Ontem foi um dia para se esquecer na história da seleção brasileira. Não pela eliminação em si, porque o Paraguai é uma boa seleção, mas pela forma com que ela aconteceu.
Esqueçamos por breves momentos da disputa de pênaltis. Vamos olhar para a campanha nos 4 jogos realizados em solo argentino.
Na estréia um melancólico 0x0 contra a Venezuela. Um time que antes era sparring para goleadas agora ostenta um tabu contra nós, com 3 jogos sem perder. E não foi um empate cheio de alternativas, de boas chances paradas pelo goleiro venezuelano. Não. Foi um 0x0 típico mesmo.
No segundo jogo, outro empate. Agora contra o Paraguai. Fizemos 1x0 com Jadson, tomamos uma virada no segundo tempo e empatamos no fim com um gol esquisito de Fred.
O terceiro jogo foi contra o Equador. Um primeiro tempo triste com um gol para cada lado. Pato para o Brasil, Caicedo pelo Equador. Na volta uma luz. 45 minutos de bom futebol e mais 3 gols com Pato de novo e duas vezes Neymar. Caicedo ainda fez mais um selando o 4x2. Brasil em primeiro lugar. Aos trancos e barrancos, mas primeiro.
O jogo de ontem do ponto de vista de volume de jogo nem foi dos piores. O Brasil foi amplamente superior a um Paraguai acuado. Mas o Brasil de Mano não tem uma filosofia de jogo definida. Era um bando de búfalos alucinados contra índios acuados que não tentaram uma flechada sequer. O scout mostra quase 70 desarmes guaranis contra 22 brasileiros. O que dá uma idéia do que foi o jogo.
Mesmo assim alguns aspectos chamam negativamente a atenção como por exemplo no fim do segundo tempo do tempo normal e no fim de cada tempo da prorrogação. Nos três casos o Brasil tocava bola passivamente esperando o tempo passar. Elano, desde sua entrada, parecia ter incorporado o Zinho de 94, a “enceradeira”. Pegava a bola, girava o corpo e tocava atrás. E, convenhamos, com a superioridade tamanha, se permitir ir a prorrogação e depois aceitar a idéia de pênaltis é triste demais.
A eliminação na disputa por pênaltis nada representaria não fosse pela forma como foi. Em 4 quatros cobranças foram 3 para fora, sendo que em duas parecia tiro de meta com Elano e André Santos. Não me lembro em 34 anos de vida ter visto um time chutar 3 de 4 pênaltis fora. Uma eliminação vexatória.
Pior é constatar que era a única competição oficial até 2013, já que não teremos eliminatórias.
Não temos um time titular formado, não podemos reclamar de ter ido com reservas, porque fomos sem Kaká apenas e pelo momento de carreira ele não deveria estar mesmo e sem uma idéia concreta de plano de jogo. Mano faz alterações de seis por meia dúzia. E pareceu perdido na Argentina. O caso Jadson é assustador. Ele foi escalado contra o Paraguai na primeira fase, porque “contra o Paraguai nós precisavamos de um outro homem na armação junto com o Ganso”. Ele entrou, fez um gol, tomou um amarelo e pronto. Não voltou do intervalo, não entrou em mais nenhum jogo. Nem ontem contra o mesmo adversário, que supostamente exigia mais um homem na armação.
No fim ele sacou Ganso para por Lucas, ao invés de sacar um dos volantes que estavam ali de enfeite dado que o adversário não queria nada com o jogo.
Um atuação triste, um time sem padrão, um técnico sem convicções, um Brasil envergonhado.