rocha defensiva tomando pouquíssimos gols sem perder a essência atacante.

Parabéns ao torcedor santista, que lavou a alma. Parabéns ao Santos por ter construído esse caminho glorioso. Parabéns Muricy pela afirmação definitiva de técnico vencedor.

Que venha o Barcelona!