sexta-feira, 6 de maio de 2011

Os Pavões e as Formigas

 

Ontem foi dia de Copa do Brasil. Dois jogos movimentaram a rodada.

Em Curitiba, o Coxa enfiou 6x0 no Palmeiras. No Engenhão o Ceará, carinhosamente apelidado por sua torcida de “Carroça Desembestada” parou o Bonde do Mengão Sem Freio. 2x1 com autoridade.

E o porque do título do post? Porque há semelhanças entre os resultados, excluindo-se o placar, claro. Os dois perdedores da noite tem técnicos vaidosos ao extremo e badalados. Custam uma fábula aos cofres dos seus empregadores e não geram o resultado exigido em cima da expectativa criada.

Hoje, Wanderlei Luxemburgo e Luiz Felipe Scolari, os Pavões, não compensam o custo benefício. Já não têm mais conquistas que os habilitem à condição de top de linha. Porém ambos têm grife. Fosse Estevam Soares e o 6x0 de ontem traria na bagagem de mão um  homem a menos no vôo de volta. O que se viu ontem no Couto Pereira foi um baile, um nó tático e técnico, um jogo para o torcedor verde esquecer.

Ultimamente Felipão aparece mais pela sua excessiva choradeira fora de campo do que pelos resultados conquistados dentro dele. Me arrisco a dizer que o seu último grande trabalho foi em Portugal onde levou o time ao 4º lugar da copa 2006.

No Engenhão não foi diferente. O Ceará fez um jogo taticamente perfeito. É um time rodado, com jogadores experientes e bons. Fernando Henrique no gol, Vicente pela esquerda, Geraldo no meio e Iarley no ataque formam uma boa espinha dorsal no ‘Vozão’ de Fortaleza. E o 2x1 saiu barato para o Flamengo. Geraldo perdeu um gol sem goleiro a 10 minutos do fim contra um Flamengo no vai da valsa.

Wanderlei Luxemburgo desde 2005 não emplaca um título que não seja estadual. O último foi o Brasileiro de 2004 pelo Santos. De lá pra cá, foram apenas estaduais e participações medianas em outros torneios. Ano passado quase rebaixou o Galo no Brasileiro. E mesmo assim a imprensa o ama. Ontem ele tirou Deivid e colocou Vanderlei no segundo tempo. No primeiro toque de Vanderlei na bola, gol do Flamengo. O locutor Luiz Carlos Junior disse na hora: “Brilha a estrela de Wanderlei!”, no que foi prontamente corrigido por Paulo César Vasconcellos: “Do Vanderlei jogador, Luiz”.

Já as Formigas são Vagner Mancini e Marcelo Oliveiro, técnicos de Ceará e Coritiba respectivamente. Trabalham em silêncio em troca de pouco dinheiro e produzem o mesmo que os Pavões, as vezes até mais.

Mancini já rodou muitos clubes e seus trabalhos costumam aparecer mais em equipes de menor porte, como agora no Ceará e no Paulista de Jundiaí onde ganhou a Copa do Brasil em cima do Fluminense. Depois rodou por Santos, Vasco e outros sem sucesso. Seu Ceará é trabalhador e inteligente. Geraldo e Iarley dão o tom da experiência e tem em Nicácio um bom goleador. A vitória de ontem não deixou margens quanto ao mérito. Atuação segura e convincente.

Marcelo Oliveira herdou um Coxa vencedor de Ney Franco e soube dar continuidade ao trabalho do ótimo antecessor. A sequência de 26 vitórias é coisa que impressiona. Se pairava alguma dúvida pelo nível dos adversários, ela cessou ontem nos assustadores 6x0 no Palmeiras no Alto da Glória. Claro que é cedo, mas hoje o Coxa joga o melhor futebol do Brasil ao lado do Cruzeiro.

Oxalá o futebol perceba que as formiguinhas, como Mancini, Dorival Junior, Ricardo Gomes, Caio Júnior, Renato Gaúcho, Mano Menezes compensam mais. Eles são menos mal humorados, menos vaidosos e entendem seu lugar sem querer aparecer demais.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Noite dos Pesadelos

 

Ontem o futebol brasileiro teve, talvez a noite mais vergonhosa de sua estória na Libertadores da América. Foram 4 eliminações em 4 confrontos. E só não foram 5 porque o anjo Rafael Cabral salvou o Santos em Querétaro no México na terça-feira.

Bem verdade que desses eliminados, um já se previa: o Grêmio. Tão mal que jogou em Porto Alegre contra a Católica, saiu com derrota em casa. O jogo no Chile era (quase) pró-forma.

Agora, os outros três quebraram todos os bolões possíveis.

A maior decepção da noite foi o todo-poderoso Cruzeiro. Time de melhor campanha na primeira fase, dono de um ataque arrasador e de um futebol vistoso, era fava contada na esmagadora opinião da maioria, inclua-se o blogueiro. Mas Cuca parece ter um bloqueio em decisões. Assim foi no Botafogo por 3 anos e ontem mais uma vez, culminando com uma cotovelada ridícula em cima de Rentería.

Não acho Cuca um mau técnico, mas lhe falta tranquilidade. E sempre a culpa recai na arbitragem. Com todo respeito, anularam mal o gol do Gilberto, mas nada justifica tomar 2 gols do mediano Once Caldas e não fazer nenhum. O Cruzeiro do segundo tempo foi um dejavu do Botafogo. E assim, toda uma campanha espetacular foi ralo abaixo. Agora é juntar os cacos e enfrentar o Galo na final do Mineiro em dois jogos.

O Fluminense provou ontem ser mesmo o time do impossível. Depois de um 3x1 no Engenhão e 0x0 no primeiro tempo em Assunção, o Flu conseguiu tomar 3 gols do Libertad, que não é mal time não, e caiu depois de ter conseguido uma classificação heróica na Argentina.

O tricolor pagou o preço de não ter técnico. Em que pese estar apalavrado com Abel Braga para o meio do ano, Enderson Moreira não tinha estofo para segurar o rojão. O jogo contra o Argentinos foi ganho na fibra demonstrada em campo.

Agora é decidir o que fazer até o Brasileiro. Pode vir uma reformulação aí, afinal é um elenco caro e a eliminação precoce mexe nas provisões financeiras do Flu.

Já o Internacional, já sob o comando de Falcão, caiu no Beira-Rio contra o Peñarol do Uruguai.

Eu que gosto de futebol sempre me acostumei com aquela tese de que jogar contra uruguaios era difícil demais. Eles não desistem nunca, batem muito e tem técnica. Jogos contra Peñarol e Nacional sempre foram pedreira nos anos 80 principalmente. Depois o o futebol uruguaio entrou em decadência e eles nunca mais fizeram boas campanhas na Libertadores. Porém a boa Copa do Mundo na África do Sul parece ter despertado o futebol uruguaio.

A atuação do Peñarol ontem foi de encher os olhos. Não pela virtuosidade da bola, mas sim pela entrega. O Inter abriu o placar cedinho no jogo e achou que a parada estava resolvida. Na volta do intervalo, em 5 minutos os uruguaios conseguiram a virada. Dali pra frente foi um Internacional desesperado e desassossegado (a discussão do Sóbis com o D’Alessandro foi sintomática) em busca da virada e um Peñarol trancadinho lá atrás. E assim Falcão amargou a sua primeira derrota no Colorado e não esquecerá dela tão cedo.

Nunca o futebol brasileiro foi tão mal como na noite de ontem. Porém tudo pode ter um lado bom: O Brsaileiro não vai ter times dividindo atenções com outra competição e podemos ter um nível excelente logo no começo do campeonato.

A hora agora é de reconstruir. E rápido.