sexta-feira, 25 de julho de 2014

O Futebol, A Milionária e os Submissos

O declínio do futebol brasileiro não se baseia apenas na seleção brasileira. Passa por problemas estruturais desde as categorias de base onde não se formam mais jogadores como antes. De lá não saem mais meias de criação, centroavantes e jogadores criativos, apenas saem jogadores atleticamente invejáveis que correm o campo todo. Mas o que mais impressiona no futebol pentacampeão é a pendura que os clubes se encontram mesmo fazendo vendas de atletas por quantias vultuosas, do dinheiro de bilheteria e das ações de marketing que os clubes passaram a fazer de 5 anos para cá. E, sobretudo, das cotas de transmissão.

Muricy Ramalho certa vez disse que se um dia o Flamengo se organizasse não teria mais espaço pra nenhum clube no mercado. Mas porque isso não acontece? Por um motivo simples: os dirigentes em geral não estão nem aí para o bem do clube. Em um mundo sujo como o futebol, todos querem tirar o seu e isso basta.

Hoje todos os clubes da divisão principal estão afundados em dívidas, sobretudo com o INSS. Voltemos ao Flamengo, dados recentes apontam para mais de 300 milhões de reais em dívidas e ainda assim a eleição para presidente semore tem no mínimo 3 candidatos. Pergunto a você que me lê se teria interesse em presidir uma empresa quebrada. Certamente não. A menos que o interesse seja outro, como parece ser o caso. O Botafogo ameaça deixar o Brasileiro por ter suas receitas bloqueadas em virtude de dívidas milionárias também.

Outro caso que assombra é a questão dos direitos de televisão. Hoje apenas a Rede Globo detém esse direito e repassa uma parte a TV Bandeirantes. A questão nesse caso tá longe do valor pago que é muito bom para os clubes. O problema está na consequência disso. Os clubes são obrigados a jogar em horários determinados pela pagadora sem sequer ser levado em conta o torcedor que vai ao estádio. Esta semana tivemos o primeiro jogo no Itaquerão as 22 horas. Para você que não conhece São Paulo, Itaquera fica extremamente afastado do centro, por conta disso o torcedor precisa usar metrô e trem para chegar e sair, só que o horário do último metrô é as 0:09, depois disso só as 6 da manhã. Levando-se em conta que do estádio são uns 10 minutos a pé e o jogo que termina quase meia-noite acaba que o torcedor tem que deixar o estádio antes do fim do jogo, como aconteceu na quarta-feira, qdo os últimos 10 minutos o público tinha reduzido consideravelmente. E a conta, claro, não leva em conta as baldeações necessárias para o torcedor chegar em casa já que a estação Corinthians-Itaquera fica na linha vermelha. Se o torcedor morar na Consolação, por exemplo, são necessárias duas baldeações: Uma na Sé para entrar na linha Azul e depois outra no Paraíso para entrar na linha Verde. Alguém pensa nisso? Não. Dando audiência já basta. No. Rio de Janeiro em dias de jogos no Engenhão é o mesmo caso. E como evoluir se não respeita-se quem sustenta tudo isso? Impossível!

O campeonato inglês poderia ser usado como exemplo. Os clubes cansados da tirania da FA criaram uma liga que tornou-se milionária. A FA ficou apenas com a seleção e a Copa da Inglaterra. A base do acordo dos clubes na liga criada era que o poder era dos clubes. Quem quiser comorar os direitos de transmissão, vai ter que respeitar os horários da tabela. Nada de mudanças de horários em virtude da transmissora assim desejar, que é o certo. A casa é minha? As regras também! Menos no Brasil que baseado na sua desorganização vendeu a alma para a televisão e todos clubes se tornaram submissos.

E mesmo com tudo isso os clubes brasileiros seguem de pires na mão, quebrados. Vale a pena abrir mão do conforto dos seus seguidores para ficar na mesma pindaíba? Com a palavra os clubes...

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