quinta-feira, 14 de abril de 2011

A compaixão contra o dinheiro

 

Sei que o blog se dedica bastante a falar de futebol, mas o tema hoje é vôlei.

Muito triste o ocorrido com a delegação feminina do time de Araçatuba, o Vôlei Futuro.

Um acidente ainda sem explicação, graças a Deus sem vítimas fatais ainda. A única em estado gravíssimo é a libero americana, Stacy que está na UTI lutando pela vida.

O time de Araçatuba no passado era coadjuvante na Superliga mas decidiu investir pesado e montou supertimes tanto masculino quanto no feminino. Ricardinho, Leandro Vissoto no masculino, Paula Pequeno e Fabi no feminino são provas que o time investiu para ganhar. E no seu ano de redenção acontece uma coisa escabrosa dessas.

O acidente em si mostra algumas coisas relevantes. Vamos a elas:

1) Em que pese o brasileiro tenha a pecha de ‘Gérson’, na verdade somos um povo solidário. Só não houve mais feridos graves porque William, levantador da geração de Prata e hoje técnico do Vôlei Futuro, teve o estalo de ligar para Luizomar de Moura, técnico do Osasco. Luizomar acionou as ambulâncias de resgate e tudo foi feito como deveria ser.

2) A compaixão dos dirigentes da Superliga e do Sollys Osasco é emocionante. Osasco poderia ter sido covarde e ser beneficiado com um W.O., mas preferiu  caminho da solidariedade. Lição que fica!

3) Cada dia mais se comprova que a Grande São Paulo precisa urgente de um plano de contenção das enchentes. O volume de água criou poças e, ao que parece, o motorista não viu a mureta da subida de um viaduto. É impossível que tenham passados tantos prefeitos e governadores e ninguém consegue resolver o problema das chuvas.

4) Segundo o blog do Bruno Voloch, a Globo não arreda pé da data da final da Superliga, dia 30 de abril no Mineirinho, o que obrigaria os times voltarem a jogar em 6 dias no máximo. Honestamente, me recuso a crer que o dinheiro fale tão alto assim num momento como esse, juro mesmo. Se for verdade é desumano demais. Que a Globo perceba que é uma situação atípica e que merece cuidados extra contrato. Que a CBV entenda que não está lidando com pinos de madeira e sim seres humanos e não sobrepuje o lado humano em função do dinheiro e faça valer sua condição de mandatária.

Por último fica minha torcida pela líbero americana que está na UTI. Deus queira que ela se recupere e mais do que voltar a jogar, volte a vida normal. Jogar seria um bônus nessa altura dos acontecimentos.

A hora é de rezar por Stacy.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Falcão na casamata colorada

 

E o Internacional (com alguns meses de atraso) finalmente demitiu Celso Roth. Nada contra o treinador, até porque não o conheço, mas Roth é um técnico com prazo de validade. Funciona bem por uns 3 a 4 meses, daí seus trabalhos começam a ruir de uma hora para outra.

A chegada no Beira-Rio em 2010 foi no meio de um turbilhão criado por Jorge Fossati, que durou pouco no cargo. Celso chegou e arrumou a casa tirando figuras do time que jogavam apenas com o nome, como Pato Abbondanzieri. Com isso o elenco ganhou confiança e disparou a jogar bem. Ganhou bem a Libertadores e na primeira parte do Brasileiro, o colorado sobrava.

A medida que o tempo passava, o ritmo foi diminuindo e ele passou a ser contestado. Eis que veio o mundial em Dubai e Celso Roth colecionou seu vexame mais intenso, a eliminação vexatória para o Mazembe do Congo, de Kabangu e Kidiaba, o goleiro que quica. Ali talvez fosse a hora da direção do Internacional ter encerrado o “ciclo Roth” no Beira-Rio. Mas preferiu-se seguir com ele.

Veio 2011 e atuações pouco convincentes, em que pese estar ganhando alguns jogos. A derrota para o último colocado do Campeonato Mexicano, decretou o fim da linha para Celso Roth. A casamata (banco de reservas em ‘gauchês’) no Beira-Rio não é mais seu habitat.

Agora o colorado tenta reerguer. E acertou em um ponto básico: saiu da mesmice. Não contratou nenhum dos técnicos que sempre estão na ciranda.

Recorreu a um ídolo, talvez o maior da sua história. Paulo Roberto Falcão.

Falcão é desses caras acima de qualquer suspeita. Craque no campo, um meia com estilo, jogava de cabeça em pé. Inteligente fora dele, foi por muito tempo comentarista da Globo e sempre muito conciso na sua visão de campo.

Sua chegada ao Beira-Rio é uma tentativa do novo, do pouco usual. Isso traz benefícios imediatos para o clube e principalmente para a diretoria. A torcida tem mais paciência quando um dos seus está na casamata vermelha. Comparece em maior número também. Claro que o sentimento não é de ferro e se as vitórias forem escassas, Falcão também vai sofrer. Aliás, ele é o único que tem algo a perder nessa história. Correr o risco de ser vaiado pela torcida que mais o ama não é fácil.

O Internacional já tentou isso com o mesmo Falcão em 93 e não deu lá muito certo não. Me lembro de ter 16 anos e ir com meu pai no Pacaembú ver o Corinthians ganhar do Inter por 2x0, gols de Tupãzinho e Leto. Mas a aposta é boa, agora é esperar pra ver o que vai dar.

Seria bom pro futebol ver triunfar um ex-jogador fora da ciranda dos técnicos midiáticos, assim como foi prazeroso, ver Andrade campeão brasileiro pelo Flamengo em 2009.

Boa sorte, Falcão. Você merece.