domingo, 9 de junho de 2013

Os Rumos da Seleção

 

Passados os amistosos e o fim do tabú sem vitória chega a hora da seleção encarar seu primeiro desafio real com Felipão que é a Copa das Confederações

Depois do fiasco de 2010, a seleção passou por uma reformulação necessária sob o comando de Mano Menezes que em dois anos lutou demais para achar uma formação e um esquema.  O Brasil por ser sede não disputou as eliminatórias e isso faz falta em um time em formação. A eliminatória daria ritmo de competição ao time, amistosos pouco servem nesse aspecto. Quando parecia encaixar o time em um 4-6-0 interessante, com dois volantes, Neymar e Hulk pelos lados e Kaká e Oscar na armação se revezavam como referência, Mano caiu. E veio Felipão.

Felipão tem bagagem e tem um título mundial no curriculum em situação idêntica. Pegou um time destruído, sem base nenhuma e fez um esquema que funcionou bem demais. Ele armou com dois zagueiros fixos de área (Roque Junior e Lúcio), um volante híbrido de zagueiro (Edmilson), dois laterais que só sabiam atacar (Cafú e Roberto Carlos), dois volantes que tinham poder de marcação e saída (Gilberto Silva e Kleberson), dois homens na armação (Ronaldinho e Rivaldo) e uma referência no ataque (Ronaldo). Com a bola era um 4-2-4, sem a bola um 5-3-2. Isso era necessário pois os laterais subiam e demoravam a voltar, mas funcionou bem demais.

O time que se desenha agora tende a ser estruturalmente assim, mais ou menos como o time do segundo tempo hoje. Como em 2002 temos dois laterais que jogam melhor na frente do que atrás. Daniel Alves e Marcelo são excelentes no ataque mas deixam espaços. No miolo de zaga dois zagueiros fixos. Thiago Silva é titular e capitão. A outra vaga fica entre David Luiz e Dante, por um motivo simples: David Luiz pode ser o híbrido de volante e zagueiro, vaga que tem como postulantes Fernando e Luiz Gustavo. Ralf também pode ser esse homem. E de todos parece o mais preparado.

No meio a estrutura deve ser com dois volantes que sabem sair para o jogo, como Hernanes e Paulinho. Ramires também disputa uma dessas duas vagas. Na armação mais dois. Neymar é intocável, a outra vaga fica entre Oscar, Hulk e Lucas. Mais a longo prazo Ronaldinho e Kaká também postulam a essa vaga na armação. Ronaldinho mais, Kaká menos.

No ataque a referência atual é Fred que parece absoluto nessa função. Na sua reserva é que está a indefinição. Damião, Pato, Jô e (porque não?!) Robinho. Dos quatro a melhor fase é de Jô, a pior é de Pato e Damião.

Se tivesse que apostar em um time titular para a Copa do Mundo, pensando com a cabeça do Felipão, apostaria em Julio Cesar; Daniel, Thiago Silva, Dante e Marcelo; David Luiz; Hernanes, Paulinho, Neymar e Oscar (Hulk); Fred.

Olhando friamente é muito bom time, equilibrado na defesa e com poder de punch no ataque. Resta esperar para ver. Mas dá para acreditar sim. A fase ruim trouxe desconfianças à torcida e um pessimismo exagerado até. A Alemanha passou pelo mesmo drama em 2006, antes da sua copa em casa e os meninos funcionaram bem demais sob o comando de um vibrante Klinsmman. Por isso acho que até 2014 tudo se encaixa.

Enfim Ela Veio!

 

Depois de 3 anos e meio sem vitórias sobre grandes seleções, dois técnicos, quase 90 jogadores testados enfim ela veio contra um dos nossos maiores algozes: A França. E foi uma senhora vitória! Um sonoro 3x0.

É bem verdade que ela poderia ter vindo antes. No amistoso contra a Itália tivemos 2x0 de vantagem e tomamos o empate no segundo tempo e contra a Inglaterra na reabertura do Maracanã domingo passado quando terminamos o primeiro tempo com 17 finalizações contra 2 dos ingleses.

No jogo de hoje enfrentamos uma França que jogou um primeiro tempo bem solta e envolvendo fácil a marcação brasileira principalmente pelo lado direito da defesa do Brasil. O meio-campo do Brasil tinha dificuldades na criação com Paulinho muito preso atrás e Neymar e Oscar muito escondidos do jogo. Do setor de ataque apenas Hulk jogava bem, o que, diga-se, não é novidade nenhuma. Mesmo assim conseguimos equilibrar o jogo e ainda tivemos algumas chances de gol. No fim um 0x0 justo.

Veio o segundo tempo e Felipão voltou com o mesmo time. Mas bem mais solto. Uma bola recuperada no meio campo (com falta) dá origem à jogada do primeiro gol. Passe para Fred que domina e acha Oscar na área livre, que com frieza absurda dominou e tocou mansa no canto de Lloris. Brasil 1x0.

Com o gol, Scolari decidiu mexer no time. Sacou Hulk e Oscar para as entradas de Fernando e Lucas. Naquele momento o Brasil tinha a cara do Brasil de 2002, com 3 volantes sendo um deles híbrido servindo como zagueiro sem a bola, dois homens abertos pelos lados e uma referência. O time melhorou e passou a exercer domínio maior.

Mais uma alteração veio entrando Hernanes e saindo Luiz Gustavo. Essa determinou o destino do jogo. Hernanes jogou demais. E foi dele o segundo gol nascido em um contra-ataque com cara de Brasil: Paulinho carregou da defesa até a intermediária, abriu para Lucas que cruzou para Neymar ajeitar com um toque para a finalização cruzada de Hernanes. 2x0. Enfim o tabú acabava.

Depois entraram Jô e Bernard nos lugares de Fred e Neymar respectivamente. Bernard teve uma chance clara no contra-ataque e perdeu gol feito. A última alteração mudou táticamente o time com Dante no lugar de Paulinho, passando David Luiz para volante. No último lance do jogo Marcelo arrancou pela esquerda, entrou na área e foi calçado pelo zagueiro. Penalti que Lucas cobrou com perfeição para decretar um sonoro 3x0 que lavou a alma da torcida.