segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O Herói Possível

Quem começou a acompanhar futebol de 10 anos pra cá se acostumou a ver o jogo dos milhões. Onde as cifras são astronômicas, onde atletas são superstars, cada um com um staff de fazer inveja a astros de Hollywood, cercados de belas mulheres e montados em espaçonaves sobre rodas.

Eu sou de um outro tempo. Do tempo onde jogador jogava bola por prazer. Onde só jogavam no exterior jogadores já consagrados em seleção brasileira. Onde entrevistas eram dentro do vestiário e não com assessor de imprensa. Num tempo onde colorido era apenas a camisa de jogo e não a chuteira. Onde não existia TV a cabo com pay per view, tempo do futebol no radinho aos domingos. Tempo que ganhava-se a quinqüagésima parte do que se fatura hoje um jogador de ponta. A era romântica do futebol. Como era melhor!

Pois hoje um pouco dessa época voltou. Durante o evento Fifa que premiou os melhores do planeta bola, uma centelha de esperança brilhou. Numa festa que coroou Messi como o rei desse planeta pela quinta vez, houve espaço para um herói anônimo que atende pelo nome de Wendell Lira.

Num ambiente onde desfilavam Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar, Kaká, Iniesta, Pogba, o goiano Wendel tirou lágrimas dos presentes ao ganhar o prêmio Puskas de gol do ano de 2015. Os olhos marejados de Marcelo, Eto'o e outros mostravam o tamanho da façanha do brasileiro. Wendel levou jogando pelo modesto Goianésia. Num cenário onde concorria com Messi, Wendel levou. Nessa hora não importou que Messi ganhe 9 mil reais por hora enquanto Lira ganha 3 mil por mês. Messi tem contrato quase vitalício no clube mais rico do mundo, Wendell passou 4 meses desempregado em 2015! E assim mesmo levou. Mesmo que digam: "Ah era votação popular" ainda assim o apelo de Wendell é mínimo em comparação com o argentino. O povo brasileiro se mobilizou, esqueceu as diferenças clubísticas e se encantou com alguém que é seu retrato e semelhança. O guerreiro sofrido do dia a dia que corre atrás, que acorda cedo pra garantir o pão de cada dia, que honestamente leva sua vida em um país imerso em corrupção e violência.

Wendell é o herói possível. A síntese do que o povo brasileiro espera. Simplicidade, honestidade e obstinação. Aquele que ofuscou o popstar Neymar pelo menos por um dia. Ele fez você, eu derramarmos algumas lágrimas de orgulho por mostrar que querendo esse país tem jeito. E por mostrar que o futebusiness vai ser futebol sempre! Que bom.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A Camisa, A Mediocridade e a Besta

 

Nunca escondi de ninguém que sou corinthiano. Aliás, faço isso até com uma certa veemência acho. E às vezes me cobram posts sobre o Corinthians e muita das vezes evito por ter medo de não conseguir ser isento de paixão ou rancor nas palavras, mas passada a goleada sofrida no Maracanã decidi fazê-lo.

Se teve algo que o Maracanã mostrou ontem foi que a decisão de substituir Mano Menezes tomada após a derrota para o Atlético na Copa do Brasil foi mais do que acertada, foi certeira. Costumo brincar nas vitórias que a camisa alvinegra joga sozinha e nesse time de Mano Menezes isso é a mais pura expressão da verdade. Ele não faz nada para ajudar a mística! As discussões com torcedores durante os jogos (a de ontem beirou o absurdo com ele mandando o torcedor, que pagou, sentar), as coletivas rancorosas e os chiliques na beira do campo são chatos e desmedidos. A passagem de Mano pela seleção trouxe soberba (que já era grande) extra ao treinador como mostra a saída do Flamengo dizendo que ele não via nada que pudesse fazer para melhorar o time, fato depois negado pelo trabalho excelente de Jayme de Almeida levando o time ao título da Copa do Brasil. E essa passagem pelo Corinthians ratifica isso.

Analisando friamente números da campanha, ela nem é tão ruim afinal o time classificou para a Libertadores com uma rodada de antecedência. Mas ver o Corinthians jogar não tem sido agradável. Esquema tático engessado, meio-campo sobrecarregado, laterais com deficiências sérias e a falta de atacantes confiáveis no elenco tornam o Corinthians um time muito difícil de ser remontado em janeiro. Um time que joga para não sofrer gols e que tem extrema dificuldade na criação, o que acaba resultando em um time que só faz gols em conta-gostas e de preferência quando Paolo Guerrero dá o ar da graça.

Olhando para a estrutura em campo notam-se os problemas e eles gritam para quem quiser ver. A defesa com Cássio, Gil e Anderson Martins ou Felipe é segura porém o problema começa nas laterais. Fagner chega bem ao ataque mas cruzar é um calvário para ele. Sem contar os espaços na marcação e as decisões contestáveis como aquele escanteio cedido infantilmente que ocasionou no quarto gol do Galo na Copa do Brasil. Fábio Santos é bom defensivamente mas sobe pouco ao ataque e quando o faz tem dificuldade em voltar até pelo peso da idade já.

No meio está a base de todos os problemas. As maiores críticas se dão pelo time ter problemas na criação de jogadas mas Mano apesar de ter 4 armadores de origem no elenco prefere jogar com 3 volantes. Ralf é o esteio defensivo, Elias não é mais o Elias de 2008/09. Esse Elias de hoje desaprendeu a fazer gols e quase não sobe ao ataque, tarefa que tem sido de Petros que apesar do vigor na marcação não ajuda em nada na criação por pura falta de cacoete mesmo. Sobra para Renato Augusto a tarefa de municiar os atacantes sozinho sendo que no banco tem Jadson, Lodeiro (a quem foi dado 4 tempos apenas de mostrar futebol) e Danilo que vem sobrando na turma mas inexplicavelmente não joga.

No ataque Guerrero está voando e Malcom desponta como uma excelente promessa. Os reservas do ataque pouco ajudam. Romero começou bem e se perdeu. Aliás, na minha opinião, por falta de assessoria. Romero depois de dois ou três bons jogos no começo era figurinha carimbada nas redes sociais fazendo troça de adversários diretos sendo que ele ainda não era nada e mal conhecia o ambiente novo. Luciano é um Tupãzinho piorado: só faz gols se entrar com o jogo andando e é incapaz de assistir à um companheiro melhor colocado. Ele só faz algum passe se for para trás, para frente ele chuta de onde estiver e em geral de forma patética.

Mesmo com todos esses problemas, o Corinthians garantiu vaga na Libertadores 2015 mostrando a mediocridade atual do futebol brasileiro. E o fez de uma forma: na força da camisa (aquela que joga sozinha, lembram?), porque na bola e na dependência do seu treinador não seria possível, posso assegurar…

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Era Dunga II, A Missão

 

Hoje oficialmente se deu o pontapé inicial para o ciclo de 4 anos até 2018 com a primeira convocação de Dunga para os amistosos contra Colômbia e Equador nos Estados Unidos.

Primeiro ponto que chama a atenção é a força que Dunga faz para não ser o ranzinza que se mostrou em 2010. Mas é louvável a tentativa, pelo menos.

Quanto a convocação não gostei. Alguns remanescentes do fracasso de 2014 que foram mal na Copa como Fernandinho por exemplo. Há também alguns que não foram chamados e terão dificuldades em voltar, casos de Júlio César, Daniel Alves, Dante, Marcelo, Paulinho e Fred. Para esses as maiores chances de retorno recaem sobre Marcelo e Paulinho por serem novos ainda. O resto vai ter que mostrar muito!

Estruturalmente a convocação também deixou a desejar. Sobram volantes, faltam atacantes e homens de criação. Os meias chamados são todos de arrastar a bola ao ataque em velocidade. Não há um meia cerebral nos convocados. No ataque apenas um de ofício: Diego Tardelli. É pouco em quantidade e menor ainda na qualidade. Mas vamos analisar setor por setor os convocados e os excluídos.

Goleiros: Jefferson é o único dos três da Copa que permaneceu e é bom nome. Nada além disso. Bom e ponto. Rafael Cabral é boa novidade. Novo, frio e elástico tem tudo para ser o goleiro em 2018. Victor e Cavalieri também seriam opções mas não estão bem tecnicamente. O que me assusta nisso tudo é porque o melhor goleiro do Brasil há algum tempo não é chamado? Fábio, do Cruzeiro, é o melhor goleiro em atividade no futebol brasileiro faz tempo e nenhum técnico leva.

Laterais: Aqui a mudança foi grande e boa mas fiquei sem entender o porque de manter Maicon se claramente ele não chega a 2018 em condições. Aos 32 anos e baseando seu jogo na força física, será difícil manter-se no topo por mais 4 anos. Danilo e Alex Sandro do Porto são bons nomes e novos. Filipe Luís quase foi a 2014 perdendo a vaga para o fraco Maxwell em cima do laço. Para o lugar de Maicon poderia ter sido chamado Rafinha do Bayern que vem bem faz tempo.

Zagueiros: Thiago Silva não foi convocado apenas por estar lesionado. Dunga gosta e confia nele. David Luiz foi mantido e deve ser o capitão dessa geração. Miranda é boa escolha. Zagueiro sério que joga o feijão com arroz. As novidades são Marquinhos e Gil. O zagueiro corinthiano merecia a convocação faz tempo. Tem boa recuperação, bom por cima e faz poucas faltas, porém a mania de gostar de peitar atacante tornam ele mentalmente instável. Marquinhos se achou na Europa, mas tenho minhas dúvidas. Ir bem na Europa é relativo demais, muito jogador que saiu daqui sem chamar a atenção, por lá brilhou e quando teve chance na seleção decepcionou, os exemplos são muitos: Brandão, Naldo, Elber, Eriberto, Afonso Alves, Ederson e outros. Pesa contra Marquinhos a baixa estatura para zagueiro.

Volantes: O problema aqui nem está na qualidade e sim na quantidade excessiva. Foram cinco! Luiz Gustavo sobreviveu a 2014 mas tem péssima saída de jogo. Os segundos volantes foram Fernandinho, que foi um dos vilões daquela semifinal do Mineirão e da disputa de 3º lugar, está de volta. Ramires também permaneceu. As novidades foram Elias e Ricardo Goulart, que mereceram demais a chance. Senti a falta de Hernanes nesse grupo. Ele seria um sopro de cadência nesse meio. Elias, Ramires e Goulart são volantes de chegada na área como homem surpresa, não tem características de armação.

Meias: De novo: a preferência por homens de ligação e não de criação. Everton Ribeiro é boa escolha. Foi fundamental na conquista celeste no Brasileiro de 2013 e segue bem esse ano. Phillipe Coutinho vem arrebentando no Liverpool e foi boa opção. Oscar e William permanecem no grupo. Oscar oscila demais e é tímido demais para ser o cara do meio. William precisa primeiro ser titular do Chelsea para se firmar na seleção. Faltou Ganso que voltou a jogar bem e acho que a convocação poderia ser o empurrão que faltava para ele voltar a brilhar, sem contar que ele é esse meia de criação que faz falta, o homem que pensa o jogo. Hulk e Neymar são os homens de lado que serão os híbridos entre meio campo e ataque.

Atacante: Diego Tardelli. E só. Diego vem bem no Galo mas nunca foi bem quando convocado. E volta pouco para buscar jogo o que dificulta ainda mais. Mas o problema no ataque são os nomes. Não há um atacante goleador brasileiro nesse momento. Pato e Damião que poderiam ser os donos da camisa nove estão em baixa há muito tempo. Gabriel, o Gabigol, é bom mas novo demais. Falou-se em Roberto Firmino que está em alta na Bundesliga, mas é desconhecido e Dunga sabe o que sofreu por conta de Afonso Alves e cachorro mordido de cobra tem medo de linguiça.

Analisando a convocação e o possível time base fica-se a sensação que ou ele confia demais no Tardelli ou ele vai montar um dublê de Alemanha com um falso nove. Nesse caso um volante de contenção como Luis Gustavo, um volante de saída e Neymar na esquerda, Hulk na direita e Oscar e Coutinho ou Everton Ribeiro se revezando na função de chegar a frente. Se for com Tardelli, ele entraria na vaga de Phillipe Coutinho ou Everton, tornando o time um 4-2-3-1 cópia fiel do time de Felipão.

Oremos!

sexta-feira, 25 de julho de 2014

O Futebol, A Milionária e os Submissos

O declínio do futebol brasileiro não se baseia apenas na seleção brasileira. Passa por problemas estruturais desde as categorias de base onde não se formam mais jogadores como antes. De lá não saem mais meias de criação, centroavantes e jogadores criativos, apenas saem jogadores atleticamente invejáveis que correm o campo todo. Mas o que mais impressiona no futebol pentacampeão é a pendura que os clubes se encontram mesmo fazendo vendas de atletas por quantias vultuosas, do dinheiro de bilheteria e das ações de marketing que os clubes passaram a fazer de 5 anos para cá. E, sobretudo, das cotas de transmissão.

Muricy Ramalho certa vez disse que se um dia o Flamengo se organizasse não teria mais espaço pra nenhum clube no mercado. Mas porque isso não acontece? Por um motivo simples: os dirigentes em geral não estão nem aí para o bem do clube. Em um mundo sujo como o futebol, todos querem tirar o seu e isso basta.

Hoje todos os clubes da divisão principal estão afundados em dívidas, sobretudo com o INSS. Voltemos ao Flamengo, dados recentes apontam para mais de 300 milhões de reais em dívidas e ainda assim a eleição para presidente semore tem no mínimo 3 candidatos. Pergunto a você que me lê se teria interesse em presidir uma empresa quebrada. Certamente não. A menos que o interesse seja outro, como parece ser o caso. O Botafogo ameaça deixar o Brasileiro por ter suas receitas bloqueadas em virtude de dívidas milionárias também.

Outro caso que assombra é a questão dos direitos de televisão. Hoje apenas a Rede Globo detém esse direito e repassa uma parte a TV Bandeirantes. A questão nesse caso tá longe do valor pago que é muito bom para os clubes. O problema está na consequência disso. Os clubes são obrigados a jogar em horários determinados pela pagadora sem sequer ser levado em conta o torcedor que vai ao estádio. Esta semana tivemos o primeiro jogo no Itaquerão as 22 horas. Para você que não conhece São Paulo, Itaquera fica extremamente afastado do centro, por conta disso o torcedor precisa usar metrô e trem para chegar e sair, só que o horário do último metrô é as 0:09, depois disso só as 6 da manhã. Levando-se em conta que do estádio são uns 10 minutos a pé e o jogo que termina quase meia-noite acaba que o torcedor tem que deixar o estádio antes do fim do jogo, como aconteceu na quarta-feira, qdo os últimos 10 minutos o público tinha reduzido consideravelmente. E a conta, claro, não leva em conta as baldeações necessárias para o torcedor chegar em casa já que a estação Corinthians-Itaquera fica na linha vermelha. Se o torcedor morar na Consolação, por exemplo, são necessárias duas baldeações: Uma na Sé para entrar na linha Azul e depois outra no Paraíso para entrar na linha Verde. Alguém pensa nisso? Não. Dando audiência já basta. No. Rio de Janeiro em dias de jogos no Engenhão é o mesmo caso. E como evoluir se não respeita-se quem sustenta tudo isso? Impossível!

O campeonato inglês poderia ser usado como exemplo. Os clubes cansados da tirania da FA criaram uma liga que tornou-se milionária. A FA ficou apenas com a seleção e a Copa da Inglaterra. A base do acordo dos clubes na liga criada era que o poder era dos clubes. Quem quiser comorar os direitos de transmissão, vai ter que respeitar os horários da tabela. Nada de mudanças de horários em virtude da transmissora assim desejar, que é o certo. A casa é minha? As regras também! Menos no Brasil que baseado na sua desorganização vendeu a alma para a televisão e todos clubes se tornaram submissos.

E mesmo com tudo isso os clubes brasileiros seguem de pires na mão, quebrados. Vale a pena abrir mão do conforto dos seus seguidores para ficar na mesma pindaíba? Com a palavra os clubes...

terça-feira, 22 de julho de 2014

Dunga. De Novo!

Passada a ressaca da vexatória campanha na Copa do Mundo com direito a 10 gols em 2 jogos, a seleção recebe de volta Dunga como técnico para o próximo ciclo até 2018.

Dunga volta 4 anos depois de ser demitido e execrado por essa mesma CBF que agora o recontrata como salvador da pátria e o homem que deve resgatar o orgulho perdido. Orgulho, não a empáfia, essa não se perde nunca no futebol brasileiro, mesmo tomando de 7 numa semifinal de Copa, vamos sempre achar que somos melhores que todos e que temos 4 ou 5 seleções para montar. O que é a maior mentira que se pode ventilar. Hoje mal e porcamente temos uma e olhe lá! Para mudar seria necessário mexer em muita coisa, o que não deve acontecer. Um futebol que sempre foi pródigo de atacantes hoje pena para achar um homem de área. Depois de Careca, Romário, Bebeto e Ronaldo, atualmente temos Fred e Jô. Os que pintaram como apostas naufragaram como Pato e Damião. Dos novos talvez Gabriel, Gabigol, possa ser esse sopro de esperança mas é cedo demais para arriscar.

Após o fiasco de 2014 caiu quase todo mundo, menos Paulo Paixão e Alexandre Gallo. Felipão, Parreira, Dr Runco e até o assessor de imprensa Rodrigo Paiva, caíram. Gallo será o técnico do time olímpico e Paixão deve ser mantido como preparador físico. Gilmar Rinaldi foi contratado com diretor de seleções, cargo que antes não existia e que agora está sob a batuta de um empresário de jogadores em uma instituição promíscua como a CBF. No mínimo faltou bom senso.

Na primeira passagem de Dunga, ele ganhou Copa América e Copa das Confederações mas na Copa foi eliminado nas quartas para a Holanda. Se olhar sob essa ótica até que não foi tão ruim assim. O problema reside nas atitudes e no curriculum como técnico. Dunga fechou a seleção para a imprensa e, consequentemente, para o povo. Brigou com jornalistas, convocou jogadores para a Copa por gratidão apenas como Doni e Julio Baptista por exemplo. Quem não lembra da coletiva depois da eliminação onde ele disse "como eu iria deixar de levar esses jogadores se seguraram o rojão na Copa América com nós (sic)?".

Outro ponto foi a falta de comprometimento dele com o time. Depois da derrota para a Holanda, enquanto os jogadores lamentava a eliminação em campo ainda, o técnico desceu para o vestiário. Se criticavam Scolari por teimosia com Fred, Dunga fez o mesmo com Felipe Melo, jogador instável emocionalmente que todos temiam que pudesse prejudicar o time. No jogo contra a Holanda, Felipe fez um gol contra e pisou em Robben sendo expulso. Sem contar a não convocação de jovens que estavam voando como Neymar, Ganso e Marcelo. 

Mas esqueçamos o passado. Pensemos no pós 2010 e na trajetória de Dunga de lá para cá. Em quatro anos ele trabalhou por 10 meses apenas no Inter de Porto Alegre no ano passado. Foi campeão gaúcho em um campeonato onde tem apenas dois times de verdade. Quando foi testado em Copa do Brasil e Brasileiro, colecionou derrotas e foi demitido. Então por que Dunga de novo? Pelo simples fato de Gilmar e a CBF quererem mostrar quem manda por pura vaidade. Jogadores são convocados pelo que estão jogando, porque os técnicos não? Tite, Muricy, e até Marcelo Oliveira mereciam mais. Eu acho que poderíamos ter um técnico estrangeiro desde que viesse com bagagem internacional e valores a agregar, como Klinsmann, Pep Guardiola ou mesmo José Mourinho.

Mas agora temos Dunga e é com ele que vamos. Infelizmente. Oremos!

sexta-feira, 30 de maio de 2014

O Segundo Obstáculo: México

 

Dia 17 de junho em Fortaleza o Brasil enfrenta seu segundo adversário na caminhada pelo Hexa: a seleção mexicana.

México que em duelos recentes contra os brasileiros sempre endureceu os jogos e até ganhou alguns importantes como a final das Confederações em 1999 no Azteca, o jogo da fase de grupos da Copa das Confederações na Alemanha em 2005 e a final olímpica em 2012. Por isso convém abrir o olho e levar a sério esse duelo. Nos dois jogos mais recentes deu Brasil. Um amistoso em Laguna e na Copa das Confederações do ano passado, no mesmo Castelão diga-se.

Em copas foram 2 confrontos: um em 50 aqui no Brasil e outro em 66 na Inglaterra.

O time mexicano que vem a esse mundial é uma incógnita. Não se sabe se virá o time que tropeçou demais nas eliminatórias se complicando contra Panamá e Jamaica por exemplo ou o time que atropelou a Nova Zelândia na repescagem. Um ou outro fazem do México candidato a segunda vaga junto com a Croácia. Há também a questão da vaidade no time que pode por tudo a perder. Um dos seus melhores jogadores e maestro do time medalha de ouro em Londres, Carlos Vela, não vem por briga com o técnico. Giovanni dos Santos, outro campeão olímpico, não repete na seleção o que joga nos clubes por onde passa.

Olhando o elenco vê-se que a matéria-prima permite que se extraia um bom suco. No gol Ochoa é segurança pura, porém o técnico pode optar por Jesus Corona, que se não é um mago debaixo das traves também não compromete.

Na zaga dois veteranos dão o tom: Rafa Marquez que sente os efeitos da idade e o excelente lateral esquerdo Carlos Salcido. Mier, a quem Neymar fez de gato e sapato no jogo do ano passado não virá.

No meio Giovanni dos Santos é o principal articulador de jogadas. Luis Montes auxilia pelos lados do campo junto com os volantes Peña e Herrera.

No ataque o bom Chicharito Hernandez mas que não está em uma fase das melhores como estava em 2010, quando apareceu para o mundo infernizando os zagueiros franceses. Juntam-se a ele a maior esperança de gols desse time, o titular do ouro olímpico e artilheiro Oribe Peralta e também Raul Jimenez, outro atacante jovem e titular em Londres.

Como Camarões não deve dar muito trabalho no grupo, a seguir a lógica o México joga sua vida dia 23 no Recife contra a Croácia. Quem ganhar passa de fase. Simples assim!

No vídeo os melhores momentos de Brasil 2x0 México pela Copa das Confederações 2013

 

quinta-feira, 29 de maio de 2014

O 1º Adversário: Croácia

 

12 de junho, 17 horas. Dia e hora da bola começar a rolar para a Copa do Mundo em solo tupiniquim.

O primeiro adversário da seleção brasileira é a Croácia. Uma velha conhecida nossa de outras copas. Foi também o adversário de estréia em 2006, um jogo duríssimo decidido na genialidade de Kaká, o melhor do mundo à época.

Croácia é uma seleção com pouco tempo de vida. Dissidente da antiga Iugoslávia traz consigo o toque de bola daquele tempo. Jogadores de meio habilidosos, atacantes goleadores e muita força pelo lado do campo. Porém a preparação tem sido traumática em termos de lesões com 3 cortes de atletas. O que já se mostra perigoso em algumas posições onde haverá de se improvisar como na lateral esquerda, onde o bom meia esquerda Daniel Pranjic deverá ser efetivado.

Tem uma espinha dorsal muito boa começando pela defesa. É um time que se assemelha bastante ao excelente time de 98 quando conquistou o trceiro lugar na sua estréia. Baseava sua força no meio e no ataque com Boban, meia do Milan e do matador Davor Suker. Nessa copa Modric e Mandzukic ocupam seus lugares.

Pletikosa é um goleiro experiente e seguro. Srna é o lateral direito e a estrela do sistema defensivo que conta com Corluka, um ótimo zagueiro de área. Srna sobe pouco ao ataque e sem um lateral esquerdo de ofício, subirá menos ainda.

O meio tem dois excelentes meias: Kranjcar e Luka Modric, campeão da Champions pelo Real Madri como titular. Prova é que o Real abriu mão do excelente Ozil por Modric. É onde o Brasil deveria ficar mais atento, pois só temos Luiz Gustavo de marcador de ofício no meio, o resto faz sombra e só. Paulinho, Oscar, Hulk e Neymar precisarão ajudar um pouco

No ataque mais bons nomes: Ivica Olic, o brasileiro naturalizado Eduardo da Silva e o goleador do Bayern de Munique, Mario Mandzukic que, ressalve-se, está fora da estréia por estar suspenso devido a expulsão na última rodada das eliminatórias.

Analisando friamente, eu destacaria como a favorita a ser o segundo time classificado do grupo. Mais para frente não deve ir pois o cruzamento deve reservar Espanha ou Holanda aos croatas e, convenhamos, são os dois últimos finalistas de Copa do Mundo e permanecem muito fortes.

No vídeo, os melhores momentos da difícil estréia de 2006.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Horários e Logística da Copa

 

Faltando 15 dias para a estréia do Brasil e abertura da Copa no Brasil, no dia 12 as 17:00 de Brasília, convém falar um pouco do porquê dos horários escolhidos para os jogos acontecerem e também da logística confusa da tabela de jogos. Teremos de tudo desde jogo as 13 horas em Natal, Salvador e Fortaleza por exemplo, até jogos as 22 horas na Arena Pernambuco em São João da Mata, na grande Recife.

E tudo isso por quê? Pelo simples fato que a Fifa não tá nem aí para a condição física e fisiológica dos atletas, nem para as dificuldades que os torcedores terão para chegada e saída dos estádios. Na verdade, a agenda foi feita pensando no fuso horário europeu, tal e qual na Copa babilônica nos EUA em 94, onde chegou-se ao absurdo de ter o jogo final começando ao meio dia em Los Angeles.

Sob a ótica da fisiologia chega a ser um crime obrigar jogos de futebol as 13 horas em cidades quentes e úmidas como as do Nordeste. A Copa das Confederações mostrou um pouco isso na disputa de 3º lugar entre Itália x Uruguai na Fonte Nova, um jogo onde teve prorrogação e pênaltis. Os dois times mal se mexiam na prorrogação. E, por uma coincidência macabra, essas duas seleções se enfrentam na primeira fase em Natal as…13 horas! Ao menos parece que os jogos em cidades quentes terão tempo técnico de 3 minutos entre os 22 e 25 minutos de cada tempo. O que apenas ameniza os efeitos do calor mas não elimina.

Sob a ótica do conforto e segurança do torcedor também nada foi pensado. Costa do Marfim x Japão se enfrentam as 22 horas de um sábado na Arena Pernambuco. Um estádio fora do Recife, onde se é necessário ao menos 1 hora de trajeto partindo da capital pernambucana até o estádio. Começando as 22 o jogo termna perto da meia noite e com trânsito, o torcedor chegará em casa por volta de 02:00 da madrugada do domingo já. Absurdo!

Outra coisa que não se levou em conta ao organizar a tabela é a dimensão continental do Brasil. Fez-se uma tabela imaginando que o Brasil fosse do tamanho de Alemanha e África do Sul por exemplo onde as seleções jamais repetiam cidades nos jogos da primeira fase, acarretando em viagens excessivamente longas e mudanças bruscas de clima. Enquanto o Nordeste terá calor intenso, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre estarão em rigoroso inverno. Nesse ponto algumas seleções foram excessivamente prejudicadas, outras deram sorte.

Entre as que deram sorte de terem jogos perto estão Argentina (Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre), México (Natal, Fortaleza e Recife), Alemanha (Salvador, Fortaleza e Recife) e a Bélgica (Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo) foi quem mais se beneficiou. No grupo dos azarados que farão viagens longas estão Croácia (São Paulo, Manaus e Recife), França (Porto Alegre, Salvador e Rio de Janeiro), Bósnia (Rio de Janeiro, Cuiabá e Salvador) e a Austrália que faz seu primeiro jogo na capital mais quente do país, Cuiabá, e depois joga na mais fria do país: Porto Alegre.

Por tudo isso prevejo uma copa de muitos gols. O desgaste físico deve dar o tom e com isso diminui-se a precisão das defesas correndo atrás dos atacantes. No fim as mazelas da tabela podem fazer uma excelente copa em número de gols mas péssima no aspecto técnico.

É esperar para ver. Falta pouco…

terça-feira, 6 de maio de 2014

Lista Final de Scolari

 

Amanhã sai a lista dos 23 convocados para a Copa do Mundo e também os 7 suplentes que ficam de sobreaviso para serem inscritos no caso de algum corte antes do jogo de estréia.

Felipão não é dado a surpresas de última hora, assim como em 2002 que ele foi com o grupo que classificou nas Eliminatórias. Assim será desta vez também, penso eu. Porém algumas lacunas ficaram em aberto e podem ter nomes que não estiveram no grupo que ganhou e barbarizou a Copa das Confederações. Lucas pode ser o sacrificado da vez.

Vamos posição a posição saber quem estará na lista e as opções para as vagas em aberto:

  • Goleiros: Júlio César é o titular indiscutível. Jefferson seu reserva imediato também estará na lista. A disputa fica para quem será o terceiro goleiro, nesse caso Victor e Diego Cavalieri disputam essa vaga, porém um goleiro jovem não estaria descartado, aí a aposta estaria em Rafael Cabral, atualmente no Napoli ou Marcelo Grohe do Grêmio.

 

  • Laterais: Na direita Daniel Alves é o titular e Maicon seu reserva direto. Na esquerda Marcelo é nome certo no time da estréia. Resta apenas a vaga de reserva na esquerda onde três nomes disputam: Filipe Luís, que fez uma temporada ótima no Atletico de Madrid; Maxwell que esteve na Copa das Confederações e Adriano do Barcelona. Dos três minha aposta vai em Filipe Luís por ter mais o perfil de Marcelo sem mexer na estrutura física do time. Adriano é quem tem menos chances.

 

  • Zagueiros: Três nomes estão certos: Thiago Silva, David Luiz e Dante. A quarta vaga tem 4 postulantes. Marquinhos do PSG tem juventude e fez uma bela temporada, mas é baixo para zagueiro. Réver esteve no grupo da Copa das Confederações, Dedé voltou a jogar muito desde que foi para o Cruzeiro. O quarto nome seria a surpresa improvável mas seria o melhor dos 4: Miranda, que tá voando pelo bom Atletico de Madrid.

 

  • Volantes: A dupla titular é Luiz Gustavo e Paulinho, Ramires também é nome certo. A quarta vaga está entre Lucas Leiva e Fernandinho. Lucas seria a opção por um volante mais defensivo, Fernandinho um volante com muita saída de jogo e peça chave no virtual campeão inglês, o Manchester City.

 

  • Meias: Oscar, Hernanes e Bernard são nomes garantidos. A quarta vaga está entre William do Chelsea que sai na frente, Lucas que perdeu espaço por que sempre que entrou foi tímido demais. A surpresa poderia ser Phillipe Coutinho do Liverpool que é candidato a craque da temporada na Premier League, mas seria surpresa demais porque além de não ter sido convocado anteriormente, é muito novo e não foi testado sob pressão.

 

  • Atacantes: Neymar, Hulk e Fred são nomes certos. Jô seria o quarto nome, porém além de estar tendo um início de ano apagado, se lesionou e pode não chegar 100%. O problema está no fato que nenhum dos postulantes está em boa fase. Damião e Pato vêm em má fase há algum tempo, Robinho pode ser o quarto nome mas traria um problema em caso de lesão de Fred, porque o time ficaria sem um homem de referência na área, pois Robinho, Neymar e Hulk são homens de lado de campo. Já se especulou sobre o nome de Alan Kardec, mas se Phillipe Coutinho seria surpresa demais, Kardec seria uma hecatombe.

 

Isto posto, chegamos a 17 nomes garantidos e seis vagas em aberto. Se eu tiver que apostar numa lista de 23, baseando pelo trabalho até agora:

Julio César, Jefferson e Diego Cavalieri; Daniel Alves, Maicon, Marcelo e Filipe Luis; Thiago Silva, David Luiz, Dante e Dedé; Luiz Gustavo, Paulinho, Ramires e Fernandinho; Oscar, Hernanes, Bernard e William; Neymar, Hulk, Fred e Jô.

Os 7 da espera: Victor, Maxwell, Marquinhos, Réver, Lucas Leiva, Lucas e Robinho.

Amanhã a dúvida se dissipa. De amanhã não passa!

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O Dilema do Aranha

 

Quando tive a idéia do post ainda não havia acontecido o acidente de Schumacher. Pensei sim na derrota do Anderson Silva novamente contra o americano Chris Weidman.

Muita baboseira tem sido dita nesse caminho como se o Spider fosse invencível nas muitas vitorias e um lixo nas derrotas. Nem tanto ao mar, nem tanto a terra.

Anderson está entre as lendas do esporte. Eu sou daqueles que prefere ver a história ser escrita pelos grandes a ter que torcer pelos piores apenas por piedade. Eu posso dizer que vi Michael Jordan, Roger Federer, Mike Tyson, Michael Schumacher, por exemplo. Todos gênios naquilo que se propuseram fazer, mas que sempre tinham uma “pedra no sapato”. Um adversário que lhes impunham dificuldades que não eram comuns.

Michael Jordan menos que os outros porque é o único da lista que praticava esporte coletivo. Mas Tyson não conseguia vencer Holyfield em hipótese nenhuma, mesmo sendo muito superior em quase tudo. Schumacher foi dominante por quase uma década na Fórmula 1 mas nos confrontos diretos em pista contra Mika Hakkinen perdia quase todos, destaque para a manobra em Monza onde Hakkinen engoliu Schumi e Ricardo Zonta na mesma manobra a duas voltas do fim.

Roger Federer detém quase todos os recordes no tênis, porém sempre teve dificuldades contra Rafael Nadal. Tudo isso se explica por um motivo: esporte nunca foi uma ciência exata, para que hajam vencedores é preciso que hajam perdedores. E estilos precisam encaixar. É o caso de Anderson contra Weidman. O estilo do americano anula o jogo de um trocador como o brasileiro. Um striker precisa da distância e Weidman, com sua base na luta olímpica, não concede essa distância. Tal e qual Cain Velazquez fez (e faz sempre) contra Cigano, Weidman prende o adversário na grade ou no solo. A cena que melhor ilustra isso é no momento do ataque feroz do americano em cima do brasileiro. Ele conseguia fazer postura mesmo dentro da guarda do Anderson, como se estivesse montado.

Na primeira luta houve uma grita geral pelo excesso de firulas do Spider que culminaram na derrota que abalou o mundo e construíram uma derrota vexatória. Mas as firulas foram apenas parte do processo. Anderson foi superado desde o começo da primeira luta. Perdeu claramente o primeiro assalto e teve um momento de brilhareco quando começou com as provocações faltando 30 segundos para o round acabar. Veio o intervalo e mais afrontas para cima do americano que permaneceu sério e derrubou o mito.

Veio a luta do último sábado e de novo renasceu o “amor” da torcida por Anderson, todo mundo dando como fava contada a vitória do brasileiro como se Weidman não tivesse mérito por ser o detentor do cinturão. Mas de novo o jogo do americano anulou Anderson. Independente da fratura, o Spider perdeu. Dignamente dessa vez, mas perdeu. No primeiro assalto o brasileiro foi amassado pelo campeão. Cheguei a achar que Herb Dean ia paralisar depois de um ground and pound avassalador de Weidman. Mas a luta seguiu e Anderson não conseguia mover uma peça sequer. enquanto ele buscava alternativas choveram cotoveladas de Weidman e todas com endereço certo. Aliás cabe aqui um registro: Nunca vi um Anderson como nessa luta. O semblante sério desde a pesagem sábado até a luta. Ele não tentou envolver Weidman em jogo psicológico como de costume, não. Era um Anderson sério, até demais! Veio o segundo round e aquela cena horrorosa da perna do brasileiro virando um L, culminando com urros de dor assombrosos.

Conversando com meu sobrinho ele me fez uma pergunta, se o que doía mais para o Anderson: a dor física da fratura ou a dor de um atleta que amava ser o dono do cinturão e viu, talvez, sua última chance de recuperar o cinturão escorrer por entre os dedos? Acho que ambas. Anderson não é mais um menino, aos 38 anos, vai precisar de um ano quase para retornar porque não basta apenas curar a perna, há que se readquirir massa muscular, recuperar o ritmo e teria de fazer pelo menos 2 lutas em bom nível antes de voltar a ter um title shot.

Agora é o momento em que o homem toma lugar acima do atleta. Só a cabeça do Anderson saberá o melhor para sua vida. Se voltar seria muito bem vindo,  do contrário o que ele fez já valeu demais.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

O Outro Lado da Copa

 

No meio dessa celeuma criada por Roy Hodgson, treinador da Inglaterra que disse que não gostaria de jogar em Manaus, o que foi prontamente respondido pelo prefeito Manauara, Arthur Virgilio Neto, dizendo que Manaus também não se interessa pela Inglaterra cabe aqui abordar o lado extra-campo do Mundial.

Por ser um evento internacional, a Copa não se restringe apenas as cidades-sedes. Outras cidades se beneficiarão com o turismo que o evento traz. Serão dezenas de milhares de turistas desembarcando no Brasil. Porém, há um outro lado nisso tudo: algumas seleções tem históricos de torcedores arruaceiros que as cidades preferem evitar. E nessa copa, os piores deles estão classificados para o Mundial. Ingleses, Holandeses, Alemães e Russos. E para piorar o quadro, a Fifa não permite Lei Seca. Ao contrário, tem patrocínios de cervejarias e as vende dentro dos estádio diferentemente do que reza o Estatuto do Torcedor.

Algumas seleções já definiram suas sedes. O México ficará hospedado em Santos, os suiços escolheram o Guarujá como sede, a Seleção volta a Granja Comary em Teresópolis e a Argentina em Vespasiano, na Cidade do Galo em MG. Essas escolhas podem mudar dependendo do que disser o sorteio de amanhã. Por exemplo, se ficar no Grupo G, a Suiça jogaria em Salvador, Fortaleza e Recife, o que tornaria a estadia no Guarujá impossível.

O Estado de São Paulo tem tudo para receber a maior parte das seleções que disputarão a Copa de 2014 por causa da boa infraestrutura e da quantidade de Centros de Treinamento de Seleções (os CTS) que foram incluídos no catálogo da Fifa. A maior disputa, no entanto, é para garantir a presença das equipes mais famosas, como Espanha, Alemanha e Holanda, que são consideradas favoritas no torneio e atraem muita atenção por onde passam. E, quando se fala nas grandes seleções, aí a disputa fica mais acirrada, mas concentrada nas regiões Sul e Sudeste.

Alguns setores da economia tendem a aproveitar melhor o fluxo de turistas. Restaurantes, Artesanato, Hospedarias estão entre as que mais lucrarão. Não deve haver impacto muito grande para serviços, como telecom por exemplo. Cidades com praias também devem ter a preferência dos turistas. O que pode implicar em um paradóxo: as seleções européias preferem evitar o Nordeste por conta do calor e da umidade. Os torcedores rezam para suas seleções se estabelecerem no nordeste por conta das belezas naturais.

Por conta de obras que ficaram apenas no papel e não vão sair, a população pode ser prejudicada. Na questão da mobilidade urbana e na área da saúde por exemplo, os impactos podem ser gritantes. Recife por exemplo é uma sede que tem sérias dificuldades com o Metrô e tem trânsito caótico e o estádio fica há quase 70km fora dos limites da cidade, em São Lourenço da Mata. Na Copa das Confederações os problemas já foram sentidos. Espanhóis e Uruguaios reclamaram demais das condições oferecidas para treinos e a dificuldade de locomoção com estradas de terra em um estado onde chove pelo menos uma vez no dia na época do Mundial.

Todos esses fatores formam um quebra cabeças difícil de elucidar. Abaixo colocarei as cidades que algumas das seleções estudam ficar.

  • Espanha: Visitou o CT do Caju em Curitiba, o CT de Cotia do São Paulo e Sete Lagoas em Minas Gerais
  • Alemanha: Visitou o CT do Corinthians e Sete Lagoas
  • Itália: Quase certo em Mangaratiba no RJ
  • Inglaterra: Quer o Rio de Janeiro. O problema reside na falta de boas condiçoes de treino.
  • Equador: Visitou Porto Alegre e Caxias.
  • Holanda: Em negociações com o Flamengo.
  • EUA: Quase certo no CT da Barra Funda.
  • Japão: Negocia com Itú.
  • Irã: Negocia com Goiânia. Mas pode acabar em SP, talvez Riberão Preto.
  • Bélgica: Certa com Mogi das Cruzes.
  • Bósnia: Visitou Porto Seguro.
  • Chile: Deve ficar no Sul. Visitou Curitiba, Londrina e o CT da Ulbra em Canoas.
  • Colômbia: Entre Atibaia e Águas de Lindóia.
  • Costa Rica: Visitou e gostou de Caxias.
  • Austrália: Visitou Santos, Vitória e Goiânia. Santos deve ter os Mexicanos.
  • Coréia do Sul: Prefere o interior de SP. Negocia com Campinas e Ribeirão Preto.
  • Rússia: Quase certa com Bento Gonçalves na Serra Gaúcha.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Entendendo o Sorteio de 2014

A Copa do Mundo de 2014 começa oficialmente nessa sexta feira na Costa do Sauípe com o sorteio das chaves que formarão os 8 grupos de quatro seleções cada.

O sorteio tem peculiaridades pré-estabelecidas e por isso ele será meio dirigido. Vou tentar explicar como funcionará. Segundo as regras times de um mesmo continente não podem estar na mesma chave, com exceção dos europeus com o máximo de 2 em cada grupo, isso porque são 13 europeus classificados. Nos outros continentes apenas 1 por chave. Depois de cada bolinha sorteada, sorteia-se a posição no grupo que ela ocupará. Usando o Brasil como exemplo: O time que sair de A2 joga na estréia da Copa com o Brasil, A3 o segundo jogo e A4 fecha a primeira fase.

As 32 seleções serão divididas em 4 potes para o sorteio. No Pote 1 ficam os cabeças de chave, que foram definidos com os 7 melhores do ranking de outubro, são eles: Argentina, Uruguai, Colômbia, Espanha, Alemanha, Bélgica e Suiça e mais o Brasil, que já se sabe ficará no grupo A abrindo a copa em São Paulo dia 12 de junho. Esse critério tornou o sorteio cheio de perigos, pois Itália, França, Inglaterra e Holanda estão entre os "mortais".


No segundo pote os europeus que restaram: Portugal, Itália, Inglaterra, França, Holanda, Croácia, Bósnia, Rússia e Grécia. Os 8 primeiros sorteados desse pote vão sendo postos em ordem de sorteio nos grupos sem surpresas. O primeiro no grupo do Brasil, segundo no B e por aí vai. O nono time será re-sorteado para um grupo onde não tenha dois europeus, ou seja, ele obrigatoriamente vai para o grupo de Brasil, Argentina, Uruguai ou Colômbia. A Fifa divulgou inclusive que deverá ser o primeiro sorteado de todos, mas eu duvido disso ainda, tiraria a graça da surpresa. Quem ficar com esse europeu não terá sorteados do terceiro pote.


O terceiro pote terá os 2 sulamericanos que sobraram: Chile e Equador e mais os 5 africanos: Costa do Marfim, Argélia, Camarões, Nigéria e Gana. De novo, será dirigido. Os sulamericanos vão para um grupo onde tenha europeus de cabeça de chave. e os africanos completam os grupos até termos 3 em cada.


Por fim o último pote tem os países do Caribe e América do Norte: EUA, Honduras, Costa Rica e México e os asiáticos Japão, Coréia do Sul, Austrália e Irã. Aí sem surpresas, o primeiro sorteado no grupo A, até o oitavo no H.


Olhando vê-se claramente a possibilidade de "Grupos da Morte" principalmente para Argentina, Uruguai e Brasil. que podem ter dois europeus em suas chaves. Poderemos ter um grupo com Brasil, Itália, Holanda e México por exemplo. Mas também poderia ser Brasil, Bósnia, Argélia e Irã. Convém ficar de olho no Grupo B que é o grupo que cruza com o nosso na segunda fase. 


Enfim, coisas que só as bolinhas nos dirão no dia 6 a partir de 1 da tarde. É esperar pra ver...

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Todos a bordo!

 

Passados quase 3 anos de eliminatórias e repescagens, finalmente se desenharam os 32 países que virão ao Brasil em 2014.

Acho que talvez seja a primeira Copa sem candidatos a saco de pancadas. Nenhuma grande surpresa na lista. Mesmo a estreante Bósnia-Herzegovina tem jogadores em times do primeiro escalão, como o centroavante Edin Dzeko que joga pelo Manchester City da Inglaterra.

Da América do Sul vêm Argentina, Uruguai, Colômbia, Chile e Equador. Destaque para o retorno da Colômbia fora desde 94 e para o fim da sequência do Paraguai, presente nas últimas 4 edições.

Da Concacaf os classificados foram Estados Unidos, México, Costa Rica e Honduras. Sem surpresas.

Da África virão Nigéria, Costa do Marfim, Camarões, Gana e Argélia, de volta após 3 copas ausente.

Na Ásia os classificados foram Japão, Coréia do Sul, Austrália e, a maior surpresa entre os 32, o Irã.

Pela Europa virão os campeões mundiais Espanha, França, Inglaterra, Alemanha e Itália; somam-se a eles Rússia, Bósnia, Suiça, Holanda, Grécia, Portugal, Croácia e Bélgica.

Ao que parece teremos a hipótese de grupos da morte, pois a Fifa parece inclinada a confirmar os cabeças de chaves pelo ranking Fifa e mais o Brasil por ser sede. Sendo assim os cabeças seriam a seleção brasileira, Espanha, Alemanha, Argentina, Colômbia, Bélgica, Uruguai e Suiça. Deixando assim de fora Inglaterra, Holanda, França, Portugal e Itália. E o como o sorteio é dirigido, por exemplo num mesmo grupo não podem ter mais de 2 europeus e apenas 1 de cada outra confederação, evitando que Brasil pegue Colômbia ou Chile por exemplo.

Em um próximo post publico com mais detalhes as regras do sorteio e suas possibilidades.

domingo, 9 de junho de 2013

Os Rumos da Seleção

 

Passados os amistosos e o fim do tabú sem vitória chega a hora da seleção encarar seu primeiro desafio real com Felipão que é a Copa das Confederações

Depois do fiasco de 2010, a seleção passou por uma reformulação necessária sob o comando de Mano Menezes que em dois anos lutou demais para achar uma formação e um esquema.  O Brasil por ser sede não disputou as eliminatórias e isso faz falta em um time em formação. A eliminatória daria ritmo de competição ao time, amistosos pouco servem nesse aspecto. Quando parecia encaixar o time em um 4-6-0 interessante, com dois volantes, Neymar e Hulk pelos lados e Kaká e Oscar na armação se revezavam como referência, Mano caiu. E veio Felipão.

Felipão tem bagagem e tem um título mundial no curriculum em situação idêntica. Pegou um time destruído, sem base nenhuma e fez um esquema que funcionou bem demais. Ele armou com dois zagueiros fixos de área (Roque Junior e Lúcio), um volante híbrido de zagueiro (Edmilson), dois laterais que só sabiam atacar (Cafú e Roberto Carlos), dois volantes que tinham poder de marcação e saída (Gilberto Silva e Kleberson), dois homens na armação (Ronaldinho e Rivaldo) e uma referência no ataque (Ronaldo). Com a bola era um 4-2-4, sem a bola um 5-3-2. Isso era necessário pois os laterais subiam e demoravam a voltar, mas funcionou bem demais.

O time que se desenha agora tende a ser estruturalmente assim, mais ou menos como o time do segundo tempo hoje. Como em 2002 temos dois laterais que jogam melhor na frente do que atrás. Daniel Alves e Marcelo são excelentes no ataque mas deixam espaços. No miolo de zaga dois zagueiros fixos. Thiago Silva é titular e capitão. A outra vaga fica entre David Luiz e Dante, por um motivo simples: David Luiz pode ser o híbrido de volante e zagueiro, vaga que tem como postulantes Fernando e Luiz Gustavo. Ralf também pode ser esse homem. E de todos parece o mais preparado.

No meio a estrutura deve ser com dois volantes que sabem sair para o jogo, como Hernanes e Paulinho. Ramires também disputa uma dessas duas vagas. Na armação mais dois. Neymar é intocável, a outra vaga fica entre Oscar, Hulk e Lucas. Mais a longo prazo Ronaldinho e Kaká também postulam a essa vaga na armação. Ronaldinho mais, Kaká menos.

No ataque a referência atual é Fred que parece absoluto nessa função. Na sua reserva é que está a indefinição. Damião, Pato, Jô e (porque não?!) Robinho. Dos quatro a melhor fase é de Jô, a pior é de Pato e Damião.

Se tivesse que apostar em um time titular para a Copa do Mundo, pensando com a cabeça do Felipão, apostaria em Julio Cesar; Daniel, Thiago Silva, Dante e Marcelo; David Luiz; Hernanes, Paulinho, Neymar e Oscar (Hulk); Fred.

Olhando friamente é muito bom time, equilibrado na defesa e com poder de punch no ataque. Resta esperar para ver. Mas dá para acreditar sim. A fase ruim trouxe desconfianças à torcida e um pessimismo exagerado até. A Alemanha passou pelo mesmo drama em 2006, antes da sua copa em casa e os meninos funcionaram bem demais sob o comando de um vibrante Klinsmman. Por isso acho que até 2014 tudo se encaixa.

Enfim Ela Veio!

 

Depois de 3 anos e meio sem vitórias sobre grandes seleções, dois técnicos, quase 90 jogadores testados enfim ela veio contra um dos nossos maiores algozes: A França. E foi uma senhora vitória! Um sonoro 3x0.

É bem verdade que ela poderia ter vindo antes. No amistoso contra a Itália tivemos 2x0 de vantagem e tomamos o empate no segundo tempo e contra a Inglaterra na reabertura do Maracanã domingo passado quando terminamos o primeiro tempo com 17 finalizações contra 2 dos ingleses.

No jogo de hoje enfrentamos uma França que jogou um primeiro tempo bem solta e envolvendo fácil a marcação brasileira principalmente pelo lado direito da defesa do Brasil. O meio-campo do Brasil tinha dificuldades na criação com Paulinho muito preso atrás e Neymar e Oscar muito escondidos do jogo. Do setor de ataque apenas Hulk jogava bem, o que, diga-se, não é novidade nenhuma. Mesmo assim conseguimos equilibrar o jogo e ainda tivemos algumas chances de gol. No fim um 0x0 justo.

Veio o segundo tempo e Felipão voltou com o mesmo time. Mas bem mais solto. Uma bola recuperada no meio campo (com falta) dá origem à jogada do primeiro gol. Passe para Fred que domina e acha Oscar na área livre, que com frieza absurda dominou e tocou mansa no canto de Lloris. Brasil 1x0.

Com o gol, Scolari decidiu mexer no time. Sacou Hulk e Oscar para as entradas de Fernando e Lucas. Naquele momento o Brasil tinha a cara do Brasil de 2002, com 3 volantes sendo um deles híbrido servindo como zagueiro sem a bola, dois homens abertos pelos lados e uma referência. O time melhorou e passou a exercer domínio maior.

Mais uma alteração veio entrando Hernanes e saindo Luiz Gustavo. Essa determinou o destino do jogo. Hernanes jogou demais. E foi dele o segundo gol nascido em um contra-ataque com cara de Brasil: Paulinho carregou da defesa até a intermediária, abriu para Lucas que cruzou para Neymar ajeitar com um toque para a finalização cruzada de Hernanes. 2x0. Enfim o tabú acabava.

Depois entraram Jô e Bernard nos lugares de Fred e Neymar respectivamente. Bernard teve uma chance clara no contra-ataque e perdeu gol feito. A última alteração mudou táticamente o time com Dante no lugar de Paulinho, passando David Luiz para volante. No último lance do jogo Marcelo arrancou pela esquerda, entrou na área e foi calçado pelo zagueiro. Penalti que Lucas cobrou com perfeição para decretar um sonoro 3x0 que lavou a alma da torcida.

domingo, 21 de outubro de 2012

O Preço de Um Sonho

 

Tenho 35 anos de vida e quem me conheceu por um dia nessa vida sabe que sou fanático por futebol. Gosto desde que me entendo por gente. Acompanho cada Copa jogo a jogo desde 1986, aos 9 anos de idade. Acho lindo a festa que só o futebol é capaz de promover a cada 4 anos. O mundo vive em função disso no mês que ela ocorre. Eu não seria diferente!

 

E desde que eu soube que teríamos uma copa no Brasil em 2014 sonho com ela. Mas sonhar por sonhar é muito vago. Sonho em percorrer o país atrás da copa nos 31 dias que ela vai acontecer. Indo a um jogo por dia, conhecendo todos os estádios, descobrindo culturas diferentes do Brasil e dos turistas que farão parte da festa.



Para tornar esse sonho realidade decidi fazer um estudo minucioso de gastos gerais com ingressos, passagens aéreas, hospedagens, alimentação e transportes variados em cada cidade. O resultado disso seriam 25 jogos in loco da abertura no Itaquerão até a grande final no Maracanã, passando pelas 12 sedes, vendo a seleção em todos os jogos considerando a tabela da primeira fase e o cruzamento como primeira do Grupo A, assistindo 21 das 32 seleções no mínimo, e descansando em casa nos dias sem jogos. A maratona apontou para quase 61 mil quilômetros percorridos e um valor total de R$ 17.000,00. Claro que isso considerando custo médio de ingressos a 150 reais cada, 80 reais de transporte diário (ônibus, metrô e táxi) e 40 reais de alimentação dia.

 

Claro que a primeira vista parece um valor absurdo para futebol, mas se considerarmos que uma Copa aqui acontece a cada 60 anos, acho que o valor nem é tão exorbitante assim. O que mais dificulta o processo é que a tabela da Fifa não prevê não leva muito em conta o critério geográfico e isso alarga as distâncias. Por exemplo no dia 13 tem jogos em Fortaleza, Manaus e Recife. No dia 14 os jogos serão em Porto Alegre, Rio e Brasília. A menor distância seria de quase 2400 km, quase 3 horas e meia de vôo. A entidade e o comitê organizador local tratam essa copa como as 3 últimas onde as seleções eram itinerantes, porém nos casos anteriores (Japão e Coréia, Alemanha e África do Sul) as distâncias eram curtas por serem países de dimensões territoriais infinitamente menores que as brasileiras, quase continentais.

 

Ainda assim foi possível traçar um roteiro bom de digerir com poucas discrepâncias geográficas. Claro que é só um sonho ainda, mas sonhar nunca foi proibido e tentarei torná-lo realidade. Quem quiser se juntar a mim nesse projeto maluco, será bem-vindo. Alguém aí topa? =o)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Vergonha Histórica

 

Ontem foi um dia para se esquecer na história da seleção brasileira. Não pela eliminação em si, porque o Paraguai é uma boa seleção, mas pela forma com que ela aconteceu.

Esqueçamos por breves momentos da disputa de pênaltis. Vamos olhar para a campanha nos 4 jogos realizados em solo argentino.

Na estréia um melancólico 0x0 contra a Venezuela. Um time que antes era sparring para goleadas agora ostenta um tabu contra nós, com 3 jogos sem perder. E não foi um empate cheio de alternativas, de boas chances paradas pelo goleiro venezuelano. Não. Foi um 0x0 típico mesmo.

No segundo jogo, outro empate. Agora contra o Paraguai. Fizemos 1x0 com Jadson, tomamos uma virada no segundo tempo e empatamos no fim com um gol esquisito de Fred.

O terceiro jogo foi contra o Equador. Um primeiro tempo triste com um gol para cada lado. Pato para o Brasil, Caicedo pelo Equador. Na volta uma luz. 45 minutos de bom futebol e mais 3 gols com Pato de novo e duas vezes Neymar. Caicedo ainda fez mais um selando o 4x2. Brasil em primeiro lugar. Aos trancos e barrancos, mas primeiro.

O jogo de ontem do ponto de vista de volume de jogo nem foi dos piores. O Brasil foi amplamente superior a um Paraguai acuado. Mas o Brasil de Mano não tem uma filosofia de jogo definida. Era um bando de búfalos alucinados contra índios acuados que não tentaram uma flechada sequer. O scout mostra quase 70 desarmes guaranis contra 22 brasileiros. O que dá uma idéia do que foi o jogo.

Mesmo assim alguns aspectos chamam negativamente a atenção como por exemplo no fim do segundo tempo do tempo normal e no fim de cada tempo da prorrogação. Nos três casos o Brasil tocava bola passivamente esperando o tempo passar. Elano, desde sua entrada, parecia ter incorporado o Zinho de 94, a “enceradeira”. Pegava a bola, girava o corpo e tocava atrás. E, convenhamos, com a superioridade tamanha, se permitir ir a prorrogação e depois aceitar a idéia de pênaltis é triste demais.

A eliminação na disputa por pênaltis nada representaria não fosse pela forma como foi. Em 4 quatros cobranças foram 3 para fora, sendo que em duas parecia tiro de meta com Elano e André Santos. Não me lembro em 34 anos de vida ter visto um time chutar 3 de 4 pênaltis fora. Uma eliminação vexatória.

Pior é constatar que era a única competição oficial até 2013, já que não teremos eliminatórias.

Não temos um time titular formado, não podemos reclamar de ter ido com reservas, porque fomos sem Kaká apenas e pelo momento de carreira ele não deveria estar mesmo e sem uma idéia concreta de plano de jogo. Mano faz alterações de seis por meia dúzia. E pareceu perdido na Argentina. O caso Jadson é assustador. Ele foi escalado contra o Paraguai na primeira fase, porque “contra o Paraguai nós precisavamos de um outro homem na armação junto com o Ganso”. Ele entrou, fez um gol, tomou um amarelo e pronto. Não voltou do intervalo, não entrou em mais nenhum jogo. Nem ontem contra o mesmo adversário, que supostamente exigia mais um homem na armação.

No fim ele sacou Ganso para por Lucas, ao invés de sacar um dos volantes que estavam ali de enfeite dado que o adversário não queria nada com o jogo.

Um atuação triste, um time sem padrão, um técnico sem convicções, um Brasil envergonhado.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O Jogo Mais Eletrizante de 2011

 

Ontem foi dia de jogo isolado no Brasileiro 2011.

Corinthians e Internacional jogaram no Pacaembú um jogo antecipado da 11ª rodada. O Corinthians além de jogar em casa era o líder do campeonato. O colorado um desafiante em franca ascensão após um início titubeante sob o comando de Paulo Roberto Falcão.

Sobravam ingredientes para um jogaço. E assim foi. Um jogo de dois times que se doaram por 96 minutos de bola rolando. Rivalidade acirrada, árbitro conivente com jogadas mais ríspidas, dois times jogando verticalmente em busca da vitória.

No primeiro tempo os dois times partiram para o ataque mas com o Corinthians com mais posse de bola e boa movimentação do trio de ataque. O Inter cadenciava mais com os dois meias e a objetividade de Leandro Damião no ataque. Damião, foi o dono da jogada mais perigosa do primeiro tempo ao receber de Oscar, driblar Julio César e cruzar para Zé Roberto marcar, não fosse a intervenção salvadora de Fábio Santos.

De resto muita entrega no meio com atuações soberbas dos volantes. Ralf e Paulinho esbanjavam segurança na meia corinthiana, enquanto Guiñazu fazia o que ele mais sabe: esbanjava raça e dedicação. Os únicos a destoar eram os zagueiros Juan e Bolívar e o argentino D’ Alessandro.

Juan e Bolívar bateram o quanto quiseram com a conivência do árbitro. Bolívar chegou para rachar em Liedson no comecinho do jogo. Juan deu uma cotovelada em Sheik e uma falta desclassificante em Jorge Henrique. D´Alessandro é o tipo de jogador que não deveria jogar em clube nenhum. O argentino adora uma confusão. E não é de hoje. Além de querer apitar sempre o jogo. Um mala!

Em que pese o 0x0 ao intervalo, o jogo tinha sido brigado e com cara de decisão. O segundo tempo prometia mais emoções.

Na volta do intervalo os times decidiram jogar em busca do gol. O Corinthians partia alucinadamente ao ataque com Jorge Henrique e William, mas esbarrava numa atuação pouco inspirada de Liedson. Alex ao 3 quase inaugurou o placar numa falta venenosa que Muriel operou um milagre. O Inter respondeu com duas chances claras: uma de Bolatti e outra com Damião.

Tite tirou Liedson e pôs o ótimo Emerson Sheik em seu lugar. O jogo voltou para a mão do Corinthians mas o gol teimava em não sair. Num erro grosseiro de Nei, Sheik roubou uma bola e arrancou para o ataque ao lado de William pelo meio e Jorge Henrique pela esquerda contra dois marcadores vermelhos. A virada de jogo para Jorge Henrique, que devolveu para Emerson ir no fundo e cruzar rasteiro para o meio da área. William furou.

A partir daí o Pacaembú virou um caldeirão fervente. O Corinthians atrás da vitória e o Inter tentando amainar o ritmo, até que aos 31 veio o gol. Pela esquerda arrancada de Jorge Henrique, ele cruzou para o meio da área. Sheik fez o corta-luz e a bola sobrou para Paulinho, ele abriu para William que pegou de primeira, rasteiro, inapelável para Muriel. 1x0. E o que era bom ficou ainda melhor, quando o Inter teve que se lançar ao ataque desesperadamente.

E nos minutos restantes o que se viu foi um jogo com cara de final de campeonato, até o apito final do árbitro. Um jogaço! Que valeu cada centavo investido pelos 35 mil corinthianos que superlotaram o Pacaembú numa noite de quinta feira.

Com o resultado, o Corinthians abriu 6 pontos do vice-líder Flamengo. Chegou a 8 vitórias em 9 jogos, manteve a invencibilidade e acendeu de vez a esperança da Fiel Torcida no pentacampeonato. Se a fogueira das vaidades não se manifestar no Parque São Jorge, elenco tem de sobra para ser campeão. Basta que Tite consiga domar as feras insatisfeitas.

Ao Inter, o futuro parece radioso. Se a atuação de ontem não for fogo de palha, é candidatíssimo a entrar entre os 4 da Libertadores.

Falcão parece ter arrumado um jeito de jogar e agora é tentar manter o ritmo para subir mais na tabela.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Érika, o Golaço e as Americanas

 

Mais uma vez vamos falar de futebol feminino.

O Brasil passou pela frágil mas disposta seleção de Guiné Equatorial ontem por 3x0. O placar mostra que teria sido fácil, certo? Errado! O Brasil fez uma das suas piores partidas na história e transformou o que poderia ser uma goleada histórica num jogo xoxo e sem brilho. Até os 3 minutos.

Aos 3 do segundo tempo, bola lançada para Cristiane na lateral esquerda, ela arranca, passa pela marcadora e vai no fundo. Um cruzamento fechado no primeiro pau, o corte da zagueira africana e a bola sobrou no peito de Érika. Ela dominou com calma e categoria, na chegada da zagueira aplicou um chapelaço de direita e sem que a bola caísse, emendou um foguete de sem-pulo, de canhota, desenhando uma obra de arte digna dos maiores craques da bola.

Érika é uma das trabalhadoras desse time que faz o “serviço sujo” para que Marta, Rosana e Cristiane possam brilhar. As vezes volante, as vezes zagueira, as vezes meia. Érika se encaixa na definição de coringa que todo grande time precisa.

O golaço de ontem, não só foi lindo como foi o gol que abriu a porteira para os outros dois. E fez do Brasil primeiro colocado do seu grupo com 100% de aproveitamento, 7 gols a favor, nenhum sofrido. Cristiane, Marta e Rosana com dois gols cada dividem a artilharia do time.

Agora chegou a hora da onça beber água. Domingo o jogo é contra as americanas pelas quartas de final do torneio. Mais uma vez contra as americanas. Nos últimos 4 duelos decisivos, 2 vitórias para cada lado. As americanas ganharam a Olímpiada de 2004 e de 2008, ambas pela contagem mínima. As brasileiras levaram o Pan 2007 por 5x0 e nas semis do Mundial da China em 2009 por 4x0 com um show inesquecível de Marta.

Domingo mais um capítulo dessa rivalidade se escreve. Tomara que dê Brasil mais uma vez e finalmente essa conquista que cada dia tá mais madura, venha.

Abaixo o gol de Érika ontem na voz de Roby Porto e o de Marta na China na voz de Luciano do Valle.

 

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Domingo de Marta

 

Diferentemente da grande maioria da população brasileira, eu gosto do futebol feminino. Acho que o jogo é mais aberto sem muitos esquemas táticos e isso dá mais jogo. Mesmo ainda sendo prosaico em certos aspectos do jogo como na falta de boas goleiras, onde só três êm potencial: a americana Hope Solo, a alemã Nadine Angerer e a brasileira Andréia. As demais são de baixo nível técnico e em geral de baixa estatura também.

Desde quando ela era só uma idéia do Luciano do Valle comandada pelo Zé Duarte. Aí veio a era profissional e as conquistas. Renê Simões com a prata em Atenas, Jorge Barcellos comandou o time no ouro do Pan de 2007, na prata olímpica de 2008 e no mundial da China. Agora o time está nas mãos de Kleiton Lima, multi campeão pelas Sereias da Vila e competentíssimo.

A seleção brasileira feminina me encanta, porque joga um futebol rápido, de toque de bola, muita habilidade. Destacam-se as laterais Maurine e Rosana, a meia Érika, a atacante Cristiane. E sobretudo porque tem Marta. Marta é o Pelé do futebol feminino. Sem exageros. Ela sobra na turma.

Conversando com um amigo, acho que ele tem uma definição que é a mais sensata. Disse ele: “Marta joga como um bom jogador do masculino, as outras jogam como mulheres.” Sem machismos, é a verdade.

Marta joga um futebol digno de um bom camisa 10. Tem força na arrancada, drible curto, visão de jogo, boa finalização, velocidade em linha reta e facilidade de mudar de direção. Os gols na vitória por 3x0 sobre a boa seleção da Noruega no Mundial da Alemanha, mostram um pouco disso tudo.

O primeiro numa arrancada de mano contra uma zagueira, duas pedaladas, um corte na segunda zagueira e um chute improvavel no canto que ela estava quando o mais fácil era bater cruzado. No segundo gol brasileiro, uma arrancada deixando 3 marcadoras para trás e a rolada consciente para Rosana aumentar. No terceiro, Cristiane rouba uma bola e bate em cima da goleira, a Rainha pegou a sobra, cortou para a direita e, de novo o improvável,  bateu de esquerda no contra-pé da goleira nórdica.

Um show de Marta! Mais um como tantos outros.

Já que a seleção de Mano tropeça e não encanta, cabe ao time de Kleiton Lima, capitaneado pela Rainha, fazê-lo.

Obrigado Marta!